terça-feira, 31 de maio de 2011

A comunidade dos blogues de Sintra

Segundo alguns Trendsetters (especialistas em novas tendências) o português do futuro caracterizar-se-á por preferir o Skype ao telefone ,apostará  num disco rígido ligado à TV, preferirá causas e acções de protesto pontuais, e procurará amigos temáticos fruto de diversidade cultural. As pessoas estarão menos disponíveis para aderir por períodos muito longos a organizações fixas e preferem actuar por impulso, vincando um individualismo em que é mais estimulante o que se passa na vida de cada um ou do seu núcleo de amigos do que o que se passa na sociedade. Isto coincide com o incremento da Internet e o fim do televisor único em casa, com vários aparelhos por habitação e a possibilidade de pré-escolher os programas e as horas a que passam, fazendo de cada um um programador de televisão.
Neste quadro, a oferta cultural tenderá para ser feita á medida, com um quadro social fragmentado e de nichos onde a visão de bloco anterior, tenderá a desaparecer. É a idade do indivíduo em rede, onde partilhar um projecto ou uma mensagem no YouTube ou no MySpace é mais apetecível que as tradicionais reuniões ou rituais da cultura de massas anteriores.

Hoje, já familiares, temos os blogues, esse mundo de silêncio onde virtuais activistas podem impor tendências, divulgar problemas, congregar causas, através da sua difusão, hoje alargada com a promoção permitida pelas redes sociais.
Os  primeiros blogues surgiram em Dezembro de1997, através do conceito de Weblog, criado por Jorn Barger, a partir das palavras “web” (Internet) e “log” (registo). No entanto, segundo Dave Winer, o primeiro weblogue criado foi o primeiro web site, http://info.cern.ch/, criado por Tim Berners-Lee no CERN -European Organization for Nuclear Research. Esta página funcionava como um apontador, no qual Tim Berners-Lee referenciava os novos web sites que iam surgindo na World Wide Web. Posteriormente surgiram as páginas “What’s New” do NCSA- National Center for Supercomputing Applications e da Netscape. Nestas duas páginas “What’s New” já podemos encontrar duas características principais dos weblogues, a datação das entradas e a sua colocação por ordem inversa. Em 1996 e 1997 surgem os primeiros blogues pessoais como o Scripting News de Dave Winer, o Robot Wisdom de Jorn Barger, o Tomalak’s Realm ou o CamWorld.Em 1999, existiam 23 weblogues referenciados. Nesse mesmo ano, Peter Merholz defendeu que se deveria pronunciar “wee-blog”, por se tratar de um meio para comunidades. Este acontecimento acabou por conduzir à utilização “abreviada” da palavra “blog” e à referência do seu editor como o “blogger”.
A partir de 1999, o número de weblogues foi aumentando cada vez mais, sobretudo graças ao aparecimento de novas ferramentas de publicações de conteúdos, como o “blogger” da Pyra, que permitiram que qualquer pessoa, sem ter necessidade de quaisquer conhecimentos de HTML, pudesse ter o seu próprio blogue na Web, com o surgimento das ferramentas dos sistemas baseados na Web, como o Blogger e o Groksoup, lançados pela Pyra em Agosto de 1999.
Os blogues originais eram um misto de links, comentários e pensamentos pessoais. Com a entrada em cena do Blogger, em 1999, começaram a aparecer inúmeros blogues, actualizados várias vezes por dia, cujo tema central não eram os pensamentos do “blogueiro”, mas sim, algo que ele tinha reparado no seu local de trabalho, notas sobre o seu fim-de-semana ou, por exemplo, reflexões sobre um determinado assunto. Os links dentro dos blogues levavam-nos para outros blogues, nos quais havia alguma referência ao tema abordado ou nos quais existia simplesmente também um link para o blogue de partida.
A diferença entre o conteúdo dos blogues originais, anteriores a 1999 e os blogues mais recentes, posteriores ao aparecimento do Blogger, fazem repensar o conceito e conteúdo dos blogues. E suscitam uma nova realidade: a ética e deontologia na comunidade blogueira (ou bloguista?).Não será um paradoxo alargar a comunicação refugiado na penumbra dum quarto ou na solidão de um sotão, clicando para o mundo?
Em minha opinião, são hoje uma importante ferramenta de suporte e congregação de sinergias para causas, valores e regiões. Em Sintra, como em todo o lado, pululam por aí, uns de crítica mordaz, outros de divulgação e outros até de promoção de actividades. Ao fim de alguns anos, e depois de me ter iniciado com o Alagablogue e manter este e o Café com Adoçante, de pendor mais literário e descontraído, destaque para alguns, que leio frequentemente e recomendo: Lendas e Mitos de Sintra - http://lendasdesintra.blogspot.com/ ,o Rio das Maçãs, do activo e atento Pedro Macieira, http://riodasmacas.blogspot.com/, o incisivo Sintra do Avesso http://sintradoavesso.blogspot.com/ do irreverente João Cachado, o Sintra por entre as Brumas, da ausente mas presente Daniela Colaço, http://sintrabrumas.blogspot.com/, o Retalhos de Sintra, de Fernando Castelo, http://retalhos-de-sintra.blogspot.com/ , e um outro ainda embrionário o Linhas de Sintra, Http://linhasdesintra.blogspot.com/ onde igualmente colaboro junto com Ricardo Duarte, João Afonso Aguiar e André Nóbrega. Todos, a seu modo, são Cavaleiros de Sintra, cultores da palavra e indefectíveis do link. Luis Galrão, no seu Ave do Arremedo http://ave-do-arremedo.blogspot.com/ faz a recolha quase exaustiva de todos os que vão surgindo.  Sem esquecer  Cortez Fernandes, http://tudodenovoaocidente.blogs.sapo.pt/Marco Almeida, http://viver-sintra.blogspot.com/,  Vitalino Cara d’Anjo, Nuno Saraiva, Rui Vasco Silva e outros. E crescendo esta realidade já pouco virtual, a pergunta: porque não um encontro de bloggers de Sintra, um dia destes? Deontologia, afinidades, fontes ou interesses poderiam ganhar muito com o estreitar desta comunidade, talvez a mais efectiva rede de comunicação social local. Fica o desafio.

Pintores em Sintra:Milly Possoz

Filha de pais belgas, Mily Possoz nasceu em Lisboa a 4 de Dezembro de 1888. Após estudos de pintura com Emília Santos Braga e com o aguarelista espanhol Enrique Casanova, em 1905 parte para Paris, onde estuda na Académie de La Grande Chaumière. Finda esta primeira estada parisiense, viaja pela França, Bélgica, Alemanha e Holanda, desenvolvendo estudos de gravura, nomeadamente em Bruxelas e Düsseldorf. De regresso a Portugal, em 1909 começa a integrar as exposições colectivas dos modernistas e a organizar exposições individuais do seu trabalho.
Nos anos 20 inicia colaboração com a imprensa, nomeadamente com a ABC e a Athena, trabalhando como ilustradora,
A gravura será, aliás, a via que mais explorará como artista, sobretudo durante os anos em que se encontra fora de Portugal. Com efeito, na segunda estada parisiense, iniciada nos anos vinte, tornar-se-á membro activo da sociedade Jeune Gravure Contemporaine, criada nessa cidade em 1929. Amiga do artista japonês Tsuguharu Foujita (1886-1968 ) , com ele estabelecerá alguns jogos plásticos, evidentes em algumas das suas litogravuras e pontas-secas. Influenciada portanto pela estética depurada da gravura japonesa, mas não escamoteando outras correntes a que vai também claramente beber, como o surrealismo, a obra de Mily Possoz sintetiza várias gramáticas que ela serve com um gesto poderoso, seguro, certeiro.
Em 1937, a sua participação na exposição de Gravura Francesa, realizada em Cleveland, nos Estados Unidos, garante-lhe a medalha de ouro e a aquisição de obras suas para o Museu de Cleveland. Nesse mesmo ano regressa a Portugal.
Em 1940, encontramo-la entre o vasto leque de artistas modernistas convidados para a decoração dos pavilhões da Exposição do Mundo Português. Ainda nesse ano, com a criação pelo SNI dos Bailados Verde-Gaio, Bailados Portugueses, colabora como figurinista.
No decorrer dos 40, muda-se para Sintra, onde passa a viver, dedicando-se então sobretudo à pintura a óleo, elegendo essa paisagem como motivo preferencial, e à aguarela que exercita sobretudo no retrato. Será também nessas paragens que, em 1957, conhecerá o coleccionador de arte Machaz, que lhe encomenda vários quadros para a decoração do Hotel Tivoli. Em 1956, colabora também com a Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses — Gravura.
Morre a 17 de Junho de 1967.Raquel Henriques da Silva escreveu sobre ela,e alguns temas de Sintra podem ainda ser vistos em sites na net,numa perspectiva modernista e surrealista por vezes.Uma figura a recordar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os troika-tintas

