O quadro de rostos no panorama político europeu mudou um
pouco este domingo, com a eleição de Hollande, o saco de gatos grego e o
regresso de Putin. Contudo, de realce que no olho do furacão continua e
continuará por certo a política de austeridade provinda de Berlim, até agora
por via do eixo Merkozy, mas sempre de inspiração germânica.
A política europeia tem vindo a privilegiar os mercados e não
a sociedade, e muito menos as pessoas, fazendo com isso empalidecer o projecto
europeu que neste transe tanto pode dar o pulo em frente no sentido da
afirmação no espaço global ou de vez ser enterrado, no regresso à Europa das
pátrias, mas em muito piores condições no mundo global face à ascensão da China
e dos BRICS em geral. Com Hollande, regressa uma visão keynesiana, de afirmação
do estado como promotor de despesa e investimento, mas também um discurso onde
as pessoas ainda contam, malgré lui.
E isso, só por si, já será importante. Mas só uma onda de fundo no sentido do
virar de página que tem em Berlim o seu destino permitirá redesenhar a Europa,
que terá de ser dos cidadãos ou não será.
O caminho não é seguro ainda, até porque Hollande presidente
ainda pode vir a ter de coabitar com um governo de direita que eventualmente
saia das legislativas de Junho, a Grécia promete prolongar a agonia e Merkel
apesar de tudo tem sabido governar para a Alemanha, se bem que não para a
Europa. Contudo, é tempo de dar uma resposta política à crise financeira e
cercear a avidez da mão bastante visível dos mercados.
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