Declara-se um processo em segredo de justiça e logo no dia
seguinte vem tudo escarrapachado nos tablóides. Criam-se serviços secretos e o
nome e actividade dos espiões são mais conhecidos que os dos concorrentes do
Big Brother. Adere-se a uma sociedade dita secreta e toda a gente fica a saber quem
gosta de aventais. Até o segredo de Fátima deixou de ser segredo. Segredo é só
descobrir a forma de por termo a este caos que subverte o Estado de Direito e a
que qualquer governo sério e empenhado já teria procurado pôr cobro.
Entretanto, as toupeiras nas secretarias judiciais, nas lojas Mozart ou nos
serviços ditos secretos continuam em roda livre, urdindo histórias onde amanhã
se for útil qualquer cidadão incauto com anticorpos no Estado, no mundo
empresarial ou na comunicação social pode ser fritado em lume brando. Tudo para
gáudio da populaça, que quer sangue, seja de quem for, desviando as atenções da
correcção das desigualdades, da coesão social e dos graves problemas do país e
vivendo da poeira que diariamente as televisões e jornais da propriedade de
grandes interesses lhes atiram na sua guerra pelo poder que os governos
alimentam, se bem que de quando em quando um rato caia na ratoeira que eles próprios
montaram. A transparência e a responsabilidade são valores que a fraqueza viral
da nossa democracia ainda não elevou a valores fundamentais, por atavismo,
inveja e pequenez. Um corte epistemológico e um banho mental são urgentes. Mas
atenção, não digam a ninguém: é segredo…
quarta-feira, 30 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
Visita crítica aos Capuchos
No domingo 27 de Maio a Alagamares promoveu uma visita crítica ao Convento dos Capuchos, em Sintra, no sentido de sensibilizar os seus associados e a opinião pública em geral para o estado de conservação daquele monumento classificado na área do Património Mundial.
Registando a manutenção (ainda) da visita grátis para os munícipes aos domingos de manhã, e a boa informação em várias línguas disponível à entrada, bem como o agradável Parque de Merendas existente, algum reparo porém para os preços da cafetaria(uma água de 1/4 de litro, 1,60 euros, por exemplo).
Durante muitos anos ao abandono e ruína, nota crítica para o sistema de sinalização luminosa no chão, a imitar iluminações natalícias das que se adquirem na loja dos chineses, e a falta de restauro da estatuária (uma Maria Madalena na Capela da Paixão de Cristo, em falta, e há anos retirada para restauro, ou os dois frades enterrados na câmara que se segue à Porta da Morte, e as pinturas murais representando S.Francisco e S.António na Ermida da Senhora do Horto, por exemplo, poderiam já ter sido alvo de intervenção de restauro, dado o lapso de tempo decorrido desde que foi feito o anúncio de tal intenção. No que à mata endémica envolvente respeita, regista-se o razoável tratamento da mesma, com sinalização das espécies existentes adequada e boa informação no local sobre os exemplares existentes.
Questionável foi para alguns dos visitantes a manutenção da estrada alcatroada entre a portaria e o acesso ao Convento (separando aquilo a que João Rodil, o guia da visita, designou como separação entre o mundo profano e o mundo sagrado) sugerindo como mais consentâneo um acesso em terra batida ou gravilha. Contudo, não será algo que desvirtue exageradamente a imagem e espírito do local.
Algo mais há a fazer, sendo contudo na opinião dos presentes a reposição da estatuária retirada para restauro o mais premente.Seja como for, é visitando e vivendo os locais que melhor se pode dar contributos para a sua manutenção e promoção, contribuindo positivamente para um diálogo permanente em torno das questões da defesa do património.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
O Salão de Galamares prestes a reabrir
Existe em Galamares, entre Sintra e Colares, um cineteatro, inaugurado em 1916 por iniciativa do Visconde de Monserrate, onde durante décadas se realizaram récitas, festas e sessões de cinema. Até Viana da Motta aí tocou em 1923, numa iniciativa destinada a obter receitas para a electrificação da estrada de Sintra a Colares.
Com pinturas e murais de António Graça, Júlio Fonseca e Garibaldi Martins, artesãos ao serviço do visconde, foram recorrentes as récitas onde pontificavam Guilherme Oram ou Eduardo Frutuoso Gaio, o conjunto de saxofones da Sociedade União Sintrense ou o Cynthia Jazz e Os Mexicanos. Depois de um período de apagamento nos anos 70 e 80, sob impulso de galamarenses como Edgar Azevedo ou António Jorge Manata ressurgiu em 1979, tendo nos anos 90 tido o renascido Grupo Desportivo e Cultural de Galamares destaque no ciclismo e no atletismo, onde se destacou por exemplo, na conquista da I Maratona Popular de Badajoz, em 1996.
