sexta-feira, 23 de maio de 2014

Rocha Martins, a morte no Arraçário


 
Passa hoje, 23 de Maio, mais um aniversário da morte no Arraçário, em Sintra, em 1952, do grande jornalista e escritor Rocha Martins.

Perante um país sufocado, deprimido e amordaçado pela ditadura de Salazar ouviam-se, em períodos eleitorais, os ardinas de Lisboa, ao fim da tarde, que gritavam ao anunciar o jornal "República". Fala o Rocha! Fala o Rocha!  seguido, em surdina, de O Salazar está à brocha!...

Eram os libelos, em forma de cartas, da autoria de Francisco José Rocha Martins, que como principais destinatários Salazar e o Presidente da República, Carmona ("o general de tomates cor de rosa" conforme o definiu Raul Proença); o cardeal Gonçalves Cerejeira, e outras personalidades do regime.

 Rocha Martins principiou a carreira num jornal monárquico, o "Diário Popular", de Mariano de Carvalho; prosseguiu na "Vanguarda", dirigida por Magalhães Lima, grão-mestre da Maçonaria; ligou-se depois a João Franco e à ditadura que implantou, no "Jornal da Noite"; foi braço direito de Malheiro Dias na "Ilustração Portuguesa".

 Proclamada a Republica combateu-a no "Liberal". Editou os panfletos "Fantoches", notas semanais escaldantes sobre acontecimentos políticos arrasando Afonso Costa e a Partido Democrático. Foi deputado no consulado de Sidónio Pais. Fundou e dirigiu a semanário "ABC" (de 1920 a 1930) que apoiou a 28 de Maio e a arrancada do general Gomes da Costa. Contava com a publicidade do Bristol Club - famoso cabaré e urna das mais concorridas salas de jogo. Os anúncios do Bristol Club estavam explícitos no alto das capas concebidas par Jorge Barradas, Stuart, António Soares, e outros modernistas. Da redacção faziam parte Ferreira de Castro, Mário Domingues e Reinaldo Ferreira, o mítico, Repórter X.

 De 1932 a 1943 dirigiu o "Arquivo Nacional”. Na continuidade dos folhetins de Pinheiro Chagas, Campos Júnior e Eduardo Noronha, lançou com efabulação patriótica, emocional e satírica, diversos romances e editou com prefácio e notas "Palmela na Emigração", que lhe valeu o acesso a sócio correspondente da Academia das Ciências.

 A popularidade de Rocha Martins ganhou nomeada no tempo do MUD, na candidatura de Norton de Matos e de Quintão Meireles, devido às cartas, estampadas a toda a largura da primeira página no jornal "República".

Sem comentários:

Enviar um comentário