sábado, 4 de junho de 2011

50 Anos da Amnistia Internacional



Passam a 4 de Junho 22 anos sobre o massacre de Tiananmen, numa altura em que a Amnistia Internacional comemora 50 anos (os nossos parabéns, na pessoa dos responsáveis pelo Grupo 19 de Sintra, que têm vindo a dinamizar o facto com exposições e conferências).
O Governo Chinês tem-se recusado a levar a cabo um inquérito aberto, independente e imparcial aos acontecimentos dos dias 3-4 de Junho, apesar dos apelos dos governos estrangeiros. Mas é necessário que a justiça acabe por prevalecer e que as vítimas e suas famílias não sejam esquecidas. Nesse sentido a Amnistia Internacional - Secção Portuguesa pede a todos os seus activistas e simpatizantes que assinem o apelo que será enviado para o Primeiro-Ministro da República Popular da China, com cópia para o Embaixador da China em Portugal.
Dois dias antes do 22º Aniversário  o Governo Chinês tentou, de forma discreta, negociar uma indemnização à família de uma das vítimas desse massacre.
Esta notícia é insólita porque diz respeito a apenas uma de entre milhares de vítimas e porque os responsáveis chineses nunca assumiram a sua responsabilidade por esses sangrentos acontecimentos e muito menos admitiram discutir o assunto com os familiares das vítimas, cuja associação – Mães de Tiananmen – tem sido alvo de perseguições por lutarem pela reabilitação do nome dos seus entes queridos e pela divulgação oficial do número de mortos dos dias 3 e 4 de Junho de 1989. Esta notícia pode ser um sinal de que a China quererá mudar de atitude em relação à apreciação desse terrível evento, que anualmente ensombra a sua imagem perante o mundo em que tem vindo a desempenhar um papel relevante.
Uma vontade sincera de assumir as suas responsabilidades implicaria a divulgação do número e nome das vítimas e a sua reabilitação, o diálogo sincero com todos os seus familiares e um inquérito e julgamento dos responsáveis pelos acontecimentos. Ao invés, vários activistas defensores dos direitos humanos continuam a ser condenados por terem participado nos acontecimentos da Praça de Tiananmen ou por terem pedido publicamente justiça para as vítimas. Desde Fevereiro, A Amnistia Internacional obteve informações sobre mais de 130 casos de activistas, “ bloggers“, advogados e outros que foram detidos pela polícia, sujeitos a intimidação e monitorização pelas forças de segurança ou que desapareceram. Muitos enfrentam acusações vagas mas perigosas de “incitamento à subversão”. Entre eles constam:
Chei Wei: activista de Sichuan (defensor das famílias das crianças mortas no terramoto de Sichuan, soterradas sob os escombros de escolas mal construídas) levado pela polícia em 20 de Fevereiro de 2011 e acusado de “incitar à subversão do poder do Estado”.
Ding Mao: Também activista de Sichuan e fundador do Partido Social Democrático, cujo reconhecimento legal foi recusado. Foi detido em 19 de Fevereiro de 2011 e acusado de “incitamento à subversão”.
Li Hai: foi detido pela polícia em 26 de Fevereiro de 2011, sob suspeita de “provocar perturbações públicas” por divulgar a Revolução de Jasmim no Médio Oriente. Aguarda julgamento. Li Hai já tinha sido detido em meados dos anos 90 por “divulgar Segredos de Estado”, depois de ter compilado uma lista de pessoas aprisionadas depois dos protestos de 1989 em Tiananmen,
Wang Lihong: médica, foi colocada em regime de vigilância no dia 20 de Fevereiro de 2011 e detida no dia seguinte. Foi acusada de “juntar uma multidão para perturbar a ordem pública”.
Liu Xiaobo: académico e poeta, co-autor da Carta 08, Prémio Nobel da Paz de 2010, condenado a 11 anos de prisão em 25 de Dezembro de 2009. Liu Xiaobo, que fora anteriormente detido pelo seu papel nos acontecimentos de 1989, dedicou o Prémio Nobel às vítimas de Tiananmen.
Amnistia Internacional: onde as trevas da opressão dominarem os povos, uma vela se acenderá nas consciências de muitos. Só o medo de ser livre pode criar o orgulho de ser escravo.
Parabéns à Amnistia Internacional!
                                        

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