Passou a sopa de legumes, com leve baforada caseira a legumes e infância. Passaram três imperiais, sem gás, promessa de nova rodada a confiar no gás da botija.Ao canto, dois portáteis dialogam silenciosos com seus melancólicos donos, ausentes frente a bicas pingadas, almas reféns de uma qualquer vodka preta.
Em final de tarde duma prometida Primavera, a vetusta vila torce o nariz e promete o arrastar do Outono, já com cheiro a âmbar e pinho. É a avalónica transpiração da serra lunar, recortada entre palácios, acácias, travesseiros e mais armadilhas a diabéticos incautos, que passam dolentes em promontorial peregrinação.
Passa um japonês. Sorri. Sorriem sempre, os japoneses,milenar truque a esconder emoções, em busca duma foto para mais tarde recordar. E o Vasco, vencido da vida, sem sequer ter ido a jogo. No dealbar das sete horas, as ruas ficam vazias de carros e gentes, num desmaio de Vida. Há muito não há Vida, sobejam holográficos passageiros em transumância pelo Duche, bebedores de almas e sacrílegos ausentes dum espaço sem tempo.
A torre da Câmara fixa-nos, ameaçadora, prometendo pela noite soltar uivantes ogres, ou talvez duendes, sem guia de remessa ou prévio despacho autárquico. Olha-nos, a rameira, em rendilhados contornos, guardada por um leão-rei, e ora ninho de águias. Tarda o Fred, que de Fred's é esta geração.
Três mesas sentam figuras em trânsito, clientes, alguém lhes chama. Ao canto, uma guitarra chora. Choram sempre as guitarras. Antes fossem violinos, e os clientes libelinhas, esvoaçantes e frágeis promessas de serenidade.
Um orvalho tardio tolda os cérebros e convida à caverna-refúgio, da casa ou da alma. Só nocturnas promessas de amor ou esconsos encontros pelas vielas dirão se assim é, ou se uma etérea felicidade invadirá os silêncios e as esperas sem promessa.
Cristo morreu, Marx também, Rimbaud arrasta-se numa labirintica revolta, e Sintra, melancólica, observa a valsa de gambozinos espectrais, antevendo noites redentoras e silenciadas paixões.
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