Passa hoje um ano sobre os repugnantes atentados de Oslo e
Utoya e dois dias apenas depois de um outro tresloucado ter abatido 12 pessoas em
Aurora, no Colorado, o que coloca de novo a premência da discussão em torno do acesso e facilidade com que se
adquirem e usam armas de fogo, muitas vezes proibidas mas cuja compra não é
reprimida ou eficazmente controlada.
Nos Estados Unidos, a segunda emenda da Constituição garante
o direito dos cidadãos americanos a terem acesso a armas, e o Supremo Tribunal tem
sido tendencialmente a favor do seu uso e porte por civis, nas ocasiões em que surgiram
tentativas para limitar o seu uso e aquisição em alguns estados e cidades.
Nos Estados Unidos há mais de 300 milhões de armas de fogo
nas mãos dos cidadãos, e massacres, como o ocorrido em Aurora, no Colorado, prometem
reabrir o debate sobre esse direito garantido pela Constituição.
O massacre de Aurora, onde um homem matou 12 pessoas e deixou
mais de 50 feridos durante a ante-estreia do filme 'Batman: O Cavaleiro das
Trevas Ressurge', é o mais trágico desde o massacre de 33 estudantes na
universidade Virgínia Tech em 2007, e aconteceu apenas a 20 quilómetros do
massacre no instituto Columbine, onde dois alunos mataram 13 pessoas antes de
se suicidarem em 2009, e que originou um premiado filme de Michael Moore.
Obama, que manteve o silêncio sobre a posse de armas durante
todo o seu mandato, acredita que é preciso tomar medidas de bom senso que
protejam os direitos da Segunda Emenda, assim como as limitações das vendas de
armas de fogo presentes nas leis actuais, o que continua a adiar uma decisão
clara num dos países mais violentos do mundo e onde a imagem do cowboy que
atira primeiro e verifica depois ainda não saiu do imaginário e do código
genético dos desbravadores da América. Ao contrário, desde 2009 o direito a possuir armas aumentou em algumas áreas, como nos parques nacionais e nos
comboios da Amtrak.
No final de 2011, segundo a Gallup, 73%, dos americanos eram
contra a proibição da posse de armas de fogo no país e apenas 26% eram a favor
da proibição, sendo que há 20 anos esse número ficava em 41%.
Depois de Utoya, Aurora, Columbine e dos milhares de exemplos
que diariamente pululam nos jornais, há que reforçar a luta pela limitação do
uso de armas para fins violentos e que possam perigar outros direitos mais
sagrados ainda, como o da vida e da segurança.
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