A velha sede do 1º de Dezembro, em S.Pedro
Durante anos, as colectividades de cultura e recreio desempenharam um papel inestimável na vida social e cultural das localidades, promovendo convívios, teatro, actividades desportivas ou de solidariedade.Não aparecera ainda a televisão, poucos tinham automóvel e a vida girava em torno dos bairros, das aldeias e das instituições que saudavelmente promoviam as tradições e a identidade própria das terras e suas gentes.
Com os anos, tal foi-se dissipando. Poucos se vieram a interessar pelas associações, tornou-se difícil encontrar "carolas" para renovar os órgãos sociais, as instalações começaram a ficar despidas e degradadas, e a falta de verbas impediu as obras de conservação que se impunham, multiplicando por todo o lado os cinemas Paraíso subsistindo de subsídios esporádicos e de alguns (poucos) últimos moicanos.
Pelas 18.000 colectividades existentes pelo país, todas repletas de taças de outros tempos ou estandartes das festas de gala, prepassa a nossa História Local, patente nas lápides comemorativas ou na galeria de presidentes com façanhudos bigodes, retrato de outros tempos e outros ritmos de vida. Sem dinheiro para obras, sem receitas próprias suficientes ou com quotizações irrisórias, vão definhando de forma acelerada. São as sedes às moscas, os sócios idosos e saudosistas, isto, quando diversos grupos carecem de espaços para ensaio ou exposição das suas obras, e se têm de contentar com vãos de escada e sedes que não passam de caixas de correio ou a casa de algum dos "carolas".
Sintra não escapa a essa tendência: muitas colectividades, mesmo as que subsistem, estão desertas, as que foram recuperadas ou mantidas, pouca actividade têm, outras, aguardam o camartelo ou melhores dias para uma venda sofrível, e algum banco ou supermercado lhes ocupar o espaço povoado de memórias de gerações de devotados colaboradores. Muitas desaparecidas, como o Clube dos 40, outras adormecidas, e com poucas actividades, outras gastando a verba que a Câmara destina para a Cultura a arranjar o esgoto ou o tecto rachado, a todas falta a mudança para um paradigma de captação de sinergias, com o apoio e em parceria com os muitos grupos carentes de espaços e com iniciativas válidas, sob pena de se acentuar o já adiantado estado de coma em que (sobre)vivem.
Viaje-se pelo concelho e vejam-se as colectividades sub-ocupadas, as arruinadas, observem-se os grupos de teatro, música, associações cívicas ou expositores de arte relegados para caves de prédios ou partes de edifícios que nem para um escritório administrativo chegam, e veja-se aí uma janela de oportunidade para dar algum futuro a todos eles, uns para não morrerem, outros para conseguirem viver. Será de exigir a uma administração autárquica com visão para perceber o papel da Cultura na vitalização da Sociedade, e como real agente de Mudança, e aos dirigentes das várias colectividades, formais e informais, que subsistem neste micro/macrocosmos que é o concelho de Sintra, jovem e multicultural, que sem delongas abracem uma nova forma de abordagem desta problemática, antes que uns se vão e outros se extingam.
Tuna Operária de Sintra
ResponderEliminarPequena, sem dar nas vistas, mas com 101 anos cheios de vida.
https://www.facebook.com/pages/P%C3%A1gina-de-F%C3%A3s-da-Tuna-Oper%C3%A1ria-de-Sintra/205805789455615
De notar que já deu a Sintra 1 Campeão Mundial. (http://www.cm-sintra.pt/revistaartigo.aspx?ID=37).