Foi apenas a 14 de Novembro de 1913 que Regina Quintanilha recebeu autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça para advogar, sendo esse o dia em que vestiu a toga dos advogados no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa. Foi ela a primeira mulher advogada em Portugal. Foi igualmente a primeira mulher a exercer as funções de Conservadora do Registo Predial e Notarial. Note-se que só em 1890 as raparigas foram autorizadas a frequentar os liceus públicos e só 16 anos depois foi criado o primeiro liceu feminino. Em 1910, a escolaridade obrigatória era dos 7 aos 11 anos, mas para as mulheres estava normalmente destinada uma instrução elementar, não lhes sendo pedido mais do que as funções de mulher e de mãe. As mentalidades da sociedade portuguesa da altura não estavam preparadas para dar lugar às mulheres no exercício de profissões liberais.
Foram precisos muitos anos até surgir a primeira mulher no Governo, Maria Teresa Lobo, Secretária da Assistência em 1971 no Governo de Marcelo Caetano.
A primeira mulher ministra foi Maria de Lurdes Pintasilgo, Ministra dos Assuntos Sociais em 1974 e em 1979 a primeira mulher Primeira-Ministra ao presidir ao V Governo Constitucional. Em 1986 foi igualmente a primeira mulher a candidatar-se à Presidência da República.
Agora, que felizmente já muitas mulheres são ministras, militares, polícias, engenheiras, juízas, e há leis impondo a paridade nos lugares electivos, mais um acto simbólico mas importante: a primeira mulher presidente do Parlamento, Assunção Esteves.
A Assembleia da República tem actualmente 27,4 por cento de mulheres (a média mundial é de 18,8 por cento), sinal da evolução entretanto ocorrida, embora seja ainda uma percentagem muito baixa em relação aos países nórdicos (42,1 por cento). No meio da crise, uma boa notícia contudo.
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