Realizou-se hoje em Dili a Cimeira da CPLP, onde a Guiné
Equatorial foi admitida como membro de pleno direito. Em 2010, este país descoberto pelos
portugueses (antiga ilha de Fernando Pó) instituiu o português como
3ªlíngua oficial do país, apesar de a nossa língua aí não ser falada,
numa altura em que a entrada na CPLP esteve iminente. Em grande medida
devido à intervenção de Portugal e, não obstante o apoio do Brasil e de
Angola, isso acabou, porém, por não acontecer. Mas abriram-se portas.
Foram
entretanto organizadas duas missões de observação (uma em Julho de
2011, outra mais recentemente) para monitorizar o progresso daquele
país, depreendendo-se claramente que não houve quaisquer progressos no
terreno desde 2010. O que houve foram alterações legislativas, fingindo
suspender a pena de morte, que estão longe de ter melhorado a vida do
cidadão comum. Do ponto de vista da introdução da língua portuguesa,
prometeu-se estar para breve a abertura de um centro de língua
portuguesa na capital do país, Bamako. Do ponto de vista político, foi
prometida uma revisão constitucional que incluiria a limitação dos
mandatos presidenciais. O país continua porém na lista negra da Human
Rights Watch. Só que, a riqueza vinda do petróleo descoberto há poucos
anos, pode passar um pano nesse “detalhe” agora incomodativo e abrir as
portas ao regime do ditador Obiang.
O movimento "Por uma Comunidade de Valores", iniciativa inédita na história dos países de língua portuguesa que reúne centenas de organizações não-governamentais espalhadas pelos países da CPLP, escreveu já aos líderes dos vários países da organização, apelando à recusa da adesão da Guiné Equatorial, por considerarem que o país não cumpre requisitos mínimos em matéria de democracia e direitos humanos, além da população equato-guineense nem sequer falar o português. Na opinião dos subscritores, esta adesão à CPLP "não deve ser aceite sem que o país demonstre avanços claros na democratização das instituições, na defesa dos direitos humanos e na partilha equitativa das riquezas naturais".
Recorde-se que aqui em Sintra, o Grupo Local 19 da AI se destacou já em anos anteriores numa campanha pela libertação de alguns presos políticos, antigos membros do Partido Progressista da Guiné Equatorial (proíbido). Emiliano Pedro Esono Micha, Cruz Obiang Ebebere, Gumersindo Ramírez Faustino, Juan Ekomo Ndong e Gerardo Angüe foram detidos sem mandado em Março de 2008, devido à sua associação no passado a este partido, acusados de associação ilícita e posse de armas e munições e em Junho de 2008 sentenciados a seis anos de prisão. A Amnistia Internacional considerou-os prisioneiros de consciência, detidos unicamente pelo exercício pacífico do seu direito à liberdade de associação e reunião e condenados com base em testemunhos assinados sob coação.
O movimento "Por uma Comunidade de Valores", iniciativa inédita na história dos países de língua portuguesa que reúne centenas de organizações não-governamentais espalhadas pelos países da CPLP, escreveu já aos líderes dos vários países da organização, apelando à recusa da adesão da Guiné Equatorial, por considerarem que o país não cumpre requisitos mínimos em matéria de democracia e direitos humanos, além da população equato-guineense nem sequer falar o português. Na opinião dos subscritores, esta adesão à CPLP "não deve ser aceite sem que o país demonstre avanços claros na democratização das instituições, na defesa dos direitos humanos e na partilha equitativa das riquezas naturais".
Recorde-se que aqui em Sintra, o Grupo Local 19 da AI se destacou já em anos anteriores numa campanha pela libertação de alguns presos políticos, antigos membros do Partido Progressista da Guiné Equatorial (proíbido). Emiliano Pedro Esono Micha, Cruz Obiang Ebebere, Gumersindo Ramírez Faustino, Juan Ekomo Ndong e Gerardo Angüe foram detidos sem mandado em Março de 2008, devido à sua associação no passado a este partido, acusados de associação ilícita e posse de armas e munições e em Junho de 2008 sentenciados a seis anos de prisão. A Amnistia Internacional considerou-os prisioneiros de consciência, detidos unicamente pelo exercício pacífico do seu direito à liberdade de associação e reunião e condenados com base em testemunhos assinados sob coação.
Florencio
Elá Bibang e Antimo Abeso também estiveram entre os perdoados. Em Junho
de 2005, foram raptados na Nigéria por responsáveis da Guiné
Equatorial, com a conivência de responsáveis da Nigéria, juntamente com
Felipe “Pancho” Esono, quando viajavam para o Benim. Os três foram
depois levados para a prisão de Black Beach em Malabo e aí mantidos
incomunicáveis durante vários anos. Foram acusados da tentativa de
derrubar o governo e julgados à revelia num tribunal militar em Setembro
de 2005. Considerados culpados, foram condenados a 20 anos de prisão.
Apesar de se saber que foram mantidos incomunicáveis na prisão de Black
Beach, as autoridades negaram que estivessem detidos e justificaram a
sua ausência no julgamento com o facto de alegadamente não se
encontrarem no país. A Amnistia Internacional demonstrou a sua
preocupação com o rapto, com o julgamento injusto e a tortura infligida a
Antimo Abeso e Felipe Esono e fez campanha para que as autoridades
reconhecessem a detenção, realizassem uma investigação ao seu rapto e
tortura e para que os prisioneiros tivessem acesso a tratamento médico,
às suas famílias e a advogados. Foram libertados mais 15 presos
políticos ao abrigo do perdão, que tinham sido condenados em Fevereiro
de 2004 a longas penas na prisão por alegada tentativa de derrubar o
governo. Estes indivíduos foram também torturados para os forçarem a
confessar.
Também
várias mulheres foram detidas sem acusação ou julgamento desde Outubro
de 2010, no seguimento da fuga de dois presos políticos da prisão de
Evinayong. Entre eles encontram-se Angustia Raquel Mangue Obiang,
mulher de um dos prisioneiros que escapou, que está em regime de
incomunicabilidade e que segundo relatos foi torturada; e Maria
Auxiliadora Moyong, mulher do indivíduo que as autoridades afirmam ter
conduzido o carro no qual os prisioneiros fugiram, e o seu filho bebé de
14 meses.
É
este o país que, acenando às Mota-Engil, Teixeira Duarte e outras
empresas, onde não se fala português e que nem sequer usou o português para anunciar ao seu povo a entrada na organização, entrou na CPLP em nome da “diplomacia económica”, e pela mão de Xanana Gusmão, ironia do destino. Depois da
inépcia em lidar com a questão da Guiné Bissau, e do relativo
desinteresse do Brasil e Angola pela organização, esta mais não servirá no futuro que
para alimentar alguns burocratas africanos e portugueses, vestidos em
lojas de marca no centro de Lisboa, e fazendo da lusofonia uma realidade
política irrelevante e completamente dispensável, não só no quadro
bilateral como no contexto da comunidade internacional.Hoje tive vergonha que Cavaco e Passos fossem os líderes do meu país, prontos a aceitar qualquer enxovalho vindo de países no limiar dos Direitos do Homem e para quem a dignidade se mede em notas ou barris de petróleo.A CPLP morreu.
Sem comentários:
Enviar um comentário