Mercê do esforço da população, desde então se tem vindo a reabilitar na traça original o dito salão, com o brilho e arte de então, confluindo também nessa tarefa a colaboração da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra. A 24 de Junho de 2012, finalmente irá reabrir esse espaço mágico, devolvido à população e em prol da cultura e associativismo locais.
Em baixo, uma reportagem feita no local pelo Sintra Canal onde já se podem ver as paredes ganhas para a vida, honrando a memória dos fundadores de 1916.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Hollande, o Obama do momento
François Hollande tomou posse prometendo uma agenda de crescimento
e de mudança de rumo nas sacrossantas políticas de austeridade. Contudo, não
tenhamos muitas ilusões. A França de hoje, perdido o triplo A, já não é a
França do século XIX, da República ética e da diplomacia mundial, de Vítor Hugo,
Zola e Voltaire.
E os primeiros sinais são de molde a que o Presidente “normal”
venha a ser mais depressa do que se julga um caso de Presidente “banal”.
Primeiro, porque não é a mera inscrição duma palavra num tratado
que vai criar mais emprego e crescimento, como não é a
consagração do direito à habitação que logra dar mais casas às pessoas.
Depois, porque a Europa se constrói a 27 e para quem se quer
arvorar em porta voz dos aflitos, correr para os braços da sra Merkel logo no
dia da posse e sem ir primeiro a Bruxelas, é mau sinal e sintoma de que mais que
mudar de procedimento privilegiando as instituições comunitárias, se pretende olimpicamente continuar com uma espécie de directório, onde do Merkozy se quer
passar ao Merkollande, apenas com nuances.
Depois, porque ainda falta a terceira volta das presidenciais, as legislativas, que podem dar maioria à direita, forçando a uma coabitação, com força parlamentar condicionada.
Depois, porque ainda falta a terceira volta das presidenciais, as legislativas, que podem dar maioria à direita, forçando a uma coabitação, com força parlamentar condicionada.
Esperemos que o raio que tombou sobre o avião de Hollande ao
precipitar-se para Berlim não seja premonitório e este não seja um novo Obama, que tudo
permitia esperar e que também ele acabou um presidente “normal”, que ainda hoje não cumpriu com o encerramento de Guantanamo e cujo Obamacare marca passo no Senado onde hoje é minoritário.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
A fábula do urso e das abelhas, segundo o mestre-escola Gaspar
O mestre escola Gaspar encontrou-se com criancinhas e
contou-lhe a sua fábula da austeridade:
“Era uma vez um urso gordo, chamado Estado, que procurava
por entre as árvores, pequenos frutos silvestres para a refeição matinal das
suas PPP e aumentar as gorduras, quando deu de cara com uma árvore caída,
dentro da qual, um enxame de abelhas guardava o seu precioso favo de mel.
O urso, com bastante cuidado, começou a farejar em volta do
tronco tentando descobrir se as abelhas, organizadas em colmeias de rating
estavam em casa. Nesse exacto momento, uma das abelhas, a abelha mestra Merkel,
voltava do campo, onde fora colher néctar das flores, para levar à colmeia, e
deu de cara com o matreiro e curioso visitante.
Receosa do que pretendia o urso fazer em seguida, ela voou
até ele, deu-lhe uma ferroada e desapareceu no oco da árvore caída. O urso,
tomado de dor pela ferroada, ficou furioso, e incontrolável, pulou para cima do
tronco com unhas e dentes, disposto a destruir o ninho das abelhas. Mas, isso
apenas o fez provocar uma reacção de toda a colmeia. Assim, ao pobre urso, só
restou fugir o mais depressa que pode em direcção a um pequeno lago, onde,
depois de nele mergulhar e permanecer imerso, finalmente se pôs a salvo, seguro
atrás de um coelho.”
