A venda de grupos de comunicação social a capitais angolanos,
os despedimentos anunciados no PÚBLICO e na Lusa, e o futuro incerto da RTP, a
par da crise generalizada ao nível de vendas das edições em papel e publicidade,
dão azo a preocupações quanto à liberdade de imprensa e seus reflexos na
qualidade da democracia, porquanto uma sociedade pior informada mais permeável
fica a manipulação e redução de pontos de vista, comentário crítico, pluralismo
e janela para a sociedade, reduzindo-se muitas vezes ao lobbying de negócios, pequenas vinganças ou ilegítimas formas de
pressão política.
Ao nível local, em Sintra, é conhecida a anemia que ataca os já
poucos órgãos de comunicação social existentes, com edições em papel cada vez
mais reduzidas, alguns títulos saindo em papel já só esporadicamente, e outros virados
sobremaneira para a publicidade, aqui e ali entrecortada com notícias
requentadas, produto de alguns press
release que páginas da net já divulgaram antes de chegar às
bancas, e sem cobertura adequada dos eventos por falta de colaboradores.
O fim anunciado de certas plataformas não pode traduzir-se em menos oferta de um jornalismo de investigação ou de opinião, não obstante as redes sociais, os blogues ou as páginas de internet exponenciaram a oferta e chegarem a mais públicos. Falta contudo um escrutínio ao nível deontológico dessas novas realidades, um código de conduta e regras de transparência, respeito pelas fontes e pela ideia de liberdade com responsabilidade, expurgando o comentário acintoso, a pequena política travestida de informação ou a pressão pela desinformação ilegítima e grosseira, construindo realidades ao invés de as anunciar. Se isso já ocorre ao nível da imprensa tablóide, que dispara antes e verifica depois (quando verifica…) a redução de títulos em banca e a facilidade com que se abrem sites noticiosos e blogues anónimos até, se usam as redes sociais como caixa de ressonância de boatos e informações deturpadas, e muitas vezes com essa intenção, mostra o quanto estamos no fio da navalha entre a sustentabilidade duma informação escrutinada e deontologicamente vigiada e o reino do boato, intriga ou suspeição, entre o mexerico e a pasquinagem, assim degradando a democracia e a liberdade para escolher. É precisa uma informação extirpada de pressões ilegítimas, de veneno com destinatários, refúgio de interesses inconfessáveis, e tal só poderá subsistir com mais e mais atentos consumidores, seja nas plataformas tradicionais ou nas emergentes, para evitar o paradoxo de a uma sociedade cada vez mais aberta suceder um leque de opções cada vez mais afunilado e economicamente engajado.
O fim anunciado de certas plataformas não pode traduzir-se em menos oferta de um jornalismo de investigação ou de opinião, não obstante as redes sociais, os blogues ou as páginas de internet exponenciaram a oferta e chegarem a mais públicos. Falta contudo um escrutínio ao nível deontológico dessas novas realidades, um código de conduta e regras de transparência, respeito pelas fontes e pela ideia de liberdade com responsabilidade, expurgando o comentário acintoso, a pequena política travestida de informação ou a pressão pela desinformação ilegítima e grosseira, construindo realidades ao invés de as anunciar. Se isso já ocorre ao nível da imprensa tablóide, que dispara antes e verifica depois (quando verifica…) a redução de títulos em banca e a facilidade com que se abrem sites noticiosos e blogues anónimos até, se usam as redes sociais como caixa de ressonância de boatos e informações deturpadas, e muitas vezes com essa intenção, mostra o quanto estamos no fio da navalha entre a sustentabilidade duma informação escrutinada e deontologicamente vigiada e o reino do boato, intriga ou suspeição, entre o mexerico e a pasquinagem, assim degradando a democracia e a liberdade para escolher. É precisa uma informação extirpada de pressões ilegítimas, de veneno com destinatários, refúgio de interesses inconfessáveis, e tal só poderá subsistir com mais e mais atentos consumidores, seja nas plataformas tradicionais ou nas emergentes, para evitar o paradoxo de a uma sociedade cada vez mais aberta suceder um leque de opções cada vez mais afunilado e economicamente engajado.
Isto é um problema grande, numa democracia que se quer livre.
ResponderEliminarO assunto em Sintra talvez pudesse ser melhorado se em vês de termos vários jornais, houvesse a possibilidade e juntar todos com todos os profissionais e colaboradores, para se fazer um jornal mais forte, onde o trabalho jornalístico fosse mais livre.
E onde haveria uma zona para o jornalismo de investigação que está a morrer. E esse tipo de jornalismo não pode estar sujeito a pressões politicas e empresariais.
Por isso deveria haver um compromisso entre todos os partidos políticos de Sintra, para um financiamento a longo prazo, onde a redacção é que escolheria democraticamente os seus directores.