Aproximando-se a época de incêndios( agora que se criou a infausta saison de fogos assassinos) algumas preocupações, antes de os noticiários começarem a abrir com as tradicionais notícias dos fogos, os remoques pela falta de limpeza das matas e as lágrimas de crocodilo sobre o sangue derramado.
2003
e 2005 foram anos anormais, e depois de algum trabalho feito nas
estruturas nos anos seguintes, técnicos conceituados, como Francisco
Castro Rego e António Salgueiro temem por retrocessos depois de com o
projecto europeu Fire Paradox se terem definido algumas orientações estratégicas desde 2006.
É de temer o pior com o cancelamento do projecto do Grupo de Especialistas de Fogo Controlado (GeFoCo)
que desde 2007 terão contribuído para conter mais de 50 fogos
florestais, a tentativa de acabar com o Grupo de Análise e Uso do Fogo (GAUF)
estrutura dedicada à prevenção e combate aos incêndios florestais, que
nos últimos cinco anos combateram mais de 300 grandes incêndios, e a
tentativa de suspender a regulamentação sobre o uso de fogo técnico.
Igualmente, ao pretender-se parar o processo de enquadramento e
facilitação da realização de queimadas para a pastorícia em épocas de
baixo risco de incêndio, e ao não se prosseguir o investimento em
conhecimento, estratégia e antecipação, transferindo 2 milhões de euros
do Fundo Florestal Permanente para a contratação de meios aéreos para o
combate, estarão em estudo soluções que podem não ser as mais adequadas
ao caso português.
Como
estamos de Plano Nacional de Uso do Fogo? Quantos meios estão ao
dispor? Qual a estratégia de longo prazo? O Verão está aí, e com ele as
brutais imagens do fogo destruindo floresta, ecossistemas e a
economia.Com troika ou sem troika, assuntos suficientes para incendiar
responsabilidades e alimentar telejornais quando o país estiver a banhos
e agora que o futebol está (ainda) no defeso. A ver vamos...
Efectivamente, é bonito falar da floresta, do pinhal de Leiria, da serra de Sintra ou do Gerês. No terreno da realpolitik
o que sucede porém? Segundo parece, aproximando-se o fim do quadro comunitário,
apenas 1/10 dos 441 milhões de euros disponíveis foram executados, numa
área intervencionada de 5478 hectares. A regulamentação das medidas
previstas no PRODER é lenta e desde 2007 só foram reflorestados 2700
hectares, quando nos anos noventa períodos houve em que num só ano a
reflorestação ultrapassou 30 mil hectares, dos quais 681 de carvalho e
341 de pinheiro, quando anualmente mais de 3,5 milhões de hectares são
assolados pelos fogos.
Segundo
o PRODER, a 31 de Dezembro de 2010 estavam aprovados 812 projectos, num
total de 135 milhões de euros, mas apenas 5 milhões estavam pagos. No
domínio da gestão de espaços florestais, os projectos aprovados
correspondiam a 24% da dotação global. Tal ficar-se-á a dever ao
prolongado período de regulamentação do PRODER, que- pasme-se!- só terá
ficado concluída em 2008. Que anda o Ministério da Agricultura a fazer?
Alem de que estão a ser exigidos no âmbito de processos altamente
burocráticos planos de gestão florestal que cada agricultor candidato
deve apresentar, planos esses que os próprios serviços não definiram o
que querem que sejam, nem têm tido capacidade para os analisar.
Dias de perigo espreitam uma vez mais a floresta portuguesa.
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