A Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff pôs as industrias criativas em plano destacado no seu Governo, criando uma Secretaria de Estado da Economia Criativa, de apoio aos pequenos produtores e reduzindo desigualdades entre regiões, porque os negócios dependem menos de investimento financeiro que do aproveitamento das particularidades culturais locais. O trabalho em rede favorece o desenvolvimento local e propicia a auto-estima. Por cá, esse deveria ser o paradigma da Secretaria de Estado da Cultura, agora entregue a Francisco José Viegas: ser um secretário de Estado da Nova Economia Criativa.
A revitalização cultural das cidades passa por, além da criação de sinergias e parcerias entre os agentes culturais dispersos, apostar num novo conceito de cidade criativa, aprofundando a conjugação de 3 linhas de força, a que Richard Florida no seu livro The Rise of the Creative Class chamou os 3 T:Talento,Tolerância e Tecnologia.
Para tal, os passos a dar passam não pela proliferação de eventos culturais contratados fora, mas antes de mais, na expressão micro, na criação de um espírito grupal, pela disponibilização de espaços que possam ser centros de criatividade, encontro e troca de informações, algo que os ingleses fizeram criando os Fab Labs, pequenas fábricas, ateliers, estúdios onde se possam instalar associações e pequenas empresas, fomentando uma economia criativa, com equipamento digital base, maquinas de impressão, equipamento gráfico, nas mais diversas áreas e onde possa haver troca de informação. De vários exemplos micro poderá nascer uma visão e paradigma macro-social e cultural.
Este conceito catapultou já cidades antes adormecidas para novos paradigmas, sendo de tal exemplo Sheffield, em Inglaterra, ou Helsínquia, com o seu Design Distrit. Em Amesterdão, o envolvimento de 9% da população em actividades e indústrias criativas ajudou ao crescimento do emprego. Na Suécia, a instalação de uma escola de artes circenses em Botkyrka, a 20 km de Estocolmo originou um centro de criatividade chamado Subtopia.
Chamar quem trabalha na ciência, arquitectura, design, moda, música, tecnologias e potenciar sinergias é o desafio a agarrar. Pegue-se em instalações industriais encerradas, quintas e pátios ao abandono, e com um mínimo de condições de funcionamento, nada de faraónico ou de fachada, promova-se a junção dos criadores e criativos. Afinal a Cultura também contribui para o PNB e com relevo, como o recente estudo de Augusto Mateus elencou. Portugal Criativo, pegando nos modelos que já estão inventados, isso sim, pode ser uma Marca, criando uma verdadeira Economia da Cultura num território onde existem condições naturais, população jovem e criativa e factores de localização que podem gerar efeitos multiplicadores. Fica a sugestão. E a Francisco José Viegas, que actue rápido, surpreendendo. Não há segunda oportunidade para causar uma primeira boa opinião.
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