quarta-feira, 19 de março de 2014

Cavaco, Passos e o medo


Vivemos sob a égide do Medo. Ou melhor, querem que tenhamos Medo.


Cavaco quer-nos temerosos nas europeias, com Medo dos grandes teutónicos, debatendo sem discutir, aceitando sem questionar, submissos nas urnas (nunca a palavra teve tanta razão de ser!) para construir a “Europa”. Passos regressou de Berlim, onde, a medo, solicitou amen à vestal do euro, e aí tranquilizado com um biscoito qual cachorrinho obediente. Medo dos funcionários públicos em tomarem posição, com medo de represálias. Medo dos doentes em faltar para não perder dias de “baixa”, suportando a doença. Medo de fazer greve receando o despedimento, a mobilidade e o dia a menos no final do mês.


Medo do futuro e medo de pensar o futuro, zombies colectivos arrastamo-nos e querem que nos arrastemos na incivilidade, famintos entre rostos fechados e desesperados e a esmola de que aproveita as necessidades indisfarçadas.

Medo de ousar alternativas, medo de participar, medo de ser cidadão, anémico e desiludido com os amanhãs que não serão como se pensava serem, abandonados e sós no meio das multidões de máscaras a caminho do metro, do emprego e do Nada.

É o medo que nos inibe, incrédulos na Palavra e inertes na Acção, jurando vinganças no silêncio das ruas sujas e povoadas de pedintes, e, contudo, a nada reagindo, senão no balcão da cervejaria ou no final da partida de futebol, contra um inevitável árbitro sempre tendencioso e sempre ladrão.

O Medo voltou, como epidemia da Alma, e o Leão luso lambe as feridas e silencia as dores no longo Inverno que impiedosamente  atravessa. Já houve mouros e castelhanos, adamastores e terramotos, junots e bancarrotas. Desabituámo-nos de lutar. Até quando?
 

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