Não, a Troika não é uma dançarina de Leste dum qualquer night-club de Lisboa, nem é já o gerontocrático Politburo que dirigiu a União Soviética no tempo de Brejnev. Esta troika com que diariamente nos atazanam os ouvidos, são só uns senhores a quem pedimos dinheiro emprestado e que misericordiosos o fazem à taxa amiga de 5,7%, deixando instruções sobre como gastar o dinheiro, isto na crença de que sempre que o fizeram noutros lados resultou e os países melhoraram.
Sejamos claros: o FMI é uma instituição vocacionada para as crises de pagamentos, um regulador criado após Bretton Woods e seu resquício de má fama, tido como o Godzilla dos desgovernados. Só que se Godzilla assustava e dominava, também destruía tudo à sua passagem. Já os nossos “amigos” da EU apenas "ajudam" por obrigação, com medo do contágio. No fundo, a coisa é tão simples quanto isto: nós empresta-mo-vos dinheiro, em tranches, e vocês fazem esta dieta, não para serem um país melhor e voltar a crescer mas para ver se ao menos sacamos o necessário para nos pagarem de volta. Submissos, os nossos políticos, reúnem com eles meia hora duas vezes, a “negociar” profundamente o draft que já traziam alinhavado (se tivessem negociado sabiam o conteúdo antes de ser distribuído...) e agitam o papão de só eles estarem em condições de cumprir, candidatos a capatazes, pois se não cumprirmos, a troika má vem e castiga. Os defensores do povo disputam assim o papel de melhor aliado da troika, a quem, dos que não cumprirem, os outros irão lampeiros fazer queixa, ocupantes Junots e Beresfords do século XXI. No Brasil de Belém, um D. João VI de Boliqueime e sua Carlota Joaquina observam sem intervir, que não podem, claudique o país mas respeite-se a Constituição.
A tal troika pensou na fuga de capitais, no branqueamento ilícito ou nas off-shores sorvedoras? Não, que se pode afugentar os potenciais investidores. Assim como assim, o povo já está habituado, no cinto português há mais furos que cinto para apertar. Os municípios querem discutir o seu futuro com critérios de respeito pelas populações e tendo em vista reduzir assimetrias? Não, juntem todos ao molho para reduzir as despesas, Évora com Setúbal, Faro com Almodôvar. Os funcionários são parasitas, há que desparasitar, esquece a  boa da troika também ela ser uma troika de simples funcionários, que os chefes nem se deram ao trabalho de cá vir assinar, deixando a tarefa a meros chefes de serviços, que durante três semanas puseram um país em sentido e os políticos da praça de língua de fora. Se é certo que é preciso o dinheiro e há que pagar, um pouco mais de dignidade seria de esperar dum país com novecentos anos, onde os fundadores já muitas voltas devem ter dado no caixão. Almada Negreiros dizia que Portugal era um país óptimo, só que tinha um problema: o pior de Portugal eram os portugueses. Sem alinhar com os novos Vencidos da Vida nem com as acampadas generosas mas utópicas, tenhamos um pouco de decência, e encaremos os problemas a sério e com competência. Ao invés de acenar com miséria que aí vem em sucessivas e fartas jantaradas de campanha e  pindéricas arruadas anunciando a chegada do circo à cidade, façam menos ruído e não brinquem à política. Façam-na. A sério. 

Cinco Artistas em Sintra

João Cristino da Silva foi um pintor português da época romântica,autor duma das obras mais emblemáticas da pintura romântica em Portugal:Cinco Artistas em Sintra, uma  pintura de 1855 (Óleo sobre tela 87 X 129 cm) que representou Portugal na Exposição Universal de Paris de 1855 e onde se podem  ver os artistas Francisco Augusto Metrass atrás de Tomás da Anunciação, o escultor Vítor Bastos tendo ao seu lado Cristino a desenhar e José Rodrigues sentado.O único artista romântico não representado nesta obra de arte foi o Visconde de Meneses.Foi comprada pelo Rei Consorte D. Fernando II e actualmente faz parte do espólio do Museu do Chiado.Cristino da Silva Iniciou os seus estudos em 1841 na Academia de Belas Artes , onde mais tarde viria a ser professor e no período de 1847 a 1849,e estudou cinzelagem na oficina de lavrantes do Arsenal do Exército.Em 1849 voltou a dedicar-se à pintura.Foi o primeiro pintor português a dedicar-se à pintura da paisagem. Em Madrid expôs algumas das suas obras, tendo sido condecorado pelo rei Amadeu. Ao longo dos seus 47 anos de vida pintou  mais de trezentos quadros,tendo acabado os seus dias no hospício de Rilhafoles, em virtude de ter enlouquecido.
Razões existem que são  de referir a propósito deste quadro de Cristino: em primeiro lugar, a sua escolha do que podemos considerar, em tempos românticos como esses, um “alto-lugar”, Sintra, que simbolicamente atravessa todo o nosso século XIX (até naquilo que a partir do estrangeiro é reconhecido, por exemplo, com Byron ou Beckford), de Garrett e toda a primeira geração romântica até aos que serão chamados a geração de 70, encabeçados por Eça de Queirós. Em segundo lugar, pela temática que institucionaliza o cruzamento entre “o artista” (dimensão estética) com a paisagem de Sintra (dimensão “natural” – e evidentemente estética e, por isso, cultural).
Os cinco artistas (Metrass, Cristino, Rodrigues, o escultor Vítor Bastos e Tomás da Anunciação, aquele a que no interior do quadro está cometido o acto de pintar, ao passo que os outros observam) encontram-se, em termos de cenário, enquadrados pela serra de Sintra e pelo emblema que nela constitui o Castelo da Pena que D. Fernando de Coburgo tornara sua “particular” construção de arte. Será por este conjunto de elementos, aliás, que José Augusto França considerará que, ao contrário do que em termos genéricos se passa na pintura da época,que preferencialmente alterna entre o “pintor de história” e o “pintor de retrato”,“Cristino apresentará antes a imagem duma imagem: a imagem deles próprios ao prepararem-se para produzir imagens – espécie de sonho colectivo que o próprio autor sabia vão, numa sociedade, em, que ele via raivosamente com as cores duma ‘Sibéria das Artes’ ” (idem, 815). A imprensa da época  reconhecia nele uma certa dimensão de excesso que o distinguiria dos seus colegas de escola, todos eles profundamente admiradores, aliás, de Anunciação. A essa dimensão de excesso (que não é no entanto comparável àquilo a que o estilo sublime já desde o século XVIII nos habituara em outras tradições pictóricas que não a portuguesa) se atribui então a sua morte prematura , bem como os episódios de loucura e internamento que a precederam, mas também o número e o tom geral da obra pictórica produzida, “de um colorido ardente e por vezes extravagante, quadros feitos quase todos em poucos dias, sem serem estudados (...)”– e repare-se aqui na forma como ao “artista” se atribui um excesso que não é entretanto dissociável de um estado de inspiração (de um “fora-de-si”) que é responsável tentado pela extravagância como pela sua brevidade e intensidade.

domingo, 29 de maio de 2011

Mariza na Regaleira

Não é novo mas é bom. O Espírito da Regaleira e a alma portuguesa. Nada como os musgos de Sintra para patrulhar as cavidades da alma. A ver ou rever, neste domingo de Primavera envergonhada, meio zangada com o Inverno.
                                           

