A recém criada União das Freguesias de Sintra, que os
autarcas saídos das eleições de 29 de Setembro irão instalar, constitui uma
idiossincrasia própria concentrando no seu vasto território uma amostra do
actual tecido sintrense, englobando a Sintra histórica e romântica, a zona
rural e alguns bairros marcadamente urbanos, onde a própria sede do concelho se
inclui.
Aos próximos autarcas compete respeitar e dar voz ao sentir
de 3 comunidades que, sendo contíguas, desenvolveram contudo um forte espirito
comunitário ao longo dos anos, pelo que ouvir e decidir com parcimónia terá de
estar sempre presente no comportamento dos eleitos, reafirmando autonomia e
capacidade reivindicativa perante a Câmara e as entidades que nela se
atravessam, buscando equidade e sustentabilidade nas decisões, e assegurando a
participação efectiva da comunidade nos assuntos que lhe dizem respeito, sem
preponderância de alguma das anteriores freguesias ou seus problemas sobre as
restantes.
Turismo, Agricultura, Cultura, Serviços, a melhoria e reforço
da Rede Social, são vectores determinantes no caminho a seguir. Aqui deixo
algumas sugestões que, enquanto cidadão e munícipe, e também como dirigente
associativo, me afiguram ser tarefas a desenvolver, com os meios disponíveis ou
partilhados:
-Dar um impulso determinante de ordem política no sentido de
requalificar e terminar o processo de reconversão de algumas áreas urbanas de
génese ilegal ainda existentes na nova freguesia.
-Melhorar de forma significativa a limpeza de ruas e bermas,
pressionando as empresas que operam na freguesia e reforçando os meios próprios
e a sua frequência. Combater de forma eficaz o problema dos “monstros”
anarquicamente lançados nas bermas, com sanções em consonância.
-Utilizar de forma eficaz e útil os diversos edifícios ora
adstritos às anteriores juntas, aí alojando serviços públicos, sociais ou
culturais com impacto na vida das populações, e nos sectores onde se mostre
mais premente. Neste campo, resolver o problema do edifício destinado à ex-
Junta de Freguesia de Santa Maria e S.Miguel, com as obras há longo tempo paradas.
-Criar no âmbito da nova junta serviços de apoio social,
jurídico ou de apoio ao investimento, que, por si ou em articulação com outras
entidades possam agilizar procedimentos e ser uma linha avançada na resposta
aos fregueses e investidores.
-Equacionar quais os serviços que devem continuar a ser
executados pela junta e aqueles que possam ser pela Câmara Municipal nesta
delegados, sempre acompanhados do respectivo cheque financeiro e recursos humanos,
numa óptica de proximidade (a ligação com as escolas do ensino básico, as
associações culturais e desportivas ou as associações de idosos, lares e
centros de dia, por exemplo).
-Abrir um debate público em torno das questões da mobilidade
urbana, trânsito e transportes, no qual se questione a manutenção do actual
esquema de ruas pedonalizadas, a localização dos parques de estacionamento e a
sua natureza paga ou gratuita, ou a carência de transportes públicos na
freguesia depois das 21h.
-Procurar resposta para alguns casos patológicos de
degradação de património e da paisagem, como a casa da Gandarinha, o
Sintra-Cinema, o Hotel Netto, o Casal de S. Domingos ou
a Quinta do Relógio, bem como diligenciar no sentido de certas urbanizações já
iniciadas não ficarem ao abandono, como parece estar a ocorrer em Monte Santos.
-Providenciar espaço para as actividades das associações e
agentes culturais, desportivas e de solidariedade, no regime jurídico que caso
a caso se demonstre adequado, segundo critérios de equidade, bem como apoiando
a revitalização de inúmeras sociedades recreativas, umas ao abandono, outras
com défice de utilização
-Participar activamente na revisão do PDM, intervindo de
forma veemente nas soluções que o novo Plano de Urbanização de Sintra venha a
considerar, bem como na articulação com a Parques de Sintra-Monte da Lua,
IGESPAR, Misericórdia e demais instituições na busca de soluções de ordenamento
do território e reabilitação urbana, onde a nova junta deve reivindicar um
lugar e voz activa.
-Estimular o Voluntariado e o Apoio Social, tendo em conta a
parcela relevante de idosos e cidadãos em risco de exclusão social e a sua
canalização para actividades socialmente úteis.
-Informatizar os serviços e o atendimento, procurando que
nenhum pedido formulado tenha resposta em prazo superior a 5 dias, com a desmaterialização
dos processos até ao ponto que a lei em vigor o permita.
-Assegurar que as populações mais isoladas ou com problemas
de mobilidade tenham acesso regular e próximo a serviços de farmácia, correios,
multibanco, etc, com apoio directo ou recrutado pela junta em coordenação com
os demais actores da vida autárquica.
Estes alguns dos tópicos que, com 54 anos de vida em Sintra,
24 de técnico municipal e mais de 10 de dirigente associativo na área da União
das Freguesias de Sintra me parecem essenciais para começar. E sempre
ouvindo os envolvidos, com espirito de quem venha para servir e não para
servir-se.
Do Barrunchal a Janas, de Lourel à Vila Velha, da Portela a
S. Pedro ou da Abrunheira a Cabriz, mais de 20.000 cidadãos esperam por
melhoria de respostas. Que este seja também o tempo de equacionar as perguntas.
Artigo escrito por quem tem noção das prioridades, e sabe do que fala.
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