sábado, 29 de novembro de 2014

Contra o jornalismo abutre



A comunicação social é usualmente designada como o quarto poder, com a função de informar e influenciar o debate político, denunciar injustiças e dar voz à opinião crítica e diversificada, espelho da sociedade aberta e contemporânea. Foi através dela que muitos casos foram denunciados e alertas foram lançados, de que cito, só para exemplificar, o caso Watergate na América dos anos 70, e que conduziu à queda de um presidente.

Há porém limites e derivas a que há que estar atento: o simples facto de se escrever um artigo ou um editorial num jornal não dá a certeza da verdade ou da justeza da posição de quem escreve ou fala. Motivados pela obsessão da manchete ou do “furo”, do sensacionalismo ou da necessidade de “vender”, está o jornalismo moderno eivado duma espectacularidade que tende a dramatizar as notícias, quando não a construí-las, sendo a comunicação social muitas vezes quem dita as agendas políticas e não o seu contrário. É precisa uma linha divisória neste universo, e não esquecer que os jornais, as rádios e as televisões têm donos, que são muitas vezes grupos económicos com outros interesses na economia do país ou no desfecho de casos de justiça em que os seus donos e accionistas são muitas vezes parte, impedindo ou desincentivando o jornalismo de investigação que incida em áreas onde os donos desses meios de comunicação social possam vir a ser visados, sejam eles empresários duvidosos, elites africanas ou “testas de ferro” dos negócios.

Há pois que estar atento, cruzar informação e esperar que o contraditório e o cruzamento das fontes seja feito, com respeito pela ética e deontologia profissionais, separando os tycoons da imprensa tablóide em busca de sangue do jornalismo criterioso, informativo e pedagógico a que temos direito.

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