segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Os reis de Portugal pelo buraco da fechadura


Tirando D. Pedro V, de quem não se conhecem casos, e que terá morrido virgem, bem como sua esposa, Estefânea, os nossos últimos reis eram particularmente atraídos pelo sexo oposto.
De D. Fernando, que terá tido vários casos ( com uma corista francesa do desaparecido Teatro D. Fernando, Pauline Chevalier, uma costureirinha francesa do Chiado, Charlotte Hanriot, além de Elise Hensler, com quem depois casou morganaticamente e fez condessa), até D. Manuel II, vários são os casos de que a petit histoire nos deixou registo.
D. Luís I, após o nascimento do infante D. Afonso, teve as suas aventuras. