Reunida no Centro Cultural Olga de Cadaval para se pronunciar sobre o mapa de agregação ou extinção de freguesias
em Sintra, numa sessão que pecou por não ter sido realizada no Auditório
Dr.Jorge Sampaio, dada a afluência de público, a Assembleia Municipal de Sintra
votou por 28 votos em 53 a proposta da Câmara Municipal que já na manhã desse
dia o presidente da Câmara aprovara em reunião do executivo, a qual, atentas as
especificidades substanciais e literais da Lei 22/2012 de 30 de Maio, e as dúvidas que suscita,
levaria à sua inaplicabilidade no território de Sintra, dando como exemplo o
caso de Algueirão-Mem Martins, que não se adequará à geometria dessa lei, ao apontar, por exemplo, para freguesias com um máximo de 50.000 habitantes, situação que a actual freguesia claramente ultrapassa.
E, face a tais dúvidas, propôs, e foi aceite, quer pelo executivo, quer pela
Assembleia Municipal, pela maioria que suporta o executivo, solicitar a suspensão do
prazo de pronúncia e que sejam pedidos esclarecimentos à Unidade Técnica a
funcionar junto da Assembleia da República.
Tendo em conta que o prazo para tal pronúncia termina dia
15 de Outubro, uma de várias: ou a Unidade Técnica aceita o pedido de suspensão e
fornece esclarecimentos que levem a nova reunião, e aí, expressamente, e face a
novos elementos, se opte (ou não) por um projecto de mapa concreto a apresentar à Assembleia
da República;ou a mesma Unidade Técnica, considerando estar o prazo
para esclarecimentos e apreciação da suspensão ultrapassado, entende a posição
da Assembleia Municipal de Sintra como não pronúncia, procedendo de acordo com
os critérios gerais decorrentes da lei.
Em qualquer dos casos, a posição da Assembleia Municipal,
contornando clivagens e bairrismos, acaba por ser inteligente. Ao não definir
um mapa, não deixa de criticar os critérios da lei e a sua substância,
demarcando-se da mesma, sem sair da sua zona de conforto, e sem expressamente
alinhar com uma posição frontal contra a extinção ou agregação, que lhe traria
mais agruras no diálogo com os fregueses furiosos que em 19 das actuais 20
freguesias se pronunciaram contra a agregação. E ao solicitar em cima do prazo
um prolongamento, que muito provavelmente não será concedido (pois a acontecer,
teria de o ser para todos os concelhos, postergando a aprovação do novo mapa e
sua útil aplicação nas eleições do próximo ano), chuta para canto, deixando o
ónus de qualquer decisão mais polémica para a Assembleia da República, o que,
diga-se em boa verdade, será sempre o que virá a acontecer, num momento
deplorável para o poder local, pelo qual a vontade legitima e originária das
populações, que deveria ser a última e decisiva, acabará por cair às mãos duma
cinzenta Unidade Técnica de funcionários que retalharão o país, à luz de
critérios aleatórios, e de extracção economicista. E, a ser assim, a
posição aprovada, embora tacticista, não dá para o peditório de nenhum mapa específico, mantendo equidistância dos (claramente) maioritários adversários da extinção ou agregação, resguardando-se no facto de ter proposto melhorias da lei, mas
ninguém ter dado ouvidos. Avizinha-se pois uma derrota do poder local, por
muita majoração de 15% nas verbas com que se acene aos mansos seguidores.
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