quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sobre a morte de Helena Langrouva



Faleceu no passado dia 1 de Julho a escritora sintrense Helena Langrouva, sem que a comunidade cultural tivesse conhecimento alargado do facto, embora padecesse de doença prolongada.
Conheci Helena Langrouva em 2005, no âmbito duma tertúlia organizado pelo saudoso grupo dos Meninos d’Avó, e posteriormente em vários eventos promovidos pela Alagamares, para cujo site escreveu algumas vezes, tendo sido por nós convidada a falar sobre Liberto Cruz- outro escritor nascido em Sintra,e felizmente ainda vivo- no III Encontro de História de Sintra, no Palácio Valenças, em Maio de 2007. A obra de Zeca Afonso ou as ideias de Lanza del Vasto foram igualmente tema de contributos escritos seus, tendo em 2010 participado na visita que o Centro Nacional de Cultura promoveu de homenagem a outro escritor sintrense desaparecido, e seu primo, M.S.Lourenço.
Licenciada em Filologia Clássica (Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), Maître ès Lettres Modernes – Cinéma (Montpellier III- Université Paul Valéry), pós-graduada – DEA ( Universidade de Paris III- La Sorbonne Nouvelle), Master of Arts e Master of Philosophy (Universidade de Londres – King’s College) – e doutorada (Universidade Nova de Lisboa) em Estudos Portugueses, foi Leitora de Língua e Cultura Portuguesas nas Universidades de Montpellier e Rouen, ensinou Literatura Portuguesa Clássica, Teoria da Literatura, Introdução aos Estudos Literários e Francês, no ensino superior, em Portugal, com passagem pelo ensino secundário onde leccionou Grego, Latim e Português. Equiparada a bolseira pelo Ministério da Educação e Cultura, foi bolseira da Fundação Oriente e da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo investigado em bibliotecas e museus europeus. Escritora, investigadora interdisciplinar, nas áreas da cultura clássica, renascentista e do século XX, tem-se dedicado em especial ao estudo de Literatura e Arte dos séculos XV e XVI.
Foi igualmente autora de A Viagem na Poesia de Camões, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian- FCT, 2006; Actualidade d’Os Lusíadas, Lisboa, Roma Editora - apoio FCT, 2006; De Homero a Sophia. Viagens e Poéticas, Coimbra, Angelus Novus – patrocínio IPLB-, 2004; Arpejos de uma Viandante/ Arpèges, Lisboa, 2003. Co-editou, com Aires A. Nascimento, José V. De Pina Martins e Thomas Earle, Humanismo para o nosso tempo. Homenagem a Luís de Sousa Rebelo, Lisboa, edição patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian e comercializada pela APPACDM, Braga.
Publicou ensaios nas revistas Brotéria, Critério e O Tempo e o Modo (Lisboa), Traduziu e seleccionou Lanza del Vasto, Não-Violência e Civilização- Antologia, Lisboa, Edições Brotéria, 1978 e traduziu ainda Jean Joubert, O Homem de Areia (romance), Lisboa, Difel, 1991.
Estudou Artes Musicais – Canto Gregoriano e Canto Clássico - Artes Plásticas – Desenho e Pintura- e Iconografia, tendo ainda cultivado o canto ao longo da sua vida, fez exposições individuais de Pintura em Sintra, Lisboa e Évora e dedicou-se em particular à pintura de ícones.
Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Associação Portuguesa de Críticos Literários, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Internacional de Lusitanista.
Em meu nome e no da Alagamares, registo mais esta baixa num universo cultural já de si rarefeito e onde as figuras vão sumindo num ruidoso silêncio. Sintra ficou mais pobre e a Cultura Portuguesa também.

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