Estrangeiros em Sintra

A beleza e mistério de Sintra desencadeou a partir do final do séc XVIII uma busca por parte de estrangeiros atraídos por estas bandas, sobretudo os ingleses, e decorrente da relação próxima que Portugal teve com esse país depois da deslocação da corte para o Brasil.Uns viajantes (Byron,Lady Jackson,Ratazzi) outros moradores (Jane Lawrence,os Cook,Gildmeester) muitos foram os estrangeiros que adquiriram propriedades em Sintra, muitas de grande valor arquitectónico e simbólico.
A Quinta da Capela, por exemplo, alugada a Marc Zurcher, suiço, a Quinta da Palma, alugada por americanos, a Quinta da Madre de Deus, de Michael John Baker, a Quinta do Vinagre, em Colares, da família Schlumberger,a Quinta do Conde, também em Colares, de Tinsley.E ainda a Quinta de S.João, de Jaime Senfelt,a Quinta de S.Tiago, de Eduard Bradell, a Quinta do Bonjardim, (onde se jogou a primeira partida de futebol em Portugal), da família Empis.
Acrescente-se ainda a Quinta das Bochechas, da família Massetti, a Quinta do Alto Sereno, de Gerda Spitze, a Casa dos Pisões, de Julina Leacock, a Quinta da Boavista, do conde Frederico de Schonborn-Wiesentheid,a Quinta dos Moinhos Velhos, de Mrs Bosschaart, a Quinta de Penaferrim, de Richard Thomas,a Quinta do Monte Sereno, de Mark Berger, a Quinta do Arrabalde, do holandês Huits, a Quinta do Chão dos Arcos, de Roy Campbell.E outras, como a Quinta da Toca (Marie Gleischen), a Quinta de Santo António, em Almoçageme (Arthur Lanborn),a Quinta da Bemposta (Francoise Baudry),a Quinta Biester  (do americano Robert Bearsdley),a Quinta dos Lagos(que pertenceu ao ex-presidente do Brasil,Sarney) etc, tudo propriedades de famílias estrangeiras amantes de Portugal ou de seus herdeiros,no presente.
 Ainda Hotéis como o Lawrence e o Miramonte,em Colares pertenceram a estrangeiros,como do japonês Nishimura foi a Quinta da Regaleira até que a CMS a adquiriu.E muitos mais.Alguém sabe por exemplo que a actriz do cinema mudo Gloria Swanson,a de Sunset Boulevard (O Crepúsculo dos Deuses)teve uma casa na Praia Grande? E que Adrian, o filho de Sir Arthur Conan Doyle (o do Sherlock Holmes) passava férias em Sintra? Sem falar de Wim Wenders ou Roman Polanski, que por cá filmaram ("O Estado das Coisas" e "A Nona Porta", respectivamente, ou os U2 que tiveram a capa de um LP fotografada na discoteca Concha, na Praia das Maçãs.
                                    Os Cook, donos de Monserrate 

Emblemática dessa presença é talvez a família Cook, que durante anos morou em Monserrate.Francis Cook,rico empresário têxtil,desembarcou em Lisboa em 1841,e aqui se apaixonou e casou com Emily Martha,filha do comerciante Robert Lucas.Depois de alguns anos em Inglaterra, adquiriu Monserrate,e aqui se estabeleceu a partir da década de 60 de oitocentos.Em 1870 foi feito Visconde de Monserrate por D.Luís I.Adquirido o edifício,grandes obras se realizaram sob a orientação do arquitecto inglês James Knowles,e pouco ficou da traça de DeVisme.Mas as grandes mudanças foram ao nível dos jardins,começados por Sir Francis e o seu jardineiro Burt,importando espécies de todo o mundo que rivalizavam com os jardins de D.Fernando,na Pena, quer  no tempo de Sir Herbert,nos anos 20,com outro entendido,Walter Oates,que escreveu em 1929 um livro sobre os jardins de Monserrate,The Gardens Chronicle. A partir de 1928,o poderio dos Cook feneceu,e começou o período decadente.Em 1947,o filho de Sir Herbert,Sir Francis,bisneto do 1º visconde,vendeu a propriedade a um tal Saul Sáragga,o qual queria construir um empreendimento com 143 lotes(!)no local.Foi então que o Estado Português,avisado por Flávio Resende,director do Jardim Botânico de Lisboa ,adquiriu a propriedade,por cerca de nove mil contos.A partir daí,tudo se desvaneceu: o recheio vendido em leilão,e os jardins entregues aos Serviços Florestais.Até então,quatro gerações de Cook viveram e deixaram marcas no delicious Eden.

sábado, 28 de maio de 2011

Uma questão de tintas


Confesso, não gosto de grafittis. Melhor, não gosto de gatafunhos cuja única função é vandalizar o espaço público ainda para mais de forma anónima e na calada da noite. Nada contra a arte mural, em espaços próprios, agora, muros centenários na serra pintalgados por vândalos a que se teima em chamar de irreverentes atropela o meu direito à paisagem e violenta muitas vezes a sua harmonia (ou será que se vê harmonia na distopia?). Temos de distinguir: alguns há que praticam a street art, território dos writers e seus streetments, passageiros das noites pichando o que entendem ser poesia visual em muros, mestres e cultores das tintas. Outros, aqueles de quem falo, que, de maneira diversa, estão-se nas tintas, anónimos e furtivos, estragam por estragar, supostamente contra um sistema que mal lhes dessem hipótese logo abraçariam, cultores do Eu ao desprezarem o Nós. Porque carga de água temos de ver invadida a paisagem urbana com riscos dissonantes, vandalização da propriedade ou egocentrismos de supostos artistas, terroristas do spray?
Admito que é uma opinião. Geracional, careta, whatever. Mas imaginem que da mesma forma eu decidisse invadir um bairro do subúrbio de Lisboa, disfuncional, under, e lá colocar em invasivos e gritantes decibéis as sinfonias de Mahler ecoando em altifalantes, ou o último Tony Carreira e sua melosa verborreia com toada emigrante? Os prédios são invasivos, os grafittis são invasivos, viver em cidades é cada vez mais um acto de resistência.
Pintura mural, sim, em espaços próprios. Vandalismo, não. Até porque quem hoje não respeita a propriedade pública ou de terceiros, pode amanhã com a mesma impunidade roubar um banco, ou molestar  alguém, pois a sensação de que tudo é permitido desresponsabiliza e cria anomia social.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando Sintra descobriu a praia...


Aproximando-se o início da época balnear, o ensejo para recordar como começou a modo dos banhos e veraneio nas nossas praias. Pode dizer-se que a estrada para a Praia das Maçãs despoletou o seu crescimento como estância balnear. Em Agosto de 1884 Luís Almeida Albuquerque, Joaquim de Vasconcelos Gusmão e António Chaves Mazziotti, junto com os engenheiros Joaquim Sousa Gomes e Ressano Garcia iniciaram o projecto da construção da estrada de ligação de Colares à Praia das Maçãs. A mesma teria 3400m e custaria 6 contos e 800 (hoje, pouco mais de 30 euros...).Como a quantia era "elevada" foi feita uma subscrição pelos principais capitalistas da zona, tendo-se angariado 1/3 da verba. O resto foi dinheiro da Câmara, que levou 2 anos a aprovar o projecto (oferecido pelos referidos 2 engenheiros). Foi concluída 1 ano depois. Em 1889 surgem as 2 primeiras edificações: a do taberneiro Manuel Dias Prego e do padre catalão Mathias del Campo. Os hotéis de charme viriam depois.
Em Colares, o antigo Eden Hotel oferecia alojamento aos primeiros veraneantes. Hoje votado ao abandono, foi erguido a partir de 1887 pelo industrial José Inácio Costa. Uma vez construído, arrendou-o um tal Manuel Iglésias, que se encarregou de o transformar num importante centro de turismo, tendo mais tarde sido vendido ao pintor Veloso Salgado, que em Colares se fixou e o transformou numa residência de férias. Por lá passaram Alfredo Keil, Fidelino Figueiredo, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, e até, na década de 50, a equipa do Sport Lisboa e Benfica, treinada por Otto Glória. Ficaram famosos os saraus de piano, alguns de Viana da Mota, morador em Colares nessa época, que fizeram do local um recanto aprazível e único. José Inácio da Costa construiu igualmente as Vilas Alda e Ema, para suas filhas (onde hoje se localizam os correios e a farmácia), tendo contribuído com 240$000 réis para a estrada da praia.
Muito deve Colares igualmente à sua sociedade local, pois nem só por lazer se ia a banhos no início do século passado. Em 1925 a Sintra-Atlântico criou eléctricos que levavam crianças pobres à Praia das Maçãs, onde, com os professores, e depois de inspeccionadas por médicos Desidério Cambournac ou Brandão de Vasconcelos, faziam “tratamentos marítimos”. Para tais curas, a câmara de Sintra disponibilizava, junto com a extinta Associação de Caridade de Sintra,"três toldos de três metros por dois de lado, num total de 1.273$00, sendo tais passeios um"remédio ministrado a “seres raquíticos, linfáticos, adenísticos, tão precisados de ar marítimo, banhos de mar e de sol".Os tratamentos prolongaram-se até ao fim dos anos 50,e na sua génese estiveram dois médicos a quem a saúde pública em Sintra muito deve: Pereira Ferraz e Carlos França, que em 1924 preconizou um corpo sanitário para Colares, integrado nos Bombeiros, e providenciou mesmo a construção dum chassis, em 1928 baptizado de "Caridade" e que foi a primeira ambulância dos Bombeiros de Almoçageme.
Em 1927 igualmente surgiu a Associação de Assistência e Beneficência da freguesia de Colares, presidida por Maria do Carmo Mazziotti, que distribuía bolos, agasalhos e medicamentos às crianças da freguesia. Até aos anos 60 estas e outras instituições da sociedade civil muito contribuíram para a assistência social em Sintra e Colares e as idas de crianças pobres à praia (designadas por banhos marítimos...) entre outras coisas, para apurar a “raça”. José de Oliveira Boléo, escreveu em 1938:o "saloio"( esta nossa raça particular)mede em regra 1,64m,tem cor da iris escura, cabelo castanho escuro, liso ou ondulado, crâneo dolicocéfalo, nariz leptorrínico, de ponta fixa, acusando influência semita. Eis uma raça, que terapêuticos banhos nas praias de Sintra fortaleceriam a bem da Nação…

