A Câmara Municipal de Sintra vai
homenagear no dia 16, na Casa de Teatro de Sintra, o encenador e homem do
teatro João Mello Alvim, figura presente e de referência no panorama local
desde há mais de 30 anos. Passando pelo teatro CIDRA, nascido na Escola
Secundária de Santa Maria, em 1981, com “Amor de curtição”, a direcção
da Sociedade União Sintrense, onde igualmente apresentou espectáculos (“Um
Pedido de Casamento “ de Tchekov, ou “O Último Acto” de Camilo
Castelo Branco, em 1985) e a criação do Chão de Oliva, em Julho de 1987, que
incluiu o Teatro da Meia-Lua (representante de Portugal num festival de teatro
amador no Mónaco, em Julho de 1988) e a Escola de Iniciação ao Teatro. Quem
viveu em Sintra nesses anos recordará o pouco teatro que então se fazia, e a
pedrada no charco que foram peças como “Comunidade” de Luís Pacheco no
Casino, ou as levadas à cena no antigo Carlos Manuel depois de Fevereiro de
1991 ( “Maçãs do Mar” “Grande trabalho é viver” “O Falatório de Ruzante” “A
Fé nos Amores” “A Birra do Morto”,"O Mistério da Estrada de Sintra",
"O Auto da Índia", "Não se paga! Não se paga!" e muitas
outras, onde em várias pontificou a malograda Maria João Fontaínhas, ou actores
como Alfredo Brissos.
Dotada de uma casa em permanência,
inaugurada em Outubro de 1999, (foto acima) na Casa de Teatro de Sintra, a
marca Chão de Oliva estendeu-se a outras vertentes, como o teatro de marionetas
ou os alojamentos de companhias visitantes, sempre em ligação com outros
actores e grupos de teatro que entretanto foram surgindo, como o Utopia Teatro,
os Tapafuros, a Casa das Cenas ou o teatromosca, continuando João Alvim a ser
presença de referência, fosse na cena teatral, fosse colaborando com a imprensa
local, nomeadamente no Jornal de Sintra. Sabe-se a sua aversão a homenagens,
contudo, mal andaria a comunidade através dos seus representantes se deixasse
passar em claro o trabalho incansável e nem sempre recompensado de alguém que
trouxe uma lufada de ar fresco a uma Sintra até então palco apenas do teatro
das sociedades, do qual herdou o entusiasmo, enriquecendo-o com técnica e
dramaturgia, e obrigando os cultores do mainstream de Lisboa a fazer o
percurso inverso, para em Sintra assistir a bom teatro. Levante-se pois o pano
e acendam-se as luzes da ribalta para o Senhor Teatro. Sintra deve-lhe essa
homenagem.
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