sábado, 15 de outubro de 2011

A esperança


É função dos governos gerir os negócios públicos sempre com a perspectiva da obtenção dos melhores resultados e numa óptica de aumento da riqueza colectiva e individual, com isso contribuindo para a valorização, auto estima e orgulho individual dos cidadãos. Para tanto, nos últimos anos, é sempre sob a égide da esperança e da evolução segura e consensualizada para melhor que os eleitores cumprem a sua parte no contrato social. Pavlovianamente, os governos fazem o seu papel, e os eleitores em função da qualidade desse papel reagem, recompensando os detentores do osso ou não.
Por estes dias, a par da severidade duma crise financeira que, criminosa, a especulação e desregulação económica acentuaram, cabe a quem governa, a par de tomar as medidas adequadas, explicá-las e explicar quando e como começaremos a ganhar a guerra e se serão essas as medidas adequadas. Forte é o povo, mas fraco é o governante que, anémico, não tem uma solução para lhe oferecer, ou não tem fé ou segurança na bondade ou eficácia dessa solução.
Quando o governo toma medidas e não garante a sua eficácia para lá de se refugiar no argumento formal e vexatório de “estar no memorando”, o país preocupa-se e fica angustiado. O papel de quem governa é manter a esperança e colocar sempre o seu povo antes de qualquer constrangimento e puxar pelas suas energias. A geração de aprendizes de feiticeiro que oriundos de todos os partidos governa hoje Portugal mostra a falta que há de dirigentes orgulhosos e determinados, iluminados por horizontes largos e estadistas à altura do momento histórico. Enleados em mesquinhas contas partidárias, governando para as troikas ou para as clientelas, medrosos e titubeantes, os políticos que Portugal tem hoje são a mais deprimente demonstração de incompetência, mediocridade, servilismo e falta de dignidade que se viu nos últimos anos.
Quem não sabe para onde vai e se limita a esperar que outros não soçobrem ou que os fortes se compadeçam de nós, não é um português de espinha direita mas mero capataz salivante de medidas que não servem ao povo, trocando as pessoas pelos relatórios, os dramas pessoais pelos ratings, o centenário e generoso país onde nasceram por esta cínica e fictícia medusa a que alguns chamam Europa.
Quem nesta hora não for capaz de ser português autêntico e destemido, terá o caixote do lixo da História e o óprobio do povo garantidos. Quem não souber resolver ou tenha dúvidas sobre o caminho que deva fazer ao lado do seu povo, seja patriota o suficiente para se afastar e dar lugar a outros arautos da esperança, com ou sem partido, e aos portugueses com P grande.
 

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