quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Geração NEET


 A taxa de desemprego entre os jovens na União Europeia situa-se globalmente acima de 17%, e segundo a Organização Internacional do Trabalho cairá para cerca de 15% em 2017. Não por terem aumentado as perspectivas de emprego, mas porque os jovens estarão a afastar-se do mercado de trabalho, desistindo de procurar emprego e saindo assim das estatísticas. Em simultâneo, muitos tenderão a deixar de estudar engrossando uma nova geração a que os tecnocratas já chamam de NEET: neither education nor employment (nem a estudar nem com emprego).
Em Maio, a OIT revelou que a taxa de NEET’s subiu 1,9% na União Europeia entre 2008 e 2010 (antes da crise (2008) a taxa situava-se nos 10,9%).
Também o crescimento do mercado de trabalho em part-time entre os adultos (maiores de 24 anos) estará a contribuir para o aumento destes números, quando 17% dos trabalhadores informais já são jovens.
Portugal está com uma taxa de desemprego jovem de 36,4%( 29,4% no mesmo período do ano passado), quando a média da União Europeia a 27 é de 22,5%.
Face a isto, há que olhar para os jovens com prioridade, a todos os títulos: para que eles se realizem profissionalmente e possam constituir família, aumentar a natalidade e ser autónomos; para que como contribuintes possibilitem o aumento na cobrança de impostos com que se financie a economia; para que como consumidores dinamizem o mercado e a distribuição de rendimento; e para que com o seu contributo arejado e inovador tragam massa crítica e desenvolvimento à sociedade que por ora vai assistindo ao seu desperdício geracional. Daí que muitas mais medidas são precisas, para além dos estágios de empregabilidade duvidosa ou a redução da taxa social única às empresas que contratem jovens, que apenas servirá para facilitar o despedimento oportunista dos mais velhos. São precisos mais estímulos à contratação de jovens, mais crédito para os empreendedores que queiram tentar o seu negócio, criando empresas startup ou vocacionadas para a investigação e o desenvolvimento, mais renovação na administração pública, permitindo a renovação das gerações e a mudança de mentalidades. Sob o signo da crise, é preciso que a geração NEET não tenha vindo para ficar, incubando frustrações, violência e anomia social.

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