Num artigo recente no Público o jornalista João Miguel Tavares desabafava ter saudades de ter uma Pátria, e pessoalmente comungo dessa nostalgia. Saudades da História de um pequeno povo que calcorreou os mares, espalhou a língua e criou a primeira globalização. Saudades de ter instituições respeitadas onde a honra e a competência sejam escrutinadas e o poder não seja assaltado por clientelas e interesses obscuros. Saudades do respeito devido a um povo secular, hoje governado por burocratas sem rosto e vilipendiado por ex-colónias com assomos de novo-riquismo ressabiado.Saudades duma juventude sonhadora de amanhãs que não sejam sair do país a qualquer custo nem que seja para lavar retretes. Saudades dum futuro que já não é como era, capturado por passos em falso e onde não sobra a resistência viril ao invasor financeiro, sem ânimo e conformado.
Ser português não é apenas cantar o hino nas exibições da selecção de futebol. Dá trabalho e tem de ser interiorizado.A falta de transmissão de valores às gerações mais novas, a comiseração que algumas elites envergonhadas têm de serem portuguesas, a ausência de formação da opinião pública e uma comunicação social alienada de Portugal e dos valores portugueses trouxeram-nos até aqui, num pathos que só a ilusão novo-riquista dos anos noventa momentaneamente mitigou.
Viaje-se a Malaca ou à Colónia de Sacramento, a Muscat ou a Salvador, contemplem-se as igrejas de Goa, respire-se o orvalho matinal de Monsanto ou Penha Garcia, leia-se Torga ou Agostinho da Silva, Aquilino ou José Régio e o frémito da portugalidade não deixará de a todos tocar. Essa a diferença entre ter uma Pátria ou viver num espaço contaminado onde mais que viver se sobrevive e de onde mais que tudo se quer fugir ou meter a cabeça na areia, qual avestruzes.
Esse é o país que os Portugueses honrados querem de volta.
ResponderEliminar