domingo, 5 de junho de 2011

Os presidentes da Câmara de Sintra


Nos últimos 50 anos Sintra conheceu 11 presidentes da Câmara Municipal. Antes do 25 de Abril, o cargo não era electivo, mas por nomeação, sendo os presidentes geralmente da confiança do partido único, a União Nacional.


Desde 1958, e substituindo César Moreira Baptista (1953-1958) ocupou o cargo o prof. Joaquim Fontes, médico e homem de cultura. No seu tempo, o Hóquei Club de Sintra foi campeão de Portugal em hóquei em patins e Nafarros, S.João das Lampas e Gouveia inauguraram a luz eléctrica. Morreu no cargo, de doença súbita, em 10 de Setembro de 1960.
Sucedeu-lhe o Visconde de Asseca, D. António Correia de Sá,(1961 a 1968), período no qual as relíquias de D.Nuno Álvares Pereira vieram a Sintra, foi inaugurada a iluminação pública no Largo Rainha D.Amélia, na Vila Velha, e abriu o Hotel das Arribas( tudo em 1961).
Em 1962 foi  criada a freguesia de Algueirão-Mem Martins,por influência de Isaías Paula, João Cordeiro e Francisco Fernandes entre outros, Lourel de Cima inaugurou um chafariz público, em Maio decorreu a inauguração da Tabaqueira, das novas instalações do Hóquei Clube de Sintra e do Colégio D. Afonso V, já em Outubro. 
Em meados da década começa a urbanização de zonas como Algueirão e Rio de Mouro e abre o Hotel Miramonte, em Colares. Por essa altura se inauguraram igualmente as piscinas da Praia Grande e a estrada Várzea de Sintra-Fachada. Infausto, um incêndio na serra de Sintra em Setembro de 1966 provocou 25 mortos entre os militares que o combateram, e em Novembro de 1967  as cheias na zona de Lisboa afectaram Cacém, Belas e Queluz provocando 12 mortos na região de Sintra.A 10 de Janeiro de 1968, aos 67 anos o presidente da Câmara D.António Corrêa de Sá, visconde de Asseca, presidente desde 1961 e vereador de 1947 a 1960,testamenteiro de D.Manuel II e sua esposa Augusta Victória  e chamberlain da rainha D.Amélia já no exílio, morre, de doença prolongada.
Sucede-lhe em Abril de 1968 o coronel Joaquim Mendonça Duarte Pedro, antigo governador de Cabo Verde . Nesse período surge a electrificação do campo de jogos do 1º de Dezembro, a iluminação pública em Sacotes, a luz eléctrica em Campo Raso e na Ulgueira, abrem o grémio da Lavoura de Sintra e a ponte de Colares, ergue-se a antena de televisão de Janas , realiza-se a I Feira Agro-Pecuária de S. João das Lampas, em Colares ocorre a milionária festa Schlumberger. A 3 de Julho de 1969, pouco mais de um ano depois, o coronel Duarte Pedro demite-se.
É então a vez de António Pereira Forjaz, antigo presidente do Sport União Sintrense e figura da vida local, que exerceu o lugar a partir de Janeiro de 1970.

Durante o seu mandato, que durou até ao 25 de Abril de 1974, foi inaugurado o Bairro Administrativo de Queluz e o posto de turismo do Cabo da Roca, a luz eléctrica em S. Marcos, as novas instalações da Biblioteca de Sintra no Palácio Valenças, o posto de correios da Praia das Maçãs. João Pimenta inicia a urbanização intensiva na zona de Sintra com as construções J.Pimenta e  ganham regularidade os Encontros de Sintra.
Depois do 25 de Abril, só a 14 de Junho, toma posse uma Comissão Administrativa, composta por José Alfredo Costa Azevedo (presidente) José Joaquim de Jesus Ferreira, Aristides Campos Fragoso, Lino Paulo, Jorge Pinheiro Xavier, Cortêz Pinto, Álvaro de Carvalho, Manuel Monteiro Vasco,Carlos Quintela, António Manuel Carvalheiro, Manuel Maximiano e Mário Barreira Alves. 

