quinta-feira, 17 de abril de 2014

Penha Verde, o Oriente esquecido de Sintra

Um dos mais misteriosos e simbólicos locais de Sintra, classificado como monumento nacional desde 1953 (passam hoje, dia 17, 61 anos) é a Quinta da Penha Verde. Nas mãos de privados e sempre encerrada, é quase um crime de lesa património que tal conjunto, bem como os artefactos e decoração da mesma não sejam de pública fruição, como devem ser os bens culturais e sobremaneira os classificados.
Aquele portão misterioso, ladeado pelo arco que quase podemos considerar a fronteira da Grande Floresta, que de Monserrate à Peninha nos transporta pela Serra Mágica, Paisagem Cultural da Humanidade, está sempre encerrado, esperando talvez mais uma transacção para uma off shore ou para mais um estrangeiro que a adquira meramente para valorização patrimonial e pessoal. A Quinta da Penha Verde foi classificada como Monumento Nacional pelo decreto nº 39175 de 17 de Abril de 1953. Os terrenos correspondentes à Quinta foram doados pelo rei D. Manuel no início do século XVI a D. João de Castro, vice-rei da Índia, que decidiu fazer no local uma quinta de recreio. O palacete primitivo da Penha Verde, erigido cerca de 1534, possuía uma estrutura de dimensões reduzidas, mas em 1542 D. João de Castro mandou edificar a capela de Nossa Senhora do Monte, atribuído a Francisco de Holanda.
Entre 1638 e 1651 D. Francisco de Castro, Inquisidor Geral e neto do vice-rei, realizou obras de melhoramento na quinta, mandado ampliar o palacete e construir duas novas capelas, uma dedicada a São João Baptista, interiormente revestida de painéis de azulejos com temas da vida de São João Baptista, e a outra com orago de Santa Catarina, padroeira dos Castro. A actual entrada da quinta deverá datar dessa época, apresentando um pórtico maneirista encimado por frontão triangular com o brasão dos Castros. Os jardins que antecedem a casa datam do século XVIII.
Do conjunto da quinta fazem parte as diversas ermidas, edificadas no espaço interior à cerca, e as fontes. A ermida de Nossa Senhora do Monte, edificada em 1542,  as capelas de Santa Catarina e São João Baptista, de meados do século XVII são decoradas com painéis de azulejos e imagens dos santos padroeiros. Realce ainda para diversas fontes, nomeadamente a de Neptuno, com tanque circular e a imagem do deus ao centro, a dos Azulejos, com espaldar revestido de azulejos polícromos, e a dos Passarinhos.
Porém, quantos já viram tudo isto? Será ali a entrada para a cidade sagrada de Shambala de que falam os esotéricos? Porque não é imposto um dia ou uma semana anual para que todos a possam visitar, uma vez que é classificada? Aliás, como se pode controlar a preservação do local se ninguém lá entra, ou mesmo se tudo o que foi classificado se lá encontra ainda?
Queremos visitar a Penha Verde. O que têm as autoridades a dizer?

1 comentário:

  1. Totalmente de acordo. A quinta da Penha Verde é um local mítico de Sintra que, tal como os capuchos, evoca a memória do Grande D. João de Castro. Sendo parte da história de Sintra e de Portugal, deveria ser celebrado um acordo entre o estado Português e os proprietários. Cumprimentos, Miguel.

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