segunda-feira, 26 de março de 2018

2 de abril, sessão evocativa de Francisco Costa



30 ANOS DO DESAPARECIMENTO DE FRANCISCO COSTA

SESSÃO EVOCATIVA

PALÁCIO VALENÇAS 2 DE ABRIL 16H. Entrada livre

 

Francisco Costa (1900-1988) foi um escritor genuinamente sintrense: nasceu, casou, viveu, trabalhou e morreu em Sintra, a 2 de abril de 1988, passam este ano 30 anos. Foi muitos anos contabilista na Adega Regional de Colares e, em 1939 transitou para a Câmara Municipal de Sintra, onde fundou a Biblioteca e o Arquivo Municipal, no Palácio Valenças.

 

Foi autor de Pó, livro de poemas, em 1920, recebendo louvores críticos de Ferreira de Castro. Posteriormente, em 1925, publicou Verbo Austero, que colheu os favores de Fidelino de Figueiredo, crítico literário classicista, e de Fernando Pessoa, que lhe pediu alguns poemas para a sua revista Athena. Neste livro, é publicado o soneto Cruz Alta, inscrito no cume da Serra da Sintra. São seus, entre outros, os romances A Garça e a Serpente (1943) Primavera Cinzenta (1944) Revolta de Sangue (1946) e Cárcere Invisível (1949).

 

 

 Na década de 50 publicou a trilogia a que deu o título geral de Em Busca do Amor Perdido: Acorde Imperfeito (1954) Nocturno Agitado (1955) e Cântico em Tom Maior (1955). Em 1964, publica o romance Escândalo na Vila e em 1973 Promontório Agreste.

 

 No plano da história, são de sua autoria os três volumes dos Estudos Sintrenses. Em 1962 criou no palácio Valenças uma sala onde recolheu a documentação produzida pela Administração do Concelho de Sintra, os livros de atas da Camara Municipal produzidos desde 1794 e os forais manuelinos de Sintra e Colares atribuídos em 1514 e 1516, respetivamente. Estava dado o primeiro passo no sentido de uma efetiva ação de recolha e tratamento sistemático da informação arquivística então existente. Encontra-se em fase de recuperação por parte da CMS a casa onde viveu em Sintra, projeto de Raul Lino e destinado a um Centro de Interpretação Literário.

 

Assinalando os 30 anos do seu desaparecimento, realizar-se-á uma sessão evocativa, promovida pela Câmara Municipal de Sintra, sendo oradores Carlos Manique da Silva, historiador, Miguel Real, escritor, e Júlio Cardoso, coordenador do Arquivo Municipal de Sintra.


Artigos sobre Francisco Costa:


Miguel Real


Carlos Manique







 Eugénio Montoito


sexta-feira, 9 de março de 2018

Sintra, uma terra (também) de música




Marco primordial da actividade musical em Sintra, é o Festival de Sintra, com origens em 1957 nas Primeiras Jornadas Musicais do Município de Sintra, em resultado de um esforço significativo de dinamização artístico-cultural, e marcadamente destinado à pianística, por ele tendo passado os mais reputados executantes mundiais. Nos anos sessenta alargou o seu âmbito a outras expressões artísticas, como o bailado, a música de câmara, o teatro e a ópera, tendo apenas sido interrompido entre 1974 e 1983. Distribuído pelos luxuriantes palácios e quintas de Sintra, dele foi mecenas principal Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo, Marquesa de Cadaval, e participaram nomes como Roland Petit, Grigori Sokolov ou Artur Rubinstein.

Em 2001 a organização do Festival de Sintra passou para a responsabilidade da empresa municipal SintraQuorum e desde 2002 passou a contar com o novo espaço de espectáculos de Sintra, o Centro Cultural Olga Cadaval.

