Faleceu no passado dia 1 de Julho a escritora sintrense
Helena Langrouva, sem que a comunidade cultural tivesse conhecimento alargado
do facto, embora padecesse de doença prolongada.
Conheci Helena Langrouva em 2005, no âmbito duma tertúlia
organizado pelo saudoso grupo dos Meninos d’Avó, e posteriormente em vários
eventos promovidos pela Alagamares, para cujo site escreveu algumas vezes,
tendo sido por nós convidada a falar sobre Liberto Cruz- outro escritor nascido
em Sintra,e felizmente ainda vivo- no III Encontro de História de Sintra, no
Palácio Valenças, em Maio de 2007. A obra de Zeca Afonso ou as ideias de Lanza
del Vasto foram igualmente tema de contributos escritos seus, tendo em 2010
participado na visita que o Centro Nacional de Cultura promoveu de homenagem a
outro escritor sintrense desaparecido, e seu primo, M.S.Lourenço.
Licenciada em Filologia Clássica (Faculdade de Letras,
Universidade de Lisboa), Maître ès Lettres Modernes – Cinéma (Montpellier III-
Université Paul Valéry), pós-graduada – DEA ( Universidade de Paris III- La
Sorbonne Nouvelle), Master of Arts e Master of Philosophy (Universidade de
Londres – King’s College) – e doutorada (Universidade Nova de Lisboa) em
Estudos Portugueses, foi Leitora de Língua e Cultura Portuguesas nas
Universidades de Montpellier e Rouen, ensinou Literatura Portuguesa Clássica,
Teoria da Literatura, Introdução aos Estudos Literários e Francês, no ensino
superior, em Portugal, com passagem pelo ensino secundário onde leccionou
Grego, Latim e Português. Equiparada a bolseira pelo Ministério da Educação e
Cultura, foi bolseira da Fundação Oriente e da Fundação Calouste Gulbenkian,
tendo investigado em bibliotecas e museus europeus. Escritora, investigadora
interdisciplinar, nas áreas da cultura clássica, renascentista e do século XX,
tem-se dedicado em especial ao estudo de Literatura e Arte dos séculos XV e
XVI.
Foi igualmente autora de A Viagem na Poesia de Camões, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian- FCT, 2006; Actualidade d’Os Lusíadas, Lisboa,
Roma Editora - apoio FCT, 2006; De Homero a Sophia. Viagens e Poéticas,
Coimbra, Angelus Novus – patrocínio IPLB-, 2004; Arpejos de uma Viandante/
Arpèges, Lisboa, 2003. Co-editou, com Aires A. Nascimento, José V. De Pina
Martins e Thomas Earle, Humanismo para o nosso tempo. Homenagem a Luís de Sousa
Rebelo, Lisboa, edição patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian e
comercializada pela APPACDM, Braga.
Publicou ensaios nas revistas Brotéria, Critério e O Tempo e
o Modo (Lisboa), Traduziu e seleccionou Lanza del Vasto, Não-Violência e
Civilização- Antologia, Lisboa, Edições Brotéria, 1978 e traduziu ainda Jean
Joubert, O Homem de Areia (romance), Lisboa, Difel, 1991.
Estudou Artes Musicais – Canto Gregoriano e Canto Clássico -
Artes Plásticas – Desenho e Pintura- e Iconografia, tendo ainda cultivado o
canto ao longo da sua vida, fez exposições individuais de Pintura em Sintra,
Lisboa e Évora e dedicou-se em particular à pintura de ícones.
Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, da
Associação Portuguesa de Críticos Literários, da Sociedade Portuguesa de
Autores, da Associação Internacional de Lusitanista.
Em meu nome e no da Alagamares, registo mais esta
baixa num universo cultural já de si rarefeito e onde as figuras vão sumindo
num ruidoso silêncio. Sintra ficou mais pobre e a Cultura Portuguesa também.
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