O Expresso, que
agora completa 40 anos, inaugurou em Portugal um estilo que veio para ficar: não
só aprofundou o jornalismo de investigação, como, pelo impacto das suas
manchetes ou artigos de opinião marcou a agenda política, criando ou antecipando
factos políticos e elaborando cenários, tão ao gosto de Marcelo Rebelo de
Sousa, fundador e um dos principais editorialistas dos primeiros anos. Foi com
o seu exemplo pioneiro que depois surgiram O
Tempo ou O Independente , por
exemplo, tendo o Expresso, contudo, resistido a todos eles, pela sobriedade da
sua abordagem dos assuntos e consistência das reportagens. Dele retenho como emblemáticas as
corrosivas crónicas de Marcelo, a coluna social, o cartoon
de António ou os Bilhetes de Colares, colunas que sempre procurava em primeiro
lugar ao adquirir o jornal, com os tempos cada vez mais espesso, e, quanto a mim,
com um exagerado número de cadernos, a carecer do já incontornável saco de
plástico para o seu transporte e de uma mesa de café para o poder abrir.
Não se ignora que na sua redacção ou nas suas páginas se fizeram
e desfizeram governos, lá no Procópio ou Botequim, e que, sob a batuta de
Francisco Pinto Balsemão ali nasceu um dos principais grupos empresariais portugueses da
comunicação social. Mas tal ficou a dever-se também à sua génese oportuna como jornal arejado e
liberal, prenunciador de novos tempos e insuspeito de manipular opiniões,
deformar o carácter de pessoas ou negar o permanente contraditório nos grandes
temas da sociedade portuguesa.
Hoje ainda, não passa um fim de semana que o noticiado pelo Expresso não domine o universo noticioso da semana seguinte, atenta a qualidade e persistência dos seus jornalistas e
a clara ligação entre jornalismo e política, mais vincada em jornais como o Expresso do que noutros, sem contudo
descurar a qualidade de cadernos como o ACTUAL ou o caderno de Economia.
Parabéns pois ao Expresso,
e que continue como refrescante veículo de pluralismo e modernidade, apesar de um ou outro Baptista da Silva a que ninguém está imune.
Sem comentários:
Enviar um comentário