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Larmanjat, primeiro comboio de Sintra

O Larmanjat ,monocarril que levou o nome do seu inventor,o engenheiro francês J.Larmanjat,teve o seu percurso inaugural entre Raincy e Monfermeil,em França,em 1868,e assentava numa via constituída por um carril apenas, ladeado por duas passadeiras de madeira distanciadas de 20 centímetros do carril central. Para tornar o conjunto estável, tanto o carril como as passadeiras, estavam pregados a travessas, por meio de cavilhas de ferro.As locomotivas bem como as carruagens e os vagões estavam munidos de rodas centrais e laterais, rodando umas sobre o carril e outras sobre as passadeiras.
O Marechal Duque de Saldanha assistiu à primeira demonstração do Larmanjat em França, e como em Portugal se vivia numa febre de progresso,viu nesse comboio a possibilidade de desenvolver a viação acelerada no país.Daí que no ano de 1869 tenham sido concedidas licenças para estabelecer um caminho de ferro sistema Larmanjat nos percursos:Carregado - Alenquer,Cascais - Pêro Pinheiro,e Lisboa - Leiria.
Em 1870, no dia 31 de Janeiro, realizaram-se entre Lisboa e Lumiar as primeiras experiências oficiais.E a 11 de Julho de 1871, obteve-se a licença para estabelecer um caminho de ferro Larmanjat entre Lisboa e Sintra com uma extensão de 26 quilómetros.
A estação de origem ficava no local onde estão as Portas do Rego em São Sebastião da Pedreira,sendo a viagem inaugural da linha de Sintra na manhã do dia 2 de Julho de 1873, pelas nove horas. Nas quatro carruagens rebocadas pela locomotiva Lumiar viajaram, entre outros convidados, o Director Geral das Obras públicas e os construtores ingleses William Major e Trevithick,que realizaram o percurso em 1 hora e 55 minutos,tendo a viagem 3 paragens, duas delas para se abastecer de água ( de lembrar que a locomotiva era a vapor). A abertura ao público foi feita 3 dias depois,tendo a linha de Sintra como estações: Sete Rios, Benfica, Porcalhota (Amadora), Ponte de Carenque, Queluz, Cacém, Rio de Mouro, Ranholas e Sintra,com carruagens de 1ª e 3ª classe a preços de 550 e 400 reis respectivamente.
 Mais tarde,em 1887, veio o bicarril de Stephenson que bateu o monocarril,e acabou a experiência do Larmanjat.Teve contudo um efeito:com a edificação de casas destinadas aos engenheiros durante a sua construção,e a movimentação gerada com as obras,permitiu a expansão da Vila para a zona hoje conhecida como a Correnteza e a Estefânea,e Sintra saía aos poucos do velho burgo e para lá da Vila Velha.O comboio,esse, veio para ficar, em 1888.
 

Espaços nocturnos em Sintra: sensibilidade e bom senso

Está em vigor desde 2008 o Regulamento Municipal de Licenciamento do Exercício da Actividade de Realização de Espectáculos ou Manifestações Desportivas e Divertimentos Públicos da CMS,pelo qual necessitam de licenciamento camarário os espectáculos ao ar livre, que serão condicionados pela proximidade de edifícios de habitação, escolas (em horário escolar) hotéis, hospitais, etc.,sendo que se for em zona de ajardinamento público devem ainda respeitar a Postura Municipal sobre Zonas Verdes.
O pedido deve ser entregue com pelo menos 15 dias de antecedência no GAM da CMS mais perto da zona do evento, em impresso próprio junto com os seguintes elementos :BI e NIF; Planta 1:2000 do local do evento e do percurso, a vermelho; Planta 1:2000 dos caminhos alternativos e desvio de trânsito, quando necessário. Se o requerente for pessoa colectiva deve demonstrar essa qualidade.
Recebido o requerimento, é enviado à Divisão de Licenciamento Actividades Económicas, que em 3 dias(!)(no papel) solicita pareceres a 7 entidades: PSP ou GNR; Junta de Freguesia da zona do evento; Serviço Municipal de Protecção Civil; Polícia Municipal; Divisão de Trânsito da CMS (se implicar cortes de trânsito) ;Divisão de Parques e Jardins ( se for usado jardim ou espaço verde público); Veterinário( se envolver animais vivos ).
Com toda esta burocracia e atendendo a que a indicação de prazos é virtual, é sempre com a corda na garganta e em stress que alguém pode querer apresentar um espectáculo, encontro ou algo fora de portas.Não haverá um modelo mais eficaz de reunir num só serviço a gestão e licenciamento deste fluxo diabólico? Quantas associações e artistas têm chegado à hora dos eventos e ainda não têm na mão o papel que para as entidades é o que mais interessa, sendo a realização cultural prevista acessório ou até incómodo,logo surgindo lesto um agente da autoridade a encerrar as portas, por vezes com uma atitude mórbida de desmancha prazeres daquilo que a outros deu trabalho e empenho a organizar.
Cumprir a lei é preciso.Mas ter consideração pelo trabalho e talento dos outros também.Ainda há muito para desburocratizar.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Recordar Viana da Mota em Sintra

Figura incontornável da música e composição em Portugal no séc XX foi Viana da Motta.
José Viana da Motta nasceu no dia 22 de Abril de 1868 na Ilha de São Tomé. Com dois anos de idade veio para a Metrópole, passando a residir em Colares (Sintra), em local assinalado, em 1971, com uma lápide da autoria de Anjos Teixeira, no nº38 da R.da República.
Os seus dotes musicais precoces foram desde logo notados, nomeadamente pelo seu pai, também um amante da música, que soube incitar a vocação do filho. Aos sete anos ingressa no Conservatório e aos 13 apresentou-se pela primeira vez em concerto no Salão da Trindade, com obras da sua autoria. O rei D. Fernando nota o seu talento e a partir de então Viana da Motta torna-se seu protegido. Terminado o curso do Conservatório com distinção, o rei e a Condessa d’Edla patrocinam uma bolsa de estudo para piano na Alemanha, no Conservatório de Scharwenka. Em 1882, Vianna da Motta parte então para Berlim,e inicia uma carreira nacional e internacional de renome.
Mas voltou sempre a estas terras de acolhimento na sua infância e, inclusive contribuiu para o seu progresso. Reza a imprensa da época que, não existindo rede eléctrica pública em Galamares e Colares, Viana da Mota realizou um concerto, gratuito, no salão de Galamares, a 15 de Setembro de 1923 ,a fim de se obterem fundos para a instalação de energia eléctrica em Colares, sendo a luz para tal concerto fornecida, a título precário, pela companhia Sintra-Atlântico, através da sua rede de tracção.
A parte mais significativa da sua produção artística foi confiada à música para piano e para canto e piano, onde musicou tanto textos portugueses como alemães. Esta é talvez a sua música de cariz mais íntimo, resultando nas páginas mais belas da sua criação. No entanto, a sua obra mais simbólica é a Sinfonia "A Pátria", em Lá Maior, Op.13. Composta em 1895 e estreada dois anos mais tarde no Porto, cada um dos seus quatro andamentos é expressão musical da obra de Camões, Os Lusíadas. Emblemática da corrente nacionalista, fruto do Ultimato Inglês a Portugal, esta obra constitui a primeira sinfonia bi-temática escrita por um compositor português
   
