5 de Abril de
1934 marca uma etapa na luta pela defesa do património em Sintra, noutros
tempos e conjunturas.
Efectivamente, a
3 de Fevereiro desse ano o Conde de Sucena, proprietário do Palácio de
Seteais (mas só do Palácio) apresentara à câmara a remissão do foro e o pedido
de ajardinamento do campo de Seteais, aforado desde 1801 mas de pública fruição
no que aos espaços exteriores respeitava. A ideia era "privatizar" os
jardins, usados desde sempre como caminho público e até campo de treinos do
Exército, e dotá-lo de uma cerca, que, na prática, constituiria um
aproveitamento exclusivo por parte do conde daquilo que desde sempre a todos
pertencia. O tema causou indignação nessa época, tendo o Jornal de
Sintra pela pena de José Alfredo da Costa Azevedo, na altura um jovem
colaborador assinando artigos com o pseudónimo de Zé da Vila, inflamado a
opinião, em crónicas e versos dedicados ao tema e apelando mesmo a que tocasse
a rebate o sino da Torre da Vila caso os propósitos de Sucena fossem por
diante. Após muita pressão da população e da imprensa, o conde de Sucena acabou
por desistir do projecto de ajardinar Seteais a 5 de Abril seguinte, acabando
por respeitar a carta de aforamento concedida ao Marquês de Marialva em 1801,
numa clara vitória popular em que o Jornal de Sintra tomou uma posição
em prol das grandes causas, reflectindo o sentir das populações.
Em anos mais
recentes, com a Alagamares e outros defensores locais da causa do património na linha
da frente da contestação, novo encerramento, e tentativa de tornar privado o
que desde 1801 é público, desta vez a pretexto de obras subterrâneas e restauro do hotel, concessionado à rede de Hotéis Tivoli, tendo mesmo sido promovidas conferências de imprensa e denúncia do facto junto dos partidos e dos órgãos municipais.
É de mobilização
a favor de causas favor das causas cidadãs que Sintra hoje continua a
necessitar. Não queremos mais Condes de Sucena, e o património, se é Mundial, é
de todos nós antes demais.
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