sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Árvores de Sintra


As árvores de Sintra, discretamente alvo de podas e abates,  têm de ser seriamente olhadas como património natural  e como tal protegidas.Parte do cenário natural, frondosas e vetustas, há muito marcam as estações e os dias, floridas na Primavera, despidas no Inverno, acompanhando o tempo e o pathos de quem por elas passa, muitas vezes sem olhar. À sua sombra brincam crianças, descansam idosos, nidificam aves, serpenteiam insectos. Com elas,melhora o clima, aumenta a qualidade do ar, esbate-se o ruído.
As árvores reduzem a temperatura e aumentam a taxa de humidade.  Contribuem para a eficiência energética e ajudam a renovar o ar. Uma faia de 25m pode fornecer oxigénio para 10 pessoas. A folhagem  reduz os aerossóis e poeiras.Sabiam que uma banda arborizada de 100m permite um aumento de 50% da humidade? E que uma árvore de 10m de altura transpira 130 litros de água por dia?
As árvores valorizam as propriedades e melhoram a harmonia dos espaços, solitárias ou em alameda, no esmerado jardim ou soalheiro quintal, marcam escalas, definem territórios e horizontes, protegem do sol e do frio,  são uma barreira visual e cobiça dos artistas.
Sitiadas, sofrem de expectáveis doenças e desamparados ataques, seja dióxido de enxofre ou ozono, monóxido de carbono ou azoto, peróxi-acetilnitratos ou pragas. E sofrem, quando plantadas em solos pobres em nutrientes, atacadas por herbicidas, feridas pelas infra-estruturas enterradas, contagiadas por microorganismos.
Estruturantes da imagem cénica e patrimonial, aumentam a qualidade de vida, merecendo quem lhes trate da porosidade, alimente com matéria orgânica, mate a sede ou vigie, com  competente tutoragem. Frágeis e fortes, endémicas ou exóticas, são o bálsamo e a fragrância, a sombra e o refúgio, silencioso, tão silencioso que sem apelo se abatem vertendo lágrimas de seiva, culpadas de estar e perturbar, perturbar invasivos veículos, trazer improváveis alergias ou irritantemente espalhar as folhas.
Aqui e ali enfrentam o esquadrão da morte, e aos poucos  despedem-se, substituídas por gélido  granito, lápide fria sem direito a um epitáfio.
Breve chegará a Primavera, e com ela o inebriante odor da natureza. Replantar é preciso, espalhar o verde  também. Se Sintra é a aristocrática senhora, as árvores são seu enfeitiçado perfume.

2 comentários:

  1. Concordo cabalmente consigo. Sou dos que tenho denunciado também a caça à arvore que tem sido levada e efeito em Sintra. A árvore é de facto um património de Sintra cujo estado de saúde não pode ser avaliado por um qualquer "sapateiro".

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  2. Caro Senhor,

    Vi um link para o seu blog no Facebook e vim ler o post.
    Estou solidária com este assunto. Muito já me debati a favor das árvores de Sintra, infelizmente, sem grandes resultados. Não significa por isso que devemos calar-nos, pois assim consentimos com o que se anda a passar.

    Deixo-lhe link dos principais posts onde escrevi sobre o tema:

    http://www.casaclaridade.com/2009/11/quanto-vale-uma-arvore.html
    http://www.casaclaridade.com/2010/06/sintra-desaparecer.html
    http://www.casaclaridade.com/2010/06/comunicado.html
    http://www.casaclaridade.com/2010/07/inquietacoes.html

    Abraço florestal :)

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