Sob projecto de Norte Júnior e iniciativa de Adriano Júlio
Coelho e da sua Sociedade de Turismo de Sintra, teve início em 1922 a
construção do Casino de Sintra, inaugurado a
30 de Julho de 1924.
Grande e moderno equipamento de lazer, edificado na zona então ainda não
consolidada do Bairro da Estefânea, ali ocorreram grandes espectáculos e eventos
sociais. Relembre-se em 1926 a actuação do Orpheon de Sintra,
dirigido pelo maestro Luís Silveira e Mário Duarte, da
cantora lírica Vix, de Auzenda de Oliveira, Fernanda Coimbra, ou Ercília Costa, entre outros, nos catorze anos em que funcionou sob direcção da Sociedade.
Encerrado
em 1938, mas não desactivado, ali decorreram depois inúmeros eventos e jogos florais,
até que em Fevereiro de 1954, e depois de muitos avanços e recuos, a Câmara o adquiriu por 800 contos (hoje 4000
euros), voltando a registar alguma pujança, com bailes e festas de Carnaval, nalgumas das quais participaram Simone de Oliveira, Maria José Valério e outros populares artistas da época.
Adaptado para repartição de Finanças e Registo Civil, durante alguns anos, tendo aí acolhido igualmente a Escola Preparatória D.Fernando II, a partir de 1996 o
edifício registou um novo fôlego e foi recuperado pelo arquitecto João
Paciência para alojar o Centro de Arte Moderna, sendo na altura celebrado um
protocolo que permitiu albergar parte da colecção do empresário Joe Berardo.
Inaugurado a 17 de
Maio de 1997, durou pois enquanto o comendador ali manteve parte do seu espólio, que retirou definitivamente em 2011, tendo as instalações desde
então ficado subutilizadas, acolhendo apenas as exposições do World
Press Cartoon.
Rebaptizado agora como Casino de Sintra- designação tradicional que os sintrenses nunca deixaram cair- nele se prevêem novos
usos, sob a égide da SintraQuorum, prometendo-se a partir de Novembro uma programação
regular de eventos culturais, com destaque para exposições. O primeiro evento,
a exposição "DIIS MANIBVS-Rituais da Morte durante a Romanidade", do Museu Arqueológico de Odrinhas, apresentará materiais provindos de
escavações no território de Sintra, e para o início de 2013 está já prevista uma exposição relativa
ao Ano do Brasil em Portugal. Exposições temporárias internacionais de
‘primeira linha’ e congressos de grande dimensão, que até ao momento, não têm qualquer
espaço no município que os possa acolher, estão na mira da SintraQuorum, que
aponta as vantagens competitivas de Sintra para tal opção.
Em minha opinião, a revitalização cultural de Sintra passa pela criação de sinergias e parcerias entre os agentes culturais dispersos, apostando num conceito de cidade criativa e aprofundando a conjugação de 3 linhas de força, a que Richard Florida no seu livro The Rise of the Creative Class chamou os 3 T:Talento,Tolerância e Tecnologia. Mas para quem começa por baixo, os passos a dar passam não pela proliferação de eventos culturais importados de fora, mas antes de mais e a fim de promover um espírito grupal, pela partilha e disponibilização de espaços como este para serem utilizados também como centros de criatividade, encontro e troca de informações, como os ingleses fizeram com os Fab Labs, pequenas fábricas, ateliers e estúdios onde se possam instalar associações e pequenas empresas, fomentando assim uma economia criativa, com equipamento digital base, maquinas de impressão, equipamento gráfico, nas mais diversas áreas e onde possa ser promovida a troca de informação. Este conceito catapultou já cidades antes adormecidas para novos paradigmas, como Sheffield, em Inglaterra, ou Helsínquia, com o seu Design Distrit. Em Amesterdão, o envolvimento de 9% da população em actividades e indústrias criativas ajudou ao crescimento do emprego, na Suécia, a instalação de uma escola de artes circenses em Botkyrka, a 20 km de Estocolmo originou um centro de criatividade chamado Subtopia, e estes são exemplos virtuosos que poderiam e deveriam ser seguidos.
Em minha opinião, a revitalização cultural de Sintra passa pela criação de sinergias e parcerias entre os agentes culturais dispersos, apostando num conceito de cidade criativa e aprofundando a conjugação de 3 linhas de força, a que Richard Florida no seu livro The Rise of the Creative Class chamou os 3 T:Talento,Tolerância e Tecnologia. Mas para quem começa por baixo, os passos a dar passam não pela proliferação de eventos culturais importados de fora, mas antes de mais e a fim de promover um espírito grupal, pela partilha e disponibilização de espaços como este para serem utilizados também como centros de criatividade, encontro e troca de informações, como os ingleses fizeram com os Fab Labs, pequenas fábricas, ateliers e estúdios onde se possam instalar associações e pequenas empresas, fomentando assim uma economia criativa, com equipamento digital base, maquinas de impressão, equipamento gráfico, nas mais diversas áreas e onde possa ser promovida a troca de informação. Este conceito catapultou já cidades antes adormecidas para novos paradigmas, como Sheffield, em Inglaterra, ou Helsínquia, com o seu Design Distrit. Em Amesterdão, o envolvimento de 9% da população em actividades e indústrias criativas ajudou ao crescimento do emprego, na Suécia, a instalação de uma escola de artes circenses em Botkyrka, a 20 km de Estocolmo originou um centro de criatividade chamado Subtopia, e estes são exemplos virtuosos que poderiam e deveriam ser seguidos.
Chamar quem trabalha na ciência, arquitectura, design, moda,
música, tecnologias e potenciar sinergias é o desafio que um espaço
privilegiado como o “novo” Casino de Sintra poderia agarrar. Pegue-se igualmente no
Sintra-Cinema, por exemplo, ou em algumas instalações industriais
encerradas, e com um mínimo de condições de funcionamento, nada de faraónico ou
de fachada, junto com o Casino, promova-se a junção e promoção dos criadores e
criativos. A Cultura também contribui para o PNB e com relevo, como um
recente estudo de Augusto Mateus o demonstrou. Sintra Criativa, pegando em modelos já estão testados, essa sim, pode ser uma Marca vencedora, apostando numa verdadeira
Economia da Cultura e num território onde existem condições naturais, população
jovem e factores de localização que podem gerar efeitos
multiplicadores. Uma forma também de sair da crise.
Cabe ao sector financeiro igualmente apoiar nesse âmbito
empresas startups de índole cultural, a quem as firmas gestoras de fundos de capital podem ajudar com conhecimentos
de gestão, acesso a redes de negócios e ajuda à obtenção de competências no
posicionamento estratégico para a venda de produtores criativos inovadores e
atracção de colaboradores. Tais clusters e tais apoios são essenciais para
estancar a fuga de cérebros, e só um ambiente
de empreendedorismo pode reverter.
Deixa-se assim a sugestão de que, saudando a nova vida do Casino de Sintra, este, além de espaço expositivo tout court, possa igualmente
interagir com a comunidade criativa, potenciando junto desse nicho as
vantagens competitivas locais, para uma cultura viva e actuante, que chame ao
exercício e fruição críticas e não opte meramente por uma visão contemplativa dos espaços.
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