Cada dia é mais impressiva a falta de civismo e de zelo com que os cidadãos tratam das nossas cidades, vilas e bairros.
O vandalismo é dominante, com tags e grafittis sem traço algum de arte a emporcalharam tudo o que é parede, muro, candeeiro, carruagem de comboio ou paragem de autocarro. Os jardins e canteiros estão frequentemente maltratados e entregues a ratos e lagartixas. Locais há onde os rabiscos ininteligíveis e marcadores de território chegam ao terceiro piso, caixotes do lixo frequentemente têm mais resíduos fora que dentro, e os excrementos dos animais são armadilha para os incautos.
Tudo ante um desprezo generalizado dos utentes, das autoridades e das polícias.
Terras mais pobres que a nossa, talvez pela dificuldade em conquistar muitas coisas, tratam dos seus modestos jardins com denodo, estimam as casas e a Memória, mostram o que é saber viver em sociedade.
Nestes subúrbios de Lisboa, a que eufemisticamente chamamos áreas metropolitanas, é frustrante o estado das ruas e avenidas, tudo procurando destruir, num caldo imparável de violência, desenraizamento e revolta. Poucos edifícios têm uma parede limpa, poucos transportes andam a horas, poucos caixotes têm o lixo depositado corretamente, poucos jardins têm plantas bem tratadas. Das árvores mais vetustas, poucas em breve resistirão, o património não é mais que fonte de mais-valias, numa cacofonia de ruídos, poluição visual e ausência de valores.
É tenebroso viver neste Quarto Mundo, remando contra marés e hordas que arrastam existências sem outro sentido que não seja o fanatismo clubístico, o voyeurismo das redes sociais e a rebelião gratuita, frequentemente capturada por arautos capciosos prometendo novas ordens criadas no ódio, na dependência e no despeito.
Cidadania, semântica palavra, cada vez mais sem sentido.
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