Moral da História, segundo o professor Gaspar:"É melhor suportar a austeridade de não ter mel em silêncio,
que despertar a fúria incontrolável de um inimigo mais poderoso". E dito isto,
lá partiu a cortar mais umas verbas no pequeno almoço das escolas e a cortar na assistência médica aos meninos. As abelhas, essas riem a bandeiras despregadas, enquanto se
preparam para visitar outro urso, agora em Espanha
sábado, 12 de maio de 2012
Felizmente há luar
A votação das alterações ao Código do Trabalho foi
mediatizada por causa do fait divers
dos feriados e da posição de alguns deputados do PS e um do CDS. Contudo, o
mais grave, pouca comunicação social referiu, a facada quase mortal no Estado
Social consagrado na Constituição e aqui uma vez mais tornado letra morta.
Decorrem deste diploma várias inovações impostas pela troika: o banco de horas, a alteração do
regime dos despedimentos por inadaptação, os tais feriados, a redução das
férias a 22 dias, uma redução na remuneração do trabalho extraordinário, e
novas regras para os despedimentos e o subsídio de desemprego. A dita
convergência com a Europa traduz-se em tornar Portugal “competitivo”, dizem,
assim como competitivos são as Filipinas ou Taiwan, grandes referências de
mercados de trabalho, sobretudo no downgrading
de direitos e mão de obra barata.
Face a isto, os partidos do “centrão” invocam os compromissos
com a troika e a palavra dada. É pois mais importante não falhar com o ocupante
estrangeiro que ser leal e defensor do seu próprio povo, esmagado por uma
dívida que não contraiu, e por políticas levadas a cabo pelos mesmos que
durante anos a isto conduziram de forma ruinosa. É como contratar para arborizar
a floresta o lenhador que durante anos a delapidou.
A tudo se responde com a inevitabilidade. Inevitável, porém,
só a morte, e a seguir neste rumo, é a morte como país e como sociedade que nos
espera.
Alguém poderá explicar donde e como virão as empresas que
absorverão os desempregados, depois do tecido empresarial estar destruído e o
sistema bancário exaurido e sem possibilidades de financiamento? E como se
reporá o rendimento disponível dos portugueses sem expansão da massa salarial
que traga efeitos multiplicadores sobre o investimento e o consumo?
Políticos que a História recordará ao nível de Miguel de
Vasconcelos e Cristovão de Moura mandam emigrar, e, cinicamente, peroram que os
jovens sejam empreendedores e não esperem só por trabalhar por conta de outrem,
como se esses vates alguma vez o tivessem feito, abrigados sob o tecto das “jotas” clientelares por
onde salivantes se arrastaram nestes anos.
Emigrar tem de ser uma opção livre e pensada de quem tal deseje por motivos de carreira, não por dorida expulsão da terra onde se nasceu. Emigrar forçado significa a derrota do país como Estado e sua promessa de futuro, num exílio silencioso e abnegado. Emigrar significa menos natalidade, menos massa crítica e menos impostos, em tudo agravando o panorama da sustentabilidade do estado Social e condenando o país a um depósito de velhos abandonados ao seu destino. Circulação de ideias, empresas e pessoas, sim, mas nos 2 sentidos. Apregoar o resto é de um miserabilismo redutor que indigna, independentemente do partido a que pertence quem propõe tais indignidades. Um político que manda emigrar é um político que não confia na receita que apregoa, logo sem dimensão para liderar um povo num momento de transe como este.
Emigrar tem de ser uma opção livre e pensada de quem tal deseje por motivos de carreira, não por dorida expulsão da terra onde se nasceu. Emigrar forçado significa a derrota do país como Estado e sua promessa de futuro, num exílio silencioso e abnegado. Emigrar significa menos natalidade, menos massa crítica e menos impostos, em tudo agravando o panorama da sustentabilidade do estado Social e condenando o país a um depósito de velhos abandonados ao seu destino. Circulação de ideias, empresas e pessoas, sim, mas nos 2 sentidos. Apregoar o resto é de um miserabilismo redutor que indigna, independentemente do partido a que pertence quem propõe tais indignidades. Um político que manda emigrar é um político que não confia na receita que apregoa, logo sem dimensão para liderar um povo num momento de transe como este.
Uma frente externa que permita arrepiar caminho (há caminho!) e uma frente
interna patriótica e lúcida em prol da restauração dos direitos dos portugueses impõe-se. É agir ou
tudo aceitar. Não há troikas amigas nem mercados rendidos depois de 2013, e quem
acreditar nisso, acabará derrotado pela História e perante a sua própria dignidade.Felizmente há luar!
sexta-feira, 11 de maio de 2012
O cerco ao poder local
Uma das consequências laterais da crise no nosso sistema
político é o desmoronar da ilusão de um poder local forte e descentralizado.
