É essencial e moralmente exigível que a reforma do Estado reforce
algumas exigências de transparência e ética que credibilizem os políticos, nada
bem vistos por estes dias, e transmitam uma imagem de seriedade, isenção e
independência, que lhes é eticamente é exigida, atentas até as experiências
antecedentes e algumas patologias detectadas. A título de sugestão, aqui ficam
10 ideias para moralizar os políticos e a política:
1.Não deverão os eleitos ou nomeados para cargos públicos
ter qualquer tipo de regalias ou imunidades que não sejam as decorrentes do
exercício do cargo, não conferindo tal estatuto direitos especiais aos
titulares dos mesmos, isto é, deverão as imunidades ser meramente funcionais e
não um novo direito subjectivo que os proteja em especial face aos demais
cidadãos.
2.Deverá haver exclusividade de um só vencimento quando o
cargo for exercido a tempo inteiro, proibindo-se acumulação de cargos que não
sejam os de mera representação, vencimentos ou pensões.
3.Não deverão no exercício dos cargos, contratar por si,
cônjuge ascendente ou descendente, ou por firma de que sejam sócios o
próprio, cônjuge, ascendentes e
descendentes, com o Estado, autarquia ou empresa pública, municipal ou de capitais
maioritariamente da autarquia, bem como num período de 2 anos após cessar
funções.
4.Não deverá ser aceite como candidato a eleição ou lugar em
empresa pública, de capitais públicos maioritariamente públicos ou municipal, quem, por si ou através de empresa da qual seja sócio ou
gerente, ou o seja cônjuge, ascendente ou descendente seja fornecedor de
serviços, consultor, tenha contratos pendentes, litígios ou demandas com a entidade à qual se pretende candidatar e depois de ser eleito, salvo se
demonstrar estar desvinculado dos mesmos há mais de 2 anos.
5.Acabar com as pensões vitalícias e fazer prevalecer o
princípio geral da não percepção de pensões durante o exercício de cargos
remunerados.
6.Não acumular lugares públicos, seja por nomeação ou
eleição, devendo prevalecer o princípio de uma vez eleito optar
obrigatoriamente até ao prazo de 30 dias por um deles.
7.Suspender funções sempre que haja a constituição de
arguido em processo e após comunicação judicial do tribunal ao órgão competente
e de que o arguido seja membro ou integrante. Este ponto tem contingências a
resolver em sede de revisão constitucional, mas é igualmente um imperativo
moral.
8.Consagrar o princípio de que havendo lugar a perda
judicial de mandato, a mesma é aplicável de imediato ainda que os factos se
reportem a actos praticados em mandato anterior ou no exercício de funções
públicas, electivas ou de nomeação, sempre que nesse momento o condenado exerça
funções electivas, ainda que em órgão ou autarquia diversos.
9.Proibir que nos 3 anos subsequentes ao abandono de um
cargo ou fim de um mandato possa exercer lugares de nomeação nessa mesma entidade,
autarquia, em empresa municipal da mesma ou em sua representação remunerada em
outro organismo, ainda que ao nível de mera consultadoria.
10.Definir um quadro remuneratório dos membros de empresas
municipais e seus órgãos fiscalizadores por igual e para todo o país, através
do Ministério das Finanças, sendo proibidos abonos ou prémios não
especificamente previstos nos estatutos, ainda que deliberados em Assembleia
Geral das mesmas empresas.
Estes e outros critérios, parecem ser essenciais para
moralizar a política e a vida autárquica, seja onde for, ou quem sejam a cada
momento os seus titulares. Porque que a política existe para servir e não para
servir-se.
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