                                                           

terça-feira, 24 de maio de 2011

Viver o Parque da Pena: Sugestões

                       
Decorrente da visita de monitorização da missão conjunta World Heritage Centre/ICOMOS de 10 a 15 de Janeiro de 2010 que veio analisar a situação da Paisagem Cultural de Sintra, missão que foi requerida durante a 33ª sessão do World Heritage Comitee na reunião de Sevilha, em 2009  foi aprovado um relatório que teve por base as recomendações da mesma. Nesse relatório, da autoria dos peritos Gerard Collin e Jean Louis Vanden Eynde estes constataram que a pressão turística em Sintra  tem sido controlada com a diversificação de locais e centros de interesse, novos circuitos e outros temáticos e melhor distribuição dos visitantes. Repara-se que a pressão na Pena, por exemplo, num mês de turismo sazonal é de quase 50.000 visitantes/mês. Já a criação de um novo jardim entre a Pena e o Chalé da Condessa gerou alguma apreensão, tendo a missão sugerido antes a recuperação de outros edifícios dentro do parque da Pena. E, facto importante, recomendaram que as comunidades locais se envolvessem mais na gestão da área classificada. Foi sugerido que o Plano de Gestão inclua um plano de acção para o futuro restauro dos jardins e parques baseado em estudo da história e evolução dos parques e instalações, sendo que entenderam que a zona tampão se deveria estender para norte da área inscrita. Nesses termos, o WHC reunido em Brasília em Agosto de 2010 recomendou que estas e outras as considerações fossem implementadas e espera até Fevereiro de 2012 relatório actualizado sobre as propostas formuladas.
Reaberto o Chalé da Condessa e estando em curso a recuperação duma vasta área agora designada por Quinta da Pena, algumas sugestões para usos e fruições: porque não a criação de novos circuitos explicativos (históricos, botânicos, de educação ambiental) e a organização de oficinas temáticas de sensibilização das escolas e da sociedade civil? Porque não a abertura de um centro interpretativo do Palácio e jardins ou a criação de uma escola de jardineiros no espaço da Abegoaria ou similar, nas imediações do Chalé da Condessa? A promoção, se possível mensal, de eventos culturais no Palácio, Chalé e jardins, divulgadas pelas escolas, postos de turismo e empresas e a adopção de veículos eléctricos colectivos nos circuitos entre os palácios, proibindo o acesso de veículos particulares a partir da Estrada da Pena (ou sua circulação bastante condicionada) seriam medidas igualmente bem vindas. A criação de uma Liga dos Amigos dos Parques de Sintra seria igualmente uma forma de especificamente envolver as populações nessa causa concreta, actuando de forma pró-activa e dinamizadora, criticando e propondo numa óptica de utilizador. Muito há, pode, e deve ser feito, ainda.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

18.000 razões para votar

Os nossos sonhos não cabem nas vossas urnas” dizia um cartaz dos jovens que há uma semana acampam nas Puertas del Sol, em Madrid, inspirados nos portugueses da Geração à rasca em luta contra a precariedade do emprego, a falência do Estado Social e a dependência que fere a dignidade de quem tendo procurado qualificar-se enfrenta a falta de emprego, de valorização pessoal, a ambição de uma casa e família, numa irritante letargia que, prolongando-se no tempo pode despertar erráticos cantos de sereia de salvíficos arautos cavalgando o descontentamento e a crise.
Em Março deste ano, estavam registados no Centro de Emprego de Sintra 18.000 desempregados. Diárias procissões nas filas do desencanto, procissão renovada de suplentes da vida, a geração sem remuneração está minada pela desesperança e incomoda-se, e incomodando-se, incomoda-nos. Quem não tem um filho, um primo, um sobrinho que já caiu ou está prestes a cair neste tumulto, nova lepra dos novos anos de chumbo? Pensar que aos vinte e dois anos, depois de licenciado, apenas demorei poucos meses para arranjar um emprego, e nunca desde então deixei de o ter, e hoje, perto dos trinta e cinco, pessoas há que pasmados olharam para um contrato sem termo como quem olha o original da Bíblia, com a estupefacção de ter visto algo raro, é algo que dá que pensar e naquilo que fizemos ou deixámos fazer desta sociedade, onde de repente, aflitos, procuramos o Nós depois de anos a exaltarmos o Eu.
Despedidos da vida, licenciados sem saída, um Estado forçado a ser magro e para onde apesar dos cantos de sereia eleitoral não se pode olhar, mais que ocupar praças e militantes dormir no chão, necessário se torna, isso sim, é sem hesitações depressa levantar desse chão. Não é tarde para ter um passado,  é demasiado cedo para desistir do futuro. E esse constrói-se com perseverança, união de esforços, atacar o dito “sistema” por dentro e não só com acções emblemáticas que depois dos telejornais e dos talk-shows disso mais não passam. Minar os partidos do poder, para que por dentro se possa chegar ao âmago de quem decide, não aliviar a pressão, enfrentar o sistema com as suas próprias armas. Não esquecer que Tróia foi conquistada, não após meses de cerco, mas depois que um cavalo de madeira para lá transportou os que contra ela lutavam e já espalhados pela cidade.
Os dezoito mil que diariamente esperam na fila, montando o cerco, mais os dezoito mil que em breve lá podem ir parar, mais todos os outros mil que querem que esses dezoito mil desapareçam da fila, têm de unir esforços, tomar o poder por dentro, construir o cavalo, para, mudando as políticas e os actores mudar a Economia da Descrença que larvar deste país se apoderou.
A democracia é um território de afectos, alguém disse. Sem trabalho e sem futuro não haverá afecto por uma democracia padrasto território de precários e descrentes. E da paixão à descrença, da descrença à ruptura, o território de afectos da democracia pode silencioso gerar novos ódios, e com eles a vinda de providenciais salvadores, embora hoje sem real poder para salvar, morta a Europa das Nações. Sem emprego e sem futuro não há democracia, esta é o território dos homens livres e sem dinheiro ou futuro, e sobretudo sem esperança, ninguém  pode reclamar ser homem livre. Logo, há entre nós aflitos setecentos mil sonhos para sonhar e já aqui perto, dezoito mil deles pelo menos. Façamos que dezoito mil sonhos voltem a sonhar, começando pela arma que, bem usada, ainda pode vencer muitas guerras: o voto, lúcido, empenhado, diariamente vigiado pelos seus militantes donos, depois do seu singelo depósito. Para quem vive e sobrevive em Sintra, que em 5 de Junho vá às urnas tendo estes dezoito mil motivos no pensamento, e pode ser que um dia alguns dos sonhos, pelo menos, caibam dentro das urnas.