Mal visto do Terreiro do Paço, que para cima dele lançou subrepticiamente
o anátema de sede da corrupção e palco de interesses pouco controlados- como se
Lisboa fosse exemplo para alguém- temos agora o novo garrote em nome (uma vez
mais e sempre ele) do sacrossanto memorando da troika, mais sagrado que a
Bíblia e os Dez Mandamentos para a pacóvia classe política que há décadas nos (des)governa.
O novo ataque surge pelo flanco financeiro, com a redução de
transferências do OGE, a Lei de Compromissos, a suspensão de fundos comunitários,
o corte no IMI ou a decisão antidemocrática e vinda de cima de cortar nas
freguesias, dirigentes e empresas municipais.
Onde fica o dito Poder Local Democrático no meio disto? Não
existe uma legitimidade eleitoral semelhante entre quem foi eleito para
governar o país e a autarquia local? Ou o voto do cidadão que vota para a câmara
e a junta é menos válido que o outro, num desrespeito pelos eleitores, tornando
os eleitos mangas de alpaca com o verniz de terem sido sufragados para nada
poder fazer?
A desculpa é a situação financeira, querendo penalizar-se as autarquias
por terem feito aquilo para que os vários fundos estruturais e QREN’s as convidaram,
tal como hoje se quer penalizar as pessoas por se terem endividado ouvindo os
cantos de sereia dos bancos, que as várias políticas económicas aplaudiram e
promoveram no tempo do dinheiro barato. Porém, está em curso uma ofensiva
contra o municipalismo e o essencial da organização territorial secular do país,
que é o cimento do seu contrato social e cujo desmoronamento pode significar um
implodir do sistema político, mais grave que o provocado pela purulenta
austeridade imposta por Berlim.
Ou se trava a sério esta deriva ou surpresas como as da
Grécia podem surgir por esse país nas próximas autárquicas ou mesmo antes
delas. Não esquecer que a Maria da Fonte foi em Portugal, e por muito menos.
terça-feira, 8 de maio de 2012
O tempo das infestantes
Paulatinamente, a austeridade e uma Europa
exclusiva e excluídora, trazem de volta os nacionalismos e o homo lupus que Hobbes tão certeiramente descreveu, e que
pavlovnianamente põe o Eu nacional a salivar à vista do Outro, esse osso
estranho que se pode chamar imigrante, muçulmano, latino, negro ou cigano.
A Europa das Pátrias, do Atlântico aos Urais
está de volta, mas na sua pior versão, a do ressentimento, do Norte contra o
Sul, de contribuintes contra pedintes, de calvinistas contra despesistas, atrás
do que se escondem as nunca disfarçadas rivalidades históricas entre povos e
nações que nunca verdadeiramente cessaram hostilidades, fazendo das diferenças
o mosaico cultural que a Europa é e na prática sempre foi, intervalado pela
utópica ideia de uma União Europeia que deu o passo maior que a perna.
De Marine Le Pen á Aurora Dourada grega, dos
eurocépticos ingleses à extrema direita holandesa, da Liga Norte ao Partido
Pirata alemão, são os votos contra o stablishment
político-partidário de décadas, movido pela crise e pelo multiculturalismo
que vão enchendo os parlamentos europeus de raposas disfarçadas de cordeiros,
deixando escapar o mal estar que vai nas ruas da Europa e que de quando em
quando revela um Breivik solitário ou a xenofobia há muito latente.
A crise sublima as frustrações e a
dificuldade de conviver com o Outro, olhado por cima do ombro a ver quando vai
roubar o emprego, as tradições ou até o governo. São negras as nuvens que
pairam sobre esta Europa que os baby
boomers quiseram de progresso, abundância e direitos, tudo emoldurado por
um Estado social aglutinador e ideais de progresso para os quais o Espaço era o
limite.
