2012, o ano que se aproxima do fim, pode considerar-se o Ano II da Troika, com o desemprego, os cortes, o fim do estado Social e as privatizações na ordem do dia, a par do aumento da contestação social e política, tudo, claro, sem que isso nos faça similares à repelente Grécia, país onde nasceram as palavras crise e caos.
Foi um ano atípico e cinzento, com espiões indiscretos e maçons nada discretos, o país profundo a tocar sinos pelas freguesias, as promoções do Pingo Doce, a partida de Miguel Portas, ou o acórdão do Tribunal Constitucional. Cavaco virou presidente pelo Facebook (LOL), e assistiu-se às birras de Portas (Paulo), à saída de Louçã, às greves de Arménio Carlos, ao inefável "doutor" Relvas e ao intragável cyborg Gaspar. Sem faltar a confusão da TDT, as eleições nos Açores, a continuação do jardinismo, o 15 de Setembro e reality show em S.Bento, com pedras, polícias, ecopontos em chamas, e televisões. E, pairando como sapo, de nenúfar em nenúfar, Passos, sempre ele, o aprendiz de feiticeiro, seguidor da fada Merkel e refundador anunciado dum Estado que levou ao fundo, para como Fénix, na cartilha de Gaspar, o Excel(ente), renascer numa manhã de nevoeiro, coisa em que só ele e Álvaro, o exportador de pasteis de nata, acreditam.
Na Cultura, depois do erro de casting chamado Francisco José Viegas e dos cortes que quase extinguiram grupos e criadores, a perda de figuras como Bernardo Sassetti, Fernando Lopes, Joaquim Benite, Pedro Osório, Dalila Pereira da Costa, Emanuel Nunes, António Tabucchi, Manuel António Pina e José Hermano Saraiva. Pior não podia ter sido. Valha a discreta Guimarães Capital Europeia da Cultura e o premiado Tabu de Miguel Gomes. Também no desporto, mais um Europeu de muita parra e pouca uva, valendo o remo olímpico contra a maré dos azares. Até o meu Sporting transformou Alvalade em jazigo, à espera de melhores dias e jogos.
O mundo é cada vez mais dos BRIC e menos da Europa, continuando as fragilidades das primaveras árabes, o czar Putin e o cool Obama, e chegando um esvaziado Hollande, um empaellado Rajoy ou um entroikado Samaras. A juntar ao naufrágio do euro, o do Costa Concordia, o furacão Sandy e ventos de mudança na Birmânia, os Olímpicos de Londres, o jubileu da rainha e as proboscídeas caçadas de Juan Carlos. E ainda o golpe em Bissau, a insurreição no Mali, e o war as usual em Israel. Partiram Oscar Niemayer, Carlos Fuentes, Donna Summer, Robin Gibb, Ytzak Shamir, Gore Vidal, Larry Hagman, Scott McKenzie,Neil Armstrong, Ben Bella, Fraga Iribarne, Theo Angelopoulos, Ben Gazzarra e Witney Houston, e o mundo ficou mais pobre.
Para 2013, Ano III da Troika, muitas dúvidas e algumas (infelizes) certezas. Haverá eleições antecipadas? A RTP será privatizada? O Porto vencerá o campeonato? Merkel continuará depois das eleições? Uma coisa é certa: foram-se já 4 feriados, 2 subsídios, e muitas oportunidades para dar a volta à crise, enleados que estamos na teia duma Europa sem rumo e sem soluções. Mas, a menos que o mundo acabe no dia 21, nunca é tarde para tentar dar a volta…
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