A Quinta de Ribafria, nos limites de Sintra,
foi adquirida por Gaspar Gonçalves,em 1525 elevado à condição de
Cavaleiro da Ordem de Cristo, e, que em 1536 instituiu a propriedade como
cabeça de morgadio. Em 1541 D. João III, por carta passada em
Lisboa, concedeu ao cavaleiro Gaspar Gonçalves carta de armas e o título de
Ribafria, o qual encetou então obras na quinta, designadamente,
fazendo erguer uma torre na qual apôs, em bom trabalho de cantaria, as suas
armas, e reformulando (ou acrescentando) outros espaços de modo a torná-los
consentâneos com o seu novo estatuto. Apesar das obras que o
solar sofreu ao longo do tempo, a sua planimetria ainda hoje é praticamente coincidente
com as indicações constantes no Tombo e Medição do Morgado de Gaspar Gonçalves
de Ribafria, datado de 1542. Atendendo às similitudes entre a fonte do pátio de
lajedo e uma outra existente no seu paço na Vila, datado de 1534 e assinado por
Pero Pexão (que mais tarde veio a ser mestre de obras do Paço Real),atribui-se
a este a remodelação renascentista .No século XVIII, um descendente
de Gaspar Gonçalves, entre outras obras, acresceu um sobrado à torre. Já no
século XIX e após a falência dos Ribafria (à época condes de Penamacor) a
Quinta foi adquirida em hasta pública por Ferreira Braga que, segundo alguns
autores, desfeou o edifício introduzindo elementos extemporâneos.
Em 1902, novamente em hasta pública, foi comprada por Jorge
José de Mello, 2.º Conde do Cartaxo, o qual introduziu um anexo à torre, abriu mansardas sobre a casa de jantar
e janelas ovóides na cave. Mais tarde, o seu neto, Jorge de Mello, comprou
aos restantes familiares as partes que lhe cabiam em herança e, sob a orientação do Arquitecto Vasco Regaleira, executou grandes obras, quer
adaptando os arruinados anexos a zonas de habitação, quer, sobretudo,
devolvendo ao solar o prospecto renascentista, e dentro do espírito
revivalista, que em Sintra, perdurou até muito tarde, enriqueceu o interior
com diversas estruturas neo-renascentistas. No que concerne à da quinta agrícola
envolvente, e com projecto do paisagista Francisco Caldeira Cabral,
esta foi transformada num bucólico espaço de contemplação
A Câmara Municipal de Sintra, exerceu o direito de
preferência e fez a aquisição da Quinta da Ribafria em 17 de Dezembro de 2002,
em cumprimento de deliberações da Câmara de 12 e 27 de Dezembro de 2001 e da
Assembleia Municipal de 3 de Janeiro de 2002.
O anterior proprietário (desde 1988), era o Instituto
Francisco Sá Carneiro/Fundação Friedrich Nauman, que por sua vez a tinha
adquirido a Jorge Augusto Caetano José de Mello Presidente do Conselho de Administração da CUF.
Recentemente, ali decorreram filmagens da obra de Raul Ruiz “Mistérios
de Lisboa”.
Um grupo de sintrenses, sob a égide da Alagamares, ali fez
uma visita dia 10 de Maio, no sentido de ver o estado de conservação do local,
encerrado desde 2003,com
espírito crítico e construtivo, como é seu apanágio, e tudo fará para ver a integral reabilitação e uma pública e útil fruição daquele monumento do século
XV.
Algumas imagens da visita de 10 de Maio:
Alguns dos participantes na visita
Pormenores decorativos
Zona deteriorada usada pela Fundação Friedrich Neumann, ante-proprietária
Estatuária a carecer de intervenção
Depois de ter sido intervencionada pela Escola Profissional de Recuperação do Património nos anos 80, assim se encontra este local
Brazão dos Ribafrias
Brazão no tecto dum dos salões
Pormenor decorativo
Brazão dos Mellos, Condes de Cartaxo
Alto relevo na igreja
Vista do lago e jardins
Tecto doutra das salas
Enxame de abelhas mortas povoando um dos quartos
Vista do telhado a partir da Torre
Estado de conservação dos jardins
Aspecto degradado do tecto do salão principal
Aspecto do salão principal
Corredor (um dos vários)
Vista sobre o jardim
Escada em perigo de ruína
Matagal, uma imagem de marca
Aspecto da Torre
Aspecto do alçado posterior
Estatuária no jardim de acesso à Capela , rodeada de pervincas
Caminho na mata posterior da quinta
A mina de água, localizada em zona de floresta densa, protegida por uma grade, por ora enferrujada
Pormenor a partir da entrada
Nora, enferrujada e em risco de ruína
O rio das Maçãs, de Colares ou Galamares, consoante a perspectiva, dentro da Quinta. Nasce em Lourel e desagua na Praia das Maçãs