Mais que tratar da árvore do défice, e das
podas de austeridade com que se tem tentado erradicar as moléstias, há que
olhar a floresta e todas as espécies arbóreas que a povoam, endémicas e
exóticas, e com muitas infestantes também.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Colaboração com o Sintra Canal
O Sintra Canal é um dinâmico e pioneiro projecto de web tv lançado no concelho de Sintra, sucessor da Saloia TV e hoje englobado na Plataforma Portugal Real. Habituado a ver os eventos da Alagamares frequentemente divulgados nesse espaço, a partir de Fevereiro, e após um convite que me foi dirigido em plena entrevista pelo Guilherme Leite, seu mentor e grande alma do projecto, passei a ter um espaço quinzenal de entrevistas, em torno de temas culturais, sobretudo tendo por fundo as realidades diversas e diversificadas deste concelho, o 2º do país mas em muitas das suas actividades e das suas gentes desconhecido. Para quem quiser acompanhar as conversas até agora já gravadas, aqui ficam os 4 primeiros programas:
Entrevistado por Guilherme Leite, em
Entrevistando Jorge
Menezes, poeta e tradutor, Filomena Oliveira, encenadora e Fernando Sousa, da
Amnistia Internacional Sintra
Entrevistando Ruy Oliveira, sobre a cultura saloia, e Luis
Galrão e Pedro Macieira, sobre blogues de Sintra
Entrevistando Nuno
Vicente e João Vicente, actores e encenadores
Ventos novos em Paris, a leste nada de novo
O quadro de rostos no panorama político europeu mudou um
pouco este domingo, com a eleição de Hollande, o saco de gatos grego e o
regresso de Putin. Contudo, de realce que no olho do furacão continua e
continuará por certo a política de austeridade provinda de Berlim, até agora
por via do eixo Merkozy, mas sempre de inspiração germânica.
A política europeia tem vindo a privilegiar os mercados e não
a sociedade, e muito menos as pessoas, fazendo com isso empalidecer o projecto
europeu que neste transe tanto pode dar o pulo em frente no sentido da
afirmação no espaço global ou de vez ser enterrado, no regresso à Europa das
pátrias, mas em muito piores condições no mundo global face à ascensão da China
e dos BRICS em geral. Com Hollande, regressa uma visão keynesiana, de afirmação
do estado como promotor de despesa e investimento, mas também um discurso onde
as pessoas ainda contam, malgré lui.
E isso, só por si, já será importante. Mas só uma onda de fundo no sentido do
virar de página que tem em Berlim o seu destino permitirá redesenhar a Europa,
que terá de ser dos cidadãos ou não será.
O caminho não é seguro ainda, até porque Hollande presidente
ainda pode vir a ter de coabitar com um governo de direita que eventualmente
saia das legislativas de Junho, a Grécia promete prolongar a agonia e Merkel
apesar de tudo tem sabido governar para a Alemanha, se bem que não para a
Europa. Contudo, é tempo de dar uma resposta política à crise financeira e
cercear a avidez da mão bastante visível dos mercados.
domingo, 6 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
Caminhada Cultural em S.João das Lampas
Promoveu a Alagamares no dia 5 de Maio o Roteiro do Pão e da Água na
freguesia de São João das Lampas, um passeio pedonal de índole cultural e
histórico por várias locais notáveis daquela freguesia do concelho de
Sintra. Partindo da Igreja Matriz, percorreu-se São João das Lampas, Bolelas, Amoreira, Monte Arroio, Odrinhas, Barreira e Areias, tendo o passeio propiciado a observação e explicação de alguns pontos de interesse, como moinhos, fontes, a igreja matriz, a capela do Espírito Santo, a arquitectura popular e vários locais de interesse ambiental e paisagístico. Algumas fotos:
Outras fotos. Maria do Céu Raposo:
sexta-feira, 4 de maio de 2012
O Medo
Medo. Medo dos funcionários públicos em tomarem posição, com medo de represálias. Medo dos doentes em faltar para não perder dias de “baixa”, suportando a doença. Medo de fazer greve receando o despedimento, a mobilidade e o dia a menos no final do mês.
Medo do futuro e medo de pensar o futuro, zombies colectivos arrastamo-nos na incivilidade, famintos entre rostos fechados e desesperados e a esmola dum supermercado que aproveita as necessidades indisfarçadas.
Medo de ousar alternativas, medo de participar, medo de ser cidadão, anémico e desiludido com os amanhãs que já não serão como se pensavam ser, abandonados e sós no meio das multidões de máscaras a caminho do metro, do emprego e do Nada.
É o medo que nos inibe, incrédulos na Palavra e inertes na Acção, jurando vinganças no silêncio das ruas sujas e povoadas de pedintes, e, contudo, a nada reagindo, senão no balcão da cervejaria ou no final da partida de futebol, contra um inevitável árbitro sempre tendencioso e sempre ladrão.
O Medo voltou, como epidemia da Alma, e o Velho Leão luso lambe as feridas e silencia as dores no longo Inverno que atravessa. Já houve mouros e castelhanos, adamastores e terramotos, junots e bancarrotas. Desabituámo-nos. Até quando?
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