sábado, 10 de dezembro de 2011

A Desunião Europeia


Após a reunião de Bruxelas que decidiu o que já estava decidido, a Europa deu um passo decisivo para o mais que provável divórcio definitivo entre os cidadãos e os governos, cada vez mais agastados com medidas que desagradam e se viram contra os cidadãos que essa mesma Europa prometia defender.
Os acordos impostos acabam por ser mais um rato que a montanha pariu: meter na Constituição um máximo para o défice é semântico, e é como proibir por lei que se morra sem autorização, sob pena de sanções. E quando forem países como a Alemanha ou a França a incumprir e a ter um défice excessivo, também se submeterão ao tribunal de Justiça ou serão penalizados?
Depois, o Conselho Europeu, como já é tradição, faz tábua rasa das Constituições e dos parlamentos nacionais, onde estas medidas terão de ser sufragadas e inscritas com o apoio dos partidos locais e em alguns casos sem dispensar referendos de desconhecido resultado (passarão na Irlanda ou Dinamarca, ou mesmo em Portugal, se finalmente e pela primeira vez se referendarem os assuntos europeus?)
A Europa oscila entre a “responsabilidade” teutónica, imposta por Berlim, e a “solidariedade” escassa pretendida pelos países do sul e equívocamente pela França, apenas motivada pela proximidade das eleições francesas e pálidamente querer fazer a ponte entre Berlim e os adeptos dos eurobonds e do reforço do BCE.
A Europa de Monet, Schuman e Delors é cada vez mais um cadáver adiado, que pouco ou nada procria, e sem resultados práticos ou luz ao fundo do túnel é cada vez mais um buraco negro rodeado por 27 estrelas cadentes.

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