Um
dos mais misteriosos e simbólicos locais de Sintra, classificado como monumento
nacional desde 1953 (passam hoje, dia 17, 61 anos) é a Quinta da Penha Verde. Nas mãos
de privados e sempre encerrada, é quase um crime de lesa património que tal
conjunto, bem como os artefactos e decoração da mesma não sejam de pública
fruição, como devem ser os bens culturais e sobremaneira os classificados.
Aquele
portão misterioso, ladeado pelo arco que quase podemos considerar a fronteira
da Grande Floresta, que de Monserrate à Peninha nos transporta pela Serra
Mágica, Paisagem Cultural da Humanidade, está sempre encerrado, esperando
talvez mais uma transacção para uma off shore ou para mais um estrangeiro que a
adquira meramente para valorização patrimonial e pessoal. A Quinta da Penha
Verde foi classificada como Monumento Nacional pelo decreto nº 39175 de 17 de
Abril de 1953. Os terrenos correspondentes à Quinta foram doados pelo rei D.
Manuel no início do século XVI a D. João de Castro, vice-rei da Índia, que
decidiu fazer no local uma quinta de recreio. O palacete primitivo da Penha
Verde, erigido cerca de 1534, possuía uma estrutura de dimensões reduzidas, mas
em 1542 D. João de Castro mandou edificar a capela de Nossa Senhora do Monte,
atribuído a Francisco de Holanda.
Entre
1638 e 1651 D. Francisco de Castro, Inquisidor Geral e neto do vice-rei,
realizou obras de melhoramento na quinta, mandado ampliar o palacete e
construir duas novas capelas, uma dedicada a São João Baptista, interiormente
revestida de painéis de azulejos com temas da vida de São João Baptista, e a
outra com orago de Santa Catarina, padroeira dos Castro. A actual entrada da
quinta deverá datar dessa época, apresentando um pórtico maneirista encimado
por frontão triangular com o brasão dos Castros. Os jardins que antecedem a
casa datam do século XVIII.
Do
conjunto da quinta fazem parte as diversas ermidas, edificadas no espaço
interior à cerca, e as fontes. A ermida de Nossa Senhora do Monte, edificada em
1542, as capelas de Santa Catarina e São
João Baptista, de meados do século XVII são decoradas com painéis de azulejos e
imagens dos santos padroeiros. Realce ainda para diversas fontes, nomeadamente
a de Neptuno, com tanque circular e a imagem do deus ao centro, a dos Azulejos,
com espaldar revestido de azulejos polícromos, e a dos Passarinhos.
Porém,
quantos já viram tudo isto? Será ali a entrada para a cidade sagrada de
Shambala de que falam os esotéricos? Porque não é imposto um dia ou uma semana
anual para que todos a possam visitar, uma vez que é classificada? Aliás, como
se pode controlar a preservação do local se ninguém lá entra, ou mesmo se tudo
o que foi classificado se lá encontra ainda?
Queremos
visitar a Penha Verde. O que têm as autoridades a dizer?
Totalmente de acordo. A quinta da Penha Verde é um local mítico de Sintra que, tal como os capuchos, evoca a memória do Grande D. João de Castro. Sendo parte da história de Sintra e de Portugal, deveria ser celebrado um acordo entre o estado Português e os proprietários. Cumprimentos, Miguel.
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