Um PDM de Segunda Geração

A revisão do PDM de Sintra, já com um ano de atraso, deve ser um  processo de negociação, debate, transparência e participação que permita aos actores e agentes económicos sociais e culturais verter para um quadro actualizado as preocupações com o desenvolvimento, analisando as patologias e virtualidades do actual PDM de 1ª geração na mira do concelho (ou concelhos) de Sintra que se quer para os próximos anos.
Nessa perspectiva, e sabendo que o quadro global se sacrifica sempre ao binómio primário e redutor do mais ou menos betão, alguns aspectos veria com interesse aprofundar, a saber:
1)  um quadro geral em que a pró-acção fosse a captação de investimentos sustentáveis e geradores de  qualidade e receita qualitativa, através dum quadro urbanístico, ambiental e fiscal claro e supervisionado por uma Agência Municipal de Investimentos.
2) fazer coincidir as ambições de gestão do território das várias entidades num mesmo espaço categorial, seja no PNSC, PDM, PP’s ou outras servidões administrativas vinculativas para a gestão do território sintrense. Por que não criar uma área da paisagem cultural de Sintra, coincidente com a área do Património Mundial e com ela conjugar as perspectivas de defesa e promoção do património, turismo e actividades económicos pretendidas e defesa ambiental?.
3) promover a concentração da construção nos espaços urbanos ainda não exauridos e requalificar os  existentes, fruto do desordenamento e gestão casuística das décadas anteriores, mas criando em condições de justiça, equidade e proporcionalidade condições para que os proprietários diminuídos na sua possibilidade de edificar possam ver os seus terrenos potenciados e estimulados para outros fins, com o correspondente desagravamento fiscal.
4) promover uma carta de redes que permita integrar e orientar as intervenções dos fornecedores de serviços públicos e assim planear o seu modus operandi, bem como reforçar o papel de autoridades locais de transportes e acessibilidades.
5) sendo o PDM um plano de estabilidade mais duradoura, agilizar o processo da elaboração de planos de pormenor que estariam em actualização permanente, abertos à sociedade e ao escrutínio dos destinatários duma verdadeira Democracia do Território.
Estes e outros temas parecem basilares num momento em que novas realidades se impõe e os cidadãos são cada vez mais penalizados por decisões em que não foram ouvidos e se demonstra não terem razoabilidade senão numa óptica de nada fazer e tudo se permitir por inacção.
Na óptica da revisão do PDM de Sintra, e tendo em conta a necessidade de uma cultura de participação e sustentabilidade versus planeamento dogmático e redutor, há que adoptar critérios de Governação do Território que deixem ao PDM mais um papel de estratégia e aos planos mais concretizados a acção e intervenção necessários.
Deve um instrumento como o PDM defender o conceito de Direito ao Território e não o Direito á Construção.
Na sua revisão, alguns tópicos para discussão:
1-Ponderar a possibilidade de elementos urbanos em espaços rurais pois o conceito de espaços delimitado é demasiado estanque e redutor, deixando de fora os direitos dos proprietários rurais, suas famílias e actividades económicas (extinguindo-as, na prática).
2-Definir quais e o que são áreas urbanas programadas (bem como aliás outros conceitos indeterminados e semânticos geradores de duplicidade de apreciação).
3-Reduzir as áreas urbanizáveis para critérios de sustentabilidade e adequação com as infra estruturas existentes, de modo a não criar a necessidade de investimentos não programados ou desejáveis numa lógica de ir atrás em vez de ser fio condutor.
4-Criar um capítulo para análise do mercado imobiliário e das mais valias expectáveis com as intervenções previstas e permitidas, de modo a “domesticar” a especulação imobiliária.
5-Definir um quadro prático de promoção de habitação, tendo em conta as suas carências efectivas, bem como, nas zonas rurais,as dos agricultores e suas famílias,as segundas residências,etc, travando a política de “expulsão” que tem atirado as segundas gerações de moradores para os subúrbios e criando bolsas de terrenos que pela dificuldade de construir apenas podem ser adquiridos por segmentos endinheirados que nenhuma actividade económica multiplicadora trazem consigo.
6-Mapar as zonas de risco e as dos recursos naturais (ex. mapa das zonas de incêndio, cheias, sismos, energia etc, também elas zonas  sensíveis mais que as ambíguas zonas de “protecção e enquadramento”, verdadeira cartola donde tudo pode surgir ainda que tudo simule proibir)
7-Definir a rede ferroviária e a rede de acessibilidades não só tendo o automóvel como centro mas a localização de serviços e os corredores para os empregos, escolas e equipamentos de saúde como prius.
8-Alterar a obrigatoriedade de plano de pormenor (moroso) para a aprovação de empreendimentos turísticos, criando uma figura de plano mais simplificado com a obrigatoriedade de estudo económico favorável vinculativo. Este aspecto subjaz a um outro mais profundo que é o de saber que tipo de turismo se pretende para Sintra,de molde a acabar com o actual modelo de excursionistas de 1 dia do triângulo Pena-Vila-Cabo da Roca e potenciar a oferta de sol mar natureza e cultura, dinamizando o turismo cultural e de  congressos.
9-Alterar as regras do uso de solos da RAN. De que serve desafectar um solo se depois se pede 1 hectare para construir? Esta afigura-se ser uma medida classista e discriminatória exemplificativa do “território para ricos” que por vezes emana do actual PDM.
10-Criar a Área de Paisagem Cultural de Sintra,englobando a área do concelho, do Parque Natural, POOC, Rede Natura 2000 e Centro Histórico,com homogeneidade de gestão. Esta foi a primeira a ser criada em 1994 depois da classificação como património mundial e paradoxalmente nunca foi expressa em nenhum instrumento de gestão territorial.
11-Criar um Agência Municipal de Investimentos,que promova as actividades económicas essenciais (na óptica do turismo, empregabilidade, fixação no terciário, lazer, habitação qualificada) e proponha uma política de apoios tributários que seja apelativa, passando pela prática reiterada de celebração de protocolos ou  contratos programa que desenvolvam um partenariado positivo e gerador de sinergias que se manifestem de modo permanente e não só no momento do licenciamento ou instalação.
12-Apostar numa cultura de participação de todos, reforçando as garantias dos particulares, a articulação com as entidades e clarificando as competências da autarquia. Se há sector onde a cultura de participação é menos visível é na do urbanismo e ordenamento do território, onde muitos tecnocratas vêm em planos  imperfeitos e conjunturais a Vaca Sagrada imutável e intolerante remetendo as aspirações de quem quer investir ou promover para o campo dos pecados veniais.

domingo, 22 de maio de 2011

E os eléctricos de Sintra?

Os eléctricos de Sintra parece terem hibernado uma vez mais, tornando-se uma saga de doente ligado à máquina mantido vivo só porque ninguém tem coragem de reconhecer que o seu tempo terminou. Não só porque numa óptica de economia do turismo e de análise custo/benefício são um elefante branco, um TGV de sinal contrário, não da alta mas da lenta velocidade, como o percurso não é hoje romântico, nem complementar da rede de transportes rodoviários, como era até aos anos setenta. Efectivamente, uma viagem que aspira os escapes dos carros que acelerados passam ao lado por trás de quintais desleixados ou grafitados, sem ligação com eventos que o integrem em visitas temáticas coerentemente organizadas, faz dele um velhinho simpático mas pouco mais que um cadáver adiado, não obstante o manancial de memória duma Sintra burguesa, dos pomares e dos ares da serra. Um debate sobre o eléctrico e sua viabilidade seria interessante, sem paixões românticas a favor ou economicistas contra, mas realistas, que respondam a questões muito simples: para quê? com quem? quem paga? . Tal como o famigerado teleférico que nunca veio, que outras opções em termos de oferta  romântica( e romântico não é sinónimo de obsoleto) podem surgir, enquadradas numa rede de percursos amigos do ambiente e ligados com a economia local, que não está toda (nem pouco mais ou menos....) ao longo da linha do eléctrico?Em estilo de almanaque, algumas informações. Sabia que:
-o eléctrico de Sintra foi aprovado por decreto do governo de 22 de Julho de 1899?
-que a construção da linha esteve a cargo de uma empresa francesa,a Darras e Cª,de Paris,sendo o projecto do engenheiro Lebastard Sagers?
-que o fornecedor dos eléctricos foi a empresa J.G.Brill Company,de Filadélfia,em 1903,num total de 13 unidades?
-que o primeiro eléctrico,guiado pelo engº Wan-der-Wallen fez o percurso de 8 km em 24m,a 27 de Março de 1904?
-que a inauguração do troço até Colares ocorreu a 31 de Março de 1904?
-que o total da linha era de 12.605m?
-que um bilhete de Sintra à Praia das Maçãs custava 200 réis?
-que a ligação ás Caves do Visconde Salreu ocorreu a pedido deste em 1924?
-que em 1937 só entre Sintra e a Praia das Maçãs se transportaram 48.310 passageiros?
-que em 1944 existiam 13 carros e 6 atrelados,dando o eléctrico trabalho a 100 pessoas?
-que o grande impulsionador do eléctrico entre 1923 e 1946 foi Camilo Farinhas?
-que o troço Praia das Maçãs-Azenhas do Mar funcionou entre 1930 e 1954?
-que em 1963 deixaram os eléctricos de ser azuis e passando,até hoje,à cor encarnada?


sábado, 21 de maio de 2011

Cultura e Lazer em Sintra 1950-1990


1950
 Por essa época, 1950,em Janeiro, o Carlos Manuel, hoje Olga de Cadaval, levava à cena “Dois maridos em apuros”, comédia em 3 actos pela companhia de Madalena Sotto/Assis Pacheco, enquanto o Sintra Cinema, na Portela, inaugurado em 1947, exibia o grande êxito do cinema americano, E Tudo o Vento Levou…
Diga-se que se organizavam carreiras especiais de autocarro para o cinema, sendo a ultima do dia, ligando Sintra, na Av.Desidério Cambournac às Azenhas do Mar. Em Março como habitualmente decorreu na Sociedade União Sintrense a Noite das Camélias, abrilhantada por Humberto Madeira e Artur Agostinho (já nessa altura...). Em 27 de Março, no salão de Galamares estreou “Colares terra de encantos” de Arlete Reis, com música de Fernando Moreira, enquanto Estefânea Vicente, da Vila Velha era eleita rainha das sociedades de recreio, em espectáculo onde brilharam o Imperial Jazz, de Colares, a orquestra Beira Mar, das Azenhas do Mar, e o artista da rádio Horácio Reinaldo. Na tradição da época, a 21 de Maio, o vice-presidente da Câmara, capitão Américo Santos, oferecia um bodo aos pobres, tendo sida gasta a módica quantia de vinte mil escudos!
A 9 de Julho, a grande festa do ano, que pôs em concurso as colectividades do concelho, num espectáculo no ring do Hóquei no Parque da Liberdade apresentado por Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, e locução de Cabral Rocha, da Rádio Graça. Integraram o júri entre outros Virgínia Vitorino e Lucien Donnat. Em época de Verão, também a 16 de Julho os jardineiros de Sintra promoveram a Festa da Dália na Sociedade dos “Aliados”, em S.Pedro, tendo actuado a orquestra Os Marmorites, de Pêro Pinheiro.
Agosto assinala o Festival de Sintra, no Carlos Manuel, a cuja comissão organizadora presidia o Visconde de Asseca, D. António Corrêa de Sá. O final do ano foi marcado pela polémica entre os que se manifestavam a favor da fusão entre “caracóis” e “papo-secos”, ou seja, os sócios das duas colectividades rivais de S. Pedro, Os Aliados e o 1º de Dezembro, com assanhadas manifestações a favor e contra. 
1951
A Sociedade União Sintrense é presidida por Manuel António Lourenço, e renovam-se as festas usuais (Noite das Camélias, com Maria Lemos, a orquestra “Boémia” entre outros, o Baile da Rainha nos Aliados).A Câmara que até então manifestara interesse em comprar o Casino, mostrou-se na altura desinteressada. Chega o Verão, e as festas sazonais: Em Julho, na SUS brilha o galã brasileiro da canção Odyr Odillon, e o Hóquei de Sintra inaugura o ringue do Parque da Liberdade. O Verão continua a trazer a Sintra vedetas da rádio, como a brasileira Alzirinha Camargo, enquanto em Setembro, no ginásio do Sintrense vai à cena “As Duas Causas”, ensaiado por António Gonçalves Amorim. Também no Mucifal, José Fernandes Badajoz apresenta “João o corta mar”.
Em Monserrate decorre uma exposição floral, e o Instituto de Sintra elege Oliva Guerra para presidente duma direcção que também contava com José Alfredo e José António de Araújo. Brilhante foi em Setembro o festival artístico do Hóquei: com locução de Leite Pereira, desfilaram Humberto Madeira, a orquestra Carioca, conduzida pelo maestro Fernando de Carvalho, Max, o tenor Tomé de Barros Queirós, Villarett, Odyr Odillon, Júlia Barroso, entre outros, tudo com o apoio da revista Flama. 1951 chega ao fim, nestes dias da rádio, com apresentação no Sintra-Cinema dos Companheiros da Alegria, de Igrejas Caeiro  e Irene Velez.
1952
Por essa altura brilhava em Sintra o Quarteto Cristal e em Colares a Orquestra Imperial Jazz, do maestro Fernando Moreira, sendo vocalista José Fernandes Badajoz. A tradicional Noite das Camélias é abrilhantada por Toni de Matos.
1953
A Noite das Camélias (foto abaixo)deste ano é abrilhantada pela Orquestra Copacabana, de Lisboa. Em Maio, o Sport União Sintrense (SUS) leva à cena “O Poder de Fátima” pelo grupo artístico Rentini. Em Setembro cabe a S. Martinho receber a Nossa Senhora do Cabo, sendo presidente da Comissão das Festas Eduardo Frutuoso Gaio.
1954
Em 30 de Setembro decorre a Noite do Mambo, no Sport União Sintrense.
1955
A 12 de Fevereiro decorre a Noite do Baião, na SUS, onde actuam entre outros o tenor Tomé de Barros Queirós e Mimi Gaspar. A 13 de Junho é inaugurado o Museu de Odrinhas.
1956
A 18 de Fevereiro na SUS é feita a eleição de Miss Estefânea, abrilhantada pela Orquestra Talismã. A 28 de Abril o cine-teatro Carlos Manuel inaugura o Cinemascope com o filme “Helena de Tróia" e a  12 de Maio o cénico de Colares leva à cena “O Anjo da Guarda”.
1957
Em Janeiro, Maria Almira Medina edita “Madrugada” a 27, a Orquestra de Domingos Vilaça abrilhanta A Tarde das Estrelas na SUS, a 2 de Junho é inaugurada a Casa Museu Leal da Câmara.
1958
Por essa altura, fazem sucesso as bandas “Os Mexicanos” de Galamares, ou a Orquestra Royal Star, de Sintra. A 15 de Julho, o Teatro de Gerifalto leva à cena no Largo Rainha D. Amélia, na Vila, a Farsa de Inês Pereira, com Rogério Paulo, Mário pereira, Fernanda Montemor, entre outros.Em Agosto decorrem as II Jornadas Musicais de Sintra e a 30 de Agosto o Ballet Verde Gaio actua em Monserrate.
1959
Decorre no casino uma grande festa de Carnaval, com Simone de Oliveira, Maria José Valério, e outros, animada por Vítor Lemos. O baile das Camélias deste ano é apresentado por Amadeu José de Freitas. A 3 de Maio a SUS promove a Noite das Rosas, com Luís Piçarra e António Calvário, entre outros, e o escultor Anjos Teixeira (pai) ganha o Prémio Soares dos Reis. Em Agosto decorre o III Festival de Sintra, com Nela Maissa e Maria Helena Sá e Costa, entre outros.
1960
Setembro:Roland Petit e Zizi Jeanmaire  fecham o festival de Sintra desse ano.
 1961
Em Fevereiro Laura Alves e sua companhia levam à cena “Boa Noite Betina!” no Carlos Manuel e em Outubro, nas bodas de ouro do Sport União Sintrense actuam Alice Amaro, António Calvário e Madalena Iglésias, no Carlos Manuel. Em Fevereiro, Laura Alves representa no Carlos Manuel “Criada para todo o Serviço” e os Bailados Verde Gaio de Fernando Lima actuam no Carlos Manuel. Em Agosto, a Filarmónica de Pêro Pinheiro fica em 2º lugar no Festival Mundial de Bandas, em Kerkrade, na Holanda, tendo uma recepção apoteótica à chegada. 
1963
Em Setembro, as festas de N.Sra do Cabo decorrem em S.Pedro de Penaferrim.
1964
25 de Janeiro, primeira apresentação do agrupamento musical sintrense “Diamantes Negros”(foto abaixo). Em Fevereiro o grupo cénico do Sintrense representa “O Natal do Zé Caniço” na Assafora. Sai o corso de Mucifal organizado por Agostinho Limpo, David Tomás e Miguel Lavrador entre outros(foi até à Vila, passando por Galamares). Em Maio o cénico do Mucifalense encena “Os Fidalgos da Casa Mourisca” . Em Agosto decorre o VIII Festival de Sintra e o XVII Concurso Hípico, no campo do Sintrense. Em Dezembro Francisco José actua no Colarense.
1965
 “Que mulheres!” vai à cena no teatro do Sintrense, na Estefânea. Volta a organizar-se o Carnaval do Mucifal, sendo do júri Natalina José,Leite Pereira, Nunes Correia e Fernanda Baptista entre outros. Em Março António Calvário e Paula Ribas actuam na Tuna Operária de Sintra e nos Limpos, no Mucifal, decorre uma “Noite de Estrelas”, com José Castelo, Fernanda Baptista e Mariette Pessanha entre outros.
Em Abril Toni de Matos actua no Colarense e em Junho o grupo cénico do Mucifal dirigido por David Tomás apresenta “Raça”. O IX Festival de Sintra é encerrado pelo presidente Américo Tomás a 1 de Setembro com a actuação da The Natural Youth Orchestra, do Reino Unido. Nesse ano, no reveillon do Hotel das Arribas actuam Toni de Matos, Mariema, Humberto Madeira, apresentados por Armando Marques Ferreira.
1966
Em Abril, Bénard da Costa ministra um curso de iniciação ao cinema no Palácio Valenças, exibindo Citizen Kane e em Agosto a banda de Pêro Pinheiro ganha o 3º lugar no concurso de bandas em Kerkrade, na Holanda.
1967
Em Novembro é inaugurada a nova sede de “Os Aliados” em S.Pedro(a actual).
1968
Em Junho a Tuna Recreativa Mucifalense leva à cena “O Morgado de Fafe Amoroso”.
1970
Em Agosto, inauguração das novas instalações da Biblioteca de Sintra no Palácio Valenças.
1971
A FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho) organiza em Abril um serão para trabalhadores em que participam entre outros Maria João Pires e Manuel Lereno e em Maio nos Encontros de Sintra participam entre outros Lagoa Henriques, Francisco Costa e António Quadros. Em Julho Lenita Gentil, Gina Maria, Hermínia Silva actuam no cine-teatro Carlos Manuel e Fernando Lopes Graça e Nela Maissa actuam no Festival de Sintra. Em Outubro Sequeira Costa e Maria Germana Tânger participam nos encontros de Sintra. Viana da Mota é homenageado em Colares, onde viveu na infância.
1972
Em Maio decorrem no Palácio Valenças os II Encontros de Sintra, com Hernâni Cidade, Tânia Achot, Vitorino Nemésio, Jorge Listopad entre outros.
1973
Em Abril Ferreira de Castro(foto acima) doa o seu espólio a Sintra e em Maio decorrem mais uns Encontros de Sintra. 
1974
Em Fevereiro, o Grupo Dramático do Mucifal leva à cena nos Bombeiros Voluntários de Colares a peça “Recordar é Viver”. Decorrem os IV Encontros de Sintra. Nesse ano morrem dois amigos de Sintra: Ferreira de Castro e Raul Lino. Em Setembro é assinada a cedência do espólio dos escultores Anjos Teixeira, pai e filho, à Câmara de Sintra.
1975
Inumação das cinzas de Ferreira de Castro na serra de Sintra(Maio) e inauguração da  estátua de D. Fernando II no Ramalhão (Junho).
1976
Em Fevereiro, o grupo Pérola da Adraga leva à cena na Sociedade Recreativa de Almoçageme, “A Pérola das Sogras”.
1977
Fevereiro. Na Sociedade de Fontanelas e Gouveia José Valentim Lourenço(foto abaixo) encena a revista “Minha Aldeia, Minha Gente” . José Alfredo inicia um ciclo de  crónicas no Jornal de Sintra, mais tarde reunida nas Velharias de Sintra. Em Abril a Sociedade Byron, de Londres, visita Sintra. Em Setembro é inaugurado o Museu Anjos Teixeira  
1979
Em Março, em Fontanelas sobe à cena a revista “Sangue na Guelra”, actuando a Orquestra Flor da Aldeia, de Fontanelas. Em Colares existia o conjunto musical Base, sendo vocalista Vítor Monteiro.
1980
Festejos de Nossa senhora do Cabo em S. Martinho.
1981
Em Fevereiro decorre o Encontro Nacional de Espeleólogos em Sintra.
1982
Inaugurado o Museu Ferreira de Castro.
1983
Em Maio renasce o Instituto de Sintra, com António Pereira Forjaz como presidente e Francisco Costa presidente da Assembleia Geral. Em Outubro morre António Medina Júnior, fundador e director do Jornal de Sintra, sucedido por Maria Almira Medina(foto abaixo)

1984
De 23 a 25 de Março decorre o I Encontro dos Agentes Culturais do Concelho de Sintra e em Abril a homenagem a José Fernandes Badajoz no cine-teatro Carlos Manuel. Também em Abril o grupo de teatro CIDRA, da escola secundária de Santa Maria leva à cena “Amor de Curtição” e decorrem IV Encontros de Sintra, com a participação, entre outros, de David Mourão Ferreira e Nela Maissa. Em Junho é o Festival Nacional de Folclore, em Belas e de Julho a Setembro o XIX Festival de Sintra. Em Agosto as Festas de Nossa Senhora do Cabo na Terrugem.
1985
Em Fevereiro o teatro da Sociedade União Sintrense leva à cena “Um Pedido de Casamento “ de Tchekov, e o Grupo Cénico “Os Filhos do Povo” de Montelavar apresenta na Cabrela “A Casa de Bernarda Alba” , encenada por Gil Matias .Em Maio, o grupo de teatro CIDRA apresenta “Foi como é”. 
Em Julho é o I Encontro de Poetas Populares do Concelho de Sintra e em Agosto as Festas de Nossa Senhora do Cabo em S. Maria e S. Miguel e o Congresso Internacional do Romantismo. Em Outubro João de Melo Alvim leva à cena na Sociedade União Sintrense “O Último Acto” de Camilo Castelo Branco.
1986
Em Março, no Sabugo, Gil Matias leva à cena “A Vizinha do Lado”.
1987
Em Março, o II Festival de Teatro Amador do Concelho de Sintra e as I Jornadas de Teatro de Sintra, participando grupos como Os Filhos do Povo, de Montelavar, o Teatro da Sociedade, de Sintra, Masgiruz, de Queluz e outros, na Sociedade União Sintrense. 
Em Maio nasce a Orquestra Regional de Colares, sob inspiração de David Tomás e Fernando Moreira e em Junho no Palácio Valenças decorre o I Colóquio de Etnografia da Região Saloia. Em Julho, o II Cortejo Histórico de Sintra. É anunciada a constituição do Chão de Oliva, que inclui o Teatro da Meia-Lua e a Escola de Iniciação ao Teatro.
Em Agosto a I Bienal de Arte de Sintra e em Setembro o II Congresso Internacional do Romantismo.
1988
É criado o Instituto D. Fernando II. Ana e António Sala actuam na Noite das Camélias. O Teatro da Meia Lua apresenta em Lourel “A Lenda da Nau Catrineta”. Em Março morre o escritor Francisco Costa(foto abaixo) e em Outubro decorre o I Mercado de Teatro de Sintra.
1989
Em Janeiro a CMS lança a revista “Sintria”, orientada por Cardim Ribeiro e estreia a Orquestra de Câmara D. Fernando II. Em Março José  Valentim Lourenço encena  “Bodas de Prata” na Sociedade Recreativa de Fontanelas e Gouveia e em Abril decorrem os III Encontros de Teatro Amador do Concelho de Sintra. Em Junho é exibida na União Mucifalense a peça “O Padre Piedade” e em Julho o Teatro da Meia-Lua representa Portugal no Festival Mundial de Teatro Amador no Mónaco, com a peça "Foi como é”. 
Em Novembro abre a Escola Profissional de Recuperação do Património e o Chão de Oliva apresenta “Comunidade” de Luís Pacheco no Casino.
1990
Decorre a I Trienal de Arquitectura de Sintra. Em Dezembro, o teatro da Veredas apresenta “As Aventuras de D.Quixote”, com Alfredo Brito e Pedro Wilson.
Em outra abordagem, falarei dos dias de hoje, de 1990 para cá. Realce para o facto de este tipo de cronologias não ser necessariamente exaustivo, havendo muitos mais eventos a referir, mas como sempre, esse é um work in progress, desde já lançando o convite a que outros factos não mencionados sejam transmitidos, a fim de se produzir uma informação útil em termos de história local.