Foi um período conturbado e de mudanças. Em Maio de 1975  procedeu-se à inumação das cinzas de Ferreira de Castro na serra de Sintra e em Junho desse ano à inauguração a estátua de D.Fernando II no Ramalhão, tributos pelos quais se bateu José Alfredo Costa Azevedo. José Alfredo abandona a Comissão Administrativa em Fevereiro de 1976, agastado, ficando no seu lugar  até ás primeiras eleições autárquicas, em Dezembro desse ano Cortêz Pinto.

Inicia-se então o período democrático regular, com vereações eleitas por 3 anos e a partir de 1985 para mandatos de quatro. 
A 12 de Dezembro de 1976, o tenente-coronel Júlio Baptista dos Santos  foi eleito primeiro presidente da câmara depois do 25 de Abril e Maria Barroso presidente da Assembleia Municipal(depois substituída por José Valério Vicente).

O PS elegeu 6 vereadores ( Júlio Baptista dos Santos, Rui Fonseca ,Sérgio Melo, Alcides Matos, Oliveira Barbosa e Valério Chiolas) a FEPU 3(Lino Paulo, Cortêz Pinto e Mário Alves) o PPD 1(Eduardo Lacerda Tavares) e o CDS 1(Fernandes Figueira).
 Nesse período foi inaugurada em Mem-Martins a cooperativa de ensino A Papoila e o miradouro de Santa Eufémia. Em Setembro de 1977, o Museu Anjos Teixeira. Em 1978, a Academia da Força Aérea na Granja do Marquês.
Em Dezembro de 1979, o despachante alfandegário José Lopes é eleito presidente da CMS pela AD. Nesse inicio da década de oitenta, Sintra assistiu a um crescimento ainda moderado do urbanismo e das zonas urbanas, a par das preocupações com a protecção da serra e o litoral. Politicamente a década foi marcada por gestões autárquicas da Aliança Democrática com forte presença da Aliança Povo Unido na gestão da CMS.
Na Câmara presidida por José Lopes foram vereadores Lino Paulo, Júlio Baptista dos Santos, Germano Coutinho, Jaime da Mata, Machado de Souza, Mário Alves, Teves Borges, Jaime Alcobia, Frederico Estêvão e José Valério Vicente. Jaime Figueiredo Gonçalves foi presidente da Assembleia Municipal. Por esses dias foi inaugurada a sede da Associação de Comerciantes de Sintra, na Estefânea, e o polémico Hotel Tivoli, na Vila. Foi criada a Área de Paisagem Protegida de Sintra-Cascais e inaugurados a escola primária da Várzea de Sintra , o Museu Ferreira de Castro e a Repartição de Finanças do Cacém, entre outros melhoramentos.
Em Dezembro de 1982, é a vez de Fernando Tavares de Carvalho da AD vencer as eleições autárquicas com 37294 votos, ficando a APU a 1500 votos com 35790. Foram  vereadores Lino Paulo, Raúl Curcialeiro, Salvador Correia de Sá, Jaime da Mata, Correia de Andrade, Hermínio dos Santos, Vera Dantas, Fernando Costa, Megre Pires e Felício Loureiro.  Joaquim Bento Sabino presidiu à Assembleia Municipal. 

Tavares de Carvalho cumpriu dois mandatos, até Dezembro de 1989, período no qual renasceu o Instituto de Sintra, com António Pereira Forjaz como presidente e Francisco Costa presidente da Assembleia Geral, abriu a estação dos correios da Portela de Sintra e ocorreram as calamitosas cheias de 1983. A Câmara  aprovou a primeira fase das urbanizações do Grajal e de Fitares, com projecto inicial de 2000 fogos e foi lançada a primeira pedra do Hóquei Clube de Sintra em Monte Santos, inauguradas escolas primárias na Portela de Sintra, Magoito e Lourel. A vida cultural teve algum realce, na década, com o aparecimento do grupo de teatro CIDRA, o I Encontro de Poetas Populares do Concelho de Sintra ou o Congresso Internacional do Romantismo. Em Dezembro de 1985 a AD(PSD/CDS)  volta a ganhar as eleições autárquicas, com 32181 votos sendo Fernando Tavares de Carvalho reconduzido, a APU de Lino Paulo ficou a 700 votos com 31469. O brigadeiro Machado de Souza foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Sintra. Neste segundo mandato, a Rádio Ocidente inicia emissões, é criado o GRAUS com vista à recuperação do centro histórico de Sintra, nasce a CHESMAS -Cooperativa de Habitação Económica, e o teatro  Chão de Oliva, impulsionado por João Melo Alvim e Maria João Fontaínhas. Decorrem as I Jornadas de Teatro de Sintra, participando grupos como Os Filhos do Povo, de Montelavar, o Teatro da Sociedade, de Sintra, Masgiruz, de Queluz e outros, e nasce a Orquestra Regional de Colares, sob inspiração de David Tomás e Fernando Moreira. 
Em 1988  Algueirão-Mem Martins é elevada a vila e é criado o Instituto D.Fernando II. A Assembleia da República aprova a criação da freguesia de Pêro Pinheiro e Sintra gemina-se com a cidade marroquina de El Jadida (antiga Mazagão), abre a   Escola Profissional de Recuperação do Património.
Chega Dezembro de 1989  e o industrial e comendador João Francisco Justino é eleito presidente da Câmara como independente pela lista PSD/CDS, com 34% dos votos.A CDU teve 31% e o PS 29%.

Da nova Câmara faziam parte Rui Silva, Ferreira dos Anjos, João Carlos Cifuentes, Lino Paulo, Jaime da Mata, Felício Loureiro, Vera Dantas, Correia de Andrade, Álvaro de Carvalho e Pinto Simões. Rómulo Ribeiro é presidente da Assembleia Municipal.Decorre a I Trienal de Arquitectura de Sintra, inaugura-se o novo relvado do Sintrense, mas ao longo do ano de 1990 degrada-se a relação entre o presidente Justino e o vereador do CDS Ferreira dos Anjos, originando sindicâncias à Câmara de Sintra, até que em Outubro desse ano o PSD lhe retira o apoio político. Abre o mercado de Mem Martins e surge a cooperativa cultural Veredas. Depois dum período conturbado João Justino perde o mandato no Tribunal Administrativo, sendo substituído em 1992 pelo vice-presidente Rui Silva, do PSD, que completou o mandato, no meio de alguma turbulência política.
Em 1994 e até 2001(2 mandatos) ocupou a presidência a socialista Edite Estrela, num período em que Sintra subiu a Património Mundial da Humanidade, se concluiu o IC-19, abriram o Centro Cultural Olga de Cadaval e o Museu de Arte Moderna, a Câmara adquiriu a Quinta da Regaleira e foi criado o Parque Natural de Sintra-Cascais.Sintra tem agora 20 freguesias e roça os 400.000 habitantes.

Foram vereadores nesse período Álvaro de Carvalho, Pinto Simões, Lino Paulo, Estrela Ribeiro, Viegas Palma,Fausto Caiado,Matos Manso, Rui Pereira, Baptista Alves entre outros. Fernando Reino e Jorge Trigo presidiram à Assembleia Municipal.
Em Janeiro de 2002 o social-democrata Fernando Seara venceu as eleições, ocupando o lugar pela terceira vez, com mandato até  2013.Foram vereadores neste período Marco Almeida, Luís Patrício, Lino Ramos, Ana Duarte, Paula Simões, Luís Duque, Baptista Alves, Guadalupe Simões, João Soares, Ana Gomes, Rui Pereira, Domingos Quintas, Eduardo Quinta-Nova e Ana Queirós do Vale. Ribeiro e Castro e Angelo Correia foram presidentes da Assembleia Municipal. Neste período tem-se vindo a dar a transferência para a câmara de muitas competências na área da educação, sendo a prioridade orçamental a acção social, numa altura em que Sintra se encontra à beira de destronar Lisboa como primeiro concelho do país, um dos mais jovens e multiculturais.Sintra aderiu à Aliança das Paisagens Culturais e surgiu a Parques de Sintra-Monte da Lua como gestora da área do património mundial, inaugurou-se o Centro de Ciência Viva, a Casa Mantero e o novo Tribunal, o Museu de História Natural e a Casa de Cultura de Mira Sintra.

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