Tem Sintra igualmente tradições musicais em centenárias agremiações dedicadas à música, algumas muito antigas, como a Sociedade Filarmónica Boa União Montelavarense, fundada em 1890, a Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares, em 1891 ou a Sociedade Recreativa e Musical de Almoçageme, de 1892. No dealbar do século XIX marcaram a vida cultural sintrense a Fanfarra União Sintrense, a Estudantina Maquieira, o Trio Paulus, que várias vezes actuou no desaparecido Teatro Minerva, em Colares, o sol-e-dó do grupo dos 20, ou o Grupo dos 14, que organizou diversas récitas e bailes

Em Agosto de 1924 foi inaugurado o Casino de Sintra, iniciativa da Sociedade de Turismo de Sintra Lda, de Adriano Júlio Coelho, projecto de Norte Júnior, construído por Júlio da Fonseca. Durante anos espaço de lazer, ficaram célebres as atuações do sexteto dirigido pelo concertista Francisco Benetó, da cantora espanhola Tina de Jarque ou de Les Demos, bailarinos franceses. Marcaram a cena musical sintrense nesse período o Orpheon de Sintra, a Sociedade União Sintrense, a Tuna Operária de Sintra, Os Aliados e o 1º Dezembro
                                                   O Estefânea Jazz, 1935

Em 19 de Março de 1941 ocorre o primeiro Baile das Camélias, em que a ainda jovem escritora Maria Almira Medina recita “Camélias de Sintra”, e canta “várias canções em americano…”, abrilhantando a festa o agrupamento musical Os Caprichosos. Ainda ocorre todas as primaveras decorre este Baile, matricial na vida cultural sintrense.

Nos anos quarenta foi a orquestra dos "Aliados" em S. Pedro, apadrinhada por Maria Clara, e nos anos cinquenta foram frequentes concurso das colectividades do concelho, com espectáculo no ringue do Hóquei no Parque da Liberdade, ou as Noites do Mambo, no Sport União Sintrense, ou do Baião, na SUS, onde actuaram entre outros o tenor Tomé de Barros Queirós e Mimi Gaspar. Por essa altura, fizeram furor as bandas “Os Mexicanos” de Galamares, ou a Orquestra Royal Star, de Sintra.

No plano da música folclórica, destaque para a Filarmónica de Pêro Pinheiro que em 1962 obteve o 2º Lugar no Festival Mundial de Bandas, em Kerkrade, na Holanda, tendo uma recepção apoteótica à chegada.

Em 1975 é criado o Conservatório de Música de Sintra e em 1979 a orquestra de Pêro Pinheiro, em 1987 a Orquestra Regional de Colares e em 1991 a Orquestra Ligeira de Almoçageme, sintoma da existência de sinergias e valores misturando elementos populares e eruditos.

Com a inauguração em 13 de outubro de 2001 do Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra passa a dispor de condições ímpares para a realização de grandes eventos musicais, ali tendo atuado o Ballet e a Ópera Nacional de Novosibirsk, a Companhia Nacional de Bailado, Pablo Milanés, Chico César, Ivan Lins, o Ballet du Grand Theatre de Geneve, a Companhia Nacional de Dança de Espanha, o Scottish Dance Theatre Tito Paris, Celina Pereira, o Scapino Ballet de Roterdão, o Teatro Negro Nacional de Praga, o Teatro Nacional e Ópera da Moldávia, o Moscow Tchaikovsky Ballet, o Ballet Estatal Russo de Rostov, Cesária Évora,em como todos os grandes nomes da música portuguesa. Destaque para a abertura às escolas e conservatórios, ou os famosos concertos para bebés.

Sintra dispõe de diversos grupos de música clássica, música popular tradicional, orquestras, ranchos folclóricos adultos e infantis, bandas filarmónicas, sete grupos de música erudita, grupos de música tradicional, de cantares e  orquestras escolares ,a que acrescem os diversos grupos de hip hop, jazz, rock, música ligeira e fado. É pois também Sintra uma terra de música e onde Richard Strauss comparou a Pena ao castelo de Klingsor, do celebrado Parsifal de Wagner.