sábado, 5 de dezembro de 2015

A atlante patrulha de um Corvo



E de repente, destacado na noite lunar e cintilante, na finistérrica falésia junto à mata atlântica, eis Rodil, o grande, apátrida de Nações e arauto do Futuro, deambulando em redor da Luz  redentora exorcizando as palavras capturadas num Tempo sem cronologia. E, liberto na Caverna, leva-nos ao Futuro, indomado eremita no seu refúgio de cheiro a pinho e sabor a mar. Espeleólogo de amarguras e arqueólogo da ansiedade, eis que nos devolve no seu novo livro-poema “Os Dias do Corvo” o sonho e a ilusão, estonteante e cativo, mas jamais capturado.


Sem surpresa, redescobrimos o escritor domesticando palavras, qual pescador experiente  preparando o anzol, rodeado de vultos palpitantes, quiçá faunos na noite expectante. Exultante e aflito, desvenda-nos os pirilâmpicos faróis, que o guiaram até ao papel onde, redentora, crepita a fogueira espectral, e, cúmplices, o esperam as crias para juntos celebrarem a liturgia da Palavra, patrulhando quer o diáfano som do silêncio, quer o certeiro grito da palavra, bafejados pela Luz.



Eis-nos perante um livro de Esperança e perante um Corvo que reencarna uma eterna Fénix, liberto e libertador, atlante anacoreta pagando a promessa de viver, pela palavra soltando aferrolhados silêncios em alvo e cúmplice papel branco, esculpindo poemas com sabor a sal e perfurantes palavras que esvoaçam alvas, ante a negritude dum pássaro libertário, holográfico feiticeiro de crepúsculos por vir, no mar furioso descortinando barcos para Ítaca e oníricas viagens ao Futuro.



E sempre a Luz púrpura de Sintra, esbatendo a claridade sobre o promontório de espessa urze e seus arcontes, donde o autor envia salvíficas palavras no bico dum solit(d)ário corvo rasgando os céus da Finisterra.


O Caminho. Mais do que onde vai dar, o que importa é o caminho onde se pescam rumos com a linha fina do sonho e o anzol ferrugento do passado, profetiza o Corvo no seu esvoaçar mágico. Haveremos de o encontrar.Voando.

Parabéns pela lição de Sabedoria, a todos recomendando a leitura desta iluminura da alma no nebuloso firmamento sintrense. 

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