E de repente, destacado na noite lunar e
cintilante, na finistérrica falésia junto à mata atlântica, eis Rodil, o
grande, apátrida de Nações e arauto do Futuro, deambulando em redor da
Luz redentora exorcizando as palavras
capturadas num Tempo sem cronologia. E, liberto na Caverna, leva-nos ao Futuro, indomado eremita no seu refúgio de cheiro a pinho e sabor a mar. Espeleólogo de amarguras e arqueólogo da ansiedade, eis que nos devolve no seu novo
livro-poema “Os Dias do Corvo” o sonho e a ilusão, estonteante e
cativo, mas jamais capturado.
Sem surpresa, redescobrimos o escritor domesticando palavras, qual pescador experiente preparando o anzol, rodeado
de vultos palpitantes, quiçá faunos na noite expectante. Exultante
e aflito, desvenda-nos os pirilâmpicos faróis, que o guiaram até ao papel onde, redentora, crepita a
fogueira espectral, e, cúmplices, o esperam as crias para juntos celebrarem a liturgia da Palavra, patrulhando
quer o diáfano som do silêncio, quer o certeiro grito da palavra, bafejados pela Luz.
Eis-nos perante um livro de Esperança e perante um Corvo que reencarna uma eterna Fénix, liberto
e libertador, atlante anacoreta pagando a promessa de viver, pela palavra
soltando aferrolhados silêncios em alvo e cúmplice papel branco, esculpindo
poemas com sabor a sal e perfurantes palavras que esvoaçam alvas, ante a negritude
dum pássaro libertário, holográfico feiticeiro de crepúsculos por vir, no
mar furioso descortinando barcos para Ítaca e oníricas viagens ao Futuro.
E sempre a Luz púrpura de Sintra,
esbatendo a claridade sobre o promontório de espessa urze e seus
arcontes, donde o autor envia salvíficas palavras no bico dum solit(d)ário corvo
rasgando os céus da Finisterra.
O Caminho. Mais do que onde vai dar, o
que importa é o caminho onde se pescam rumos com a linha fina do sonho e o
anzol ferrugento do passado, profetiza o Corvo no seu esvoaçar mágico. Haveremos
de o encontrar.Voando.
Parabéns pela lição de Sabedoria, a todos recomendando a leitura desta iluminura da alma no nebuloso firmamento sintrense.
Sem comentários:
Enviar um comentário