sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Crónica de causas perdidas

Acho curiosas as pessoas que fazem tudo para aparecer e parecer terem vidas interessantes e inspiradoras, e depois, quando a nódoa lhes cai no pano, invetivam tudo e todos em defesa do seu direito à privacidade, vítimas de si próprias e da sua venialidade.

Vivemos um tempo de superficialidades, de vidas em modo reality show, esquecendo-se quem na discrição da sua existência contribui para um mundo melhor, se calhar em campos não tão cool ou sexy (perdoem duas palavras seguidas em inglês, mas é hoje a língua oficiosa de Portugal...).

 Percorrem-se as televisões, os Instagram narcisistas, o Tik Tok para idiotas ou o Twitter (agora X) do lunático Musk, e tudo nos é oferecido como felicidade, sucesso e triunfo, vendido como profundo o que não passa de show off, avidamente apelando às visualizações e aspirando ao momento glorioso em que uma banalidade qualquer se torne viral.

Neste mundo de gente debruçada sobre o telemóvel, um dia destes espantou-me um jovem no comboio lendo um livro, coisa tão rara hoje como encontrar um engraxador ou um amolador. De soslaio, espreitei a ver que obra o traria absorto naquele velho hábito da leitura. Era afinal o livro com as regras do Código da Estrada, a preparar o exame de condução...

Ler, refletir, discutir de forma aberta e positiva, é algo desaparecido no Parque Jurássico desta Humanidade estonteada, aprisionada pelas fake news tomadas como novas verdades, que um dia destes a inteligência artificial normalizará. Quando é que o bom senso se tornará viral?






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