Depois de Portugal, é o Chipre quem tomba agora às garras
da União Europeia, “parceira e aliada”. Entre as medidas que o Chipre terá de concretizar por conta do empréstimo de 10.000 milhões de euros, inclui-se um miserável
imposto extraordinário de 9,9 % sobre os depósitos acima dos 100.000 euros e de
6,7 % para os valores abaixo, bem como um aumento do imposto sobre as empresas
até 12,5 %. Assim, já ontem os cipriotas ficaram a saber
que lhes eram confiscados 10% dos seus depósitos, além dum rol de “presentes” a que,
infelizmente, deste lado da periferia já estamos habituados, como Novos
Escravos da Dívida.
A União Europeia está, infelizmente, no estertor. Poucos
acreditam que alguém, sobretudo nos países resgatados e tendo os emergentes a Sul vindo
para ficar, volte a viver como em tempos nos prometeram, quando caminhámos para os braços do FEDER ao som do Hino da Alegria e amanhãs de
prosperidade e de Primeiro Mundo eram anunciados com toques triunfais e sem retorno. Veio o insondável euro,
que os Grandes quiseram e a que ninguém fez testes, e
tudo descambou, deixando por trás das frágeis vestes um cruel cabide alemão, duro e
tosco. Alemão, enfim.
Ignoro quando a União Europeia acabará, mas o seu fim é
certo, cedo ou tarde. A Europa foi Europa enquanto foi a Europa das Nações, diferentes
e antagónicas, e os mais de 70 anos de paz que levamos são já um recorde, num
continente onde sempre houve guerras e as potências sempre se olharam
desconfiadas. O “sonho” de Monet e Schuman mais não foi que a forma que
a França do pós-guerra encontrou para controlar a renascida (e apoiada) fénix germânica, a que se juntou então o Benelux e a
Itália. Veio a PAC, amiga da França, o euro, amigo da Alemanha, e enfim o Lehman
Brothers, inimigo de todos, até do cabide alemão, e tudo sobrou para os elos mais fracos.
Espoliado, o Chipre junta-se agora aos já exauridos países ”ajudados”. E
a recuperação continua adiada, 2 anos, três anos, uma década, cinicamente e com desdém nas
mãos dos Gaspares desta Europa, madrasta e avara. A democracia vacila, e as massas, ululantes, desesperam. É tempo de bater com a porta,
e partir ao encontro dum destino novo e esperançoso. E se tiver de ser fora desta
“Europa”, que seja. Só a incompetência e pequenez dos actuais dirigentes pode continuar a
insistir na fatalidade de que não há alternativa. Há sempre alternativa. Antes a Sorte que tal
Morte.
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