A vila é morena, e de vila em vila, cresceu, e se fez Cidade. E
os cidadãos, despertos, viram que são afinal quem mais ordena, nas urnas e nas
praças, e que aqueles a quem deram poder de para eles e por eles governar, violaram o mais sagrado dever para com o
povo de que deveriam emanar: A LEALDADE.
Outrora, outros foram já desleais ao povo, de Cristovão de Moura aos
Cabrais, de Leonor Teles a João Franco, fieis a castelhanas troikas ou a
subterrâneos interesses, e como tal, a História lhes ditou destino, a negro e
com cadastro. Hoje, legitimados pelo povo por via de voto capciosamente arrancado sob mentira
e malícia, na rotativa alternância dos interesses. Não são novos os
protagonistas, estão travestidos porém, eivados de aleivosa deslealdade, contudo.
Deslealdade para com o povo, o seu voto e as suas ansiedades.
Deslealdade para com o país, suas instituições e sua
História.
Deslealdade para com a verdade, raptores do futuro e
mandatários da miséria e desesperança.
No tribunal, a mentira é perjúrio, e motivo para processo e
punição. Na política, parece ser virtude, e como crime compensa. A virtude da liberdade para ludibriar, sempre com a
desculpa da pesada herança dos precedentes, ou dos gatos escondidos que, como virgens
desfloradas, dizem ter descoberto, uma vez chegados ao poder.
Quem assim procede desmerece de ser português, e mais não é
que títere no juízo do povo. Mas anémica e calculista é também a força dos
que se dizem opor. Que pensar de uma democracia pensada apenas para a
alternância mas sem alternativas? Que pensar dos que querem mudança mas não saem
da sua zona de conforto ideológico? Que pensar, quando o povo se tem de pôr em
marcha, mas é olimpicamente tratado como inorgânico e populista,
quando o seu protesto não emana das chafaricas partidárias e seus ventríloquos?
A democracia como a conhecemos, tem os dias contados, porque
o mundo em que nascemos, crescemos, e pelo qual lutámos desaba também. Por enquanto, não
se sabe para onde vamos, perdidos entre grândolas ululantes e a busca de
salvadores improváveis, reféns de economistas cinzentos ou demagogos impostos pelo Facebook. O
futuro, definitivamente, já não é como era. É pior, e sob o signo da deslealdade.
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