De
acordo com o Plano Estratégico do Turismo da Região de Lisboa para o período
2015-2019, elaborado pela Roland Berger
Strategy Consultants, em 2014, foram considerados vectores estratégicos para
o concelho de Sintra: a Marca Sintra, Capital do Romantismo; a oferta
monumental; o turismo de golfe; o turismo de natureza; a existência e
necessidade de uma hotelaria diversificada, e o aproveitamento turístico das
quintas.
Segundo
esse estudo, 35% dos turistas que visitam Sintra (dados de 2013) fazem-se no
regime de visita de um dia (day trip), tendo contudo as dormidas aumentado 8,8%
entre 2008 e 2012, e as camas 6,6%, não obstante as dormidas em Sintra em toda
a região objecto do Plano não passem dos 3% do total, com 72% dos visitantes a
alojar-se noutros locais. Sintra dispunha (dispõe) desde então- 2013- de 137
unidades hoteleiras, num total de 1350 quartos e 2840 camas, tendo tais
unidades recebido em 2013 136.500 hóspedes, num total de 290.000 dormidas. No
que a visitas concerne, nesse ano a Pena teve 778 mil visitantes, o Palácio da
Vila 393 mil, Queluz 124 mil, o Castelo dos Mouros 274 mil, e os Capuchos 33
mil, os museus, um total de 128 mil, (com o Centro de Ciência Viva em destaque,
com 46 mil e o Museu Ferreira de Castro com apenas 3359) a Regaleira 285 mil e
Monserrate 93 mil, num total esse ano de 2 milhões 162 mil visitantes, com
maior afluência em Agosto e menor em Janeiro.
Para
os visitantes mobilizados, a oferta de estacionamento contemplava 454 lugares
em S. Pedro, 1683 na Portela de Sintra, 358 na Estefânea, 422 na Vila, e 470 na
Estação de Sintra.
Com
tal quadro fáctico, envolvido por um centro histórico de Sintra despovoado e
idoso (em todo o Centro Histórico, incluindo S. Pedro, Vila e Estefânea moram
3483 pessoas, e na Vila apenas moram 386, tendo 129 mais de 64 anos), 166
edifícios a precisar de intervenção urgente e 20 em completa ruína, afigura-se
antes de mais ouvir as associações e os moradores a fim de que estes se
pronunciem, e, sem umbiguismos ou espíritos de capela, pensando no colectivo e
com noção de futuro, e não só no que se passa à sua porta, pensem global e
pensem no melhor para Sintra, atenta a sua realidade de burgo encavalitado com
uma serra serpenteante e densa a envolve-la, com todas as contingências que
isso acarreta.
Como
tarefas fulcrais a desenvolver, sob a égide dum órgão coordenador abrangente, com
competências claras e executivas, e fundo de maneio próprio e proveniente de
fundos e programas de financiamento, sugeriria:
-a
promoção de medidas que fixem e tragam jovens e moradores para o Centro
Histórico, apostando no arrendamento, e contemplando benefícios fiscais para
quem recupere património existente;
-a
construção dum Sintra Welcome Center,
na Vila Alda ou no Casal de S. Domingos, por exemplo, em localização central,
ou no Museu Ferreira de Castro, se este vier a ser deslocado para outro sítio;
-a
implementação de sinalética com informação exaustiva, wi-fi e QR codes em todos
os locais de relevo;
-o
lançamento imediato de obras de recuperação dos imóveis em péssimo estado, ou
sua alienação com a condição de recuperação em prazo certo e curto;
-a
cabimentação orçamental de verbas destinadas à reabilitação urbana e o
lançamento imediato de candidaturas a uma série de fundos nacionais e europeus,
onde se pode ir captar cerca de 156 milhões de euros em vários programas
operacionais;
-a
criação de parques periféricos no Ramalhão, Portela e Estefânea;
-o
lançamento de obras na sede dos escuteiros (antiga cadeia comarcã), no mercado
da Estefânea (outro local possível para um Welcome Center, semelhante ao que
ocorre no Mercado da Ribeira, em Lisboa, com restauração, exposições, espaço
internet e venda de produtos tradicionais e biológicos), Parque dos
Castanheiros, casa em ruínas na Volta do Duche, Casal de S. Domingos, casa de
Francisco Costa, Hotel Netto e todas as casas propriedade da CMS, sobretudo nas
Escadinhas do Hospital;
-elaboração
dum Plano de Marketing Turístico e Comercial de médio prazo;
-alterar
e adaptar as localizações e horários dos transportes públicos e praça de táxis
da Vila (com novas paragens e praças junto aos parques periféricos), bem como
regulamentar os tuk-tuk’s e operadores turísticos privados, hoje a actuar na
sua quase totalidade de forma descontrolada;
-criar
uma programação de eventos contínua e adequada às características de Sintra;
-ponderar
o futuro do eléctrico, sendo eu particularmente contra a sua continuação até à
Vila, pelo impacto no trânsito e pelo impacto visual negativo das catenárias;
-ponderar
a não execução do teleférico, pois tal abreviaria a visita a Sintra dos inúmeros
visitantes, levá-los-ia apenas à Pena e frustraria a possibilidade de se “sentir”
Sintra em benefício dum turismo de massas que não se deve preconizar, sofrendo
a vila e a serra já hoje a consequência das hordas diárias de visitantes
trazida pelo aumento de viagens low-cost
tendo Lisboa como destino primário e Sintra como destino complementar. Além de
que dificilmente se encontrará alguém para pagar os 20 milhões de euros previstos
para a sua construção;
-ponderar
a possibilidade de criação de um posto de informação no Rossio ou no Turismo de
Lisboa, especificamente visando Sintra, e onde se possam obter informações
prévias e adquirir bilhetes compostos transporte-visita para os visitantes que
pretendam visitar Sintra;
-ponderar
a relocalização do silo na Portela, sendo opção visual e urbanisticamente menos
impactante outra junto ao interface ou próximo do Tribunal de Sintra;
-replantar
árvores na Praça da República, e classificar todo o arvoredo da zona da ARU
como de interesse municipal, impedindo cortes, e promovendo apenas os que
decorram de parecer fitossanitário devidamente fundamentado;
-criar
novas zonas e percursos pedonais (sem corte de trânsito, ou corte parcial)
junto ao Pelourinho da Vila, no largo fronteiro à Câmara, e na Rua Alfredo
Costa;
-transferir
o GAM e o Espaço do Cidadão para a Rua Heliodoro Salgado;
-reformular
o trânsito na Rua Heliodoro Salgado, e promover a rectificação paisagística da
rotunda na Av. Nunes Carvalho;
-ordenar
o trânsito e o estacionamento de forma gradual e experimental, com abertura a
alteração de soluções, sempre que as adoptadas se não mostrem totalmente
eficazes;
-criar
uma zona de parqueamento de caravanas no Ramalhão, Chão de Meninos ou junto ao
Tribunal;
-uniformizar
o mobiliário urbano e remover as antenas obsoletas;
-relocalizar
os caixotes do lixo e os ecopontos;
Estas,
sem ser exaustivo, nem descurar outras soluções, algumas sugestões para um plano
a executar em vários anos (10 a 15) e para o qual se podem canalizar verbas do
Portugal 2020, do Reabilitar para Arrendar, Life+2014-2020,Fundo Jessica, Plano
Nacional de Acção para as Energias Renováveis, Fundo Português do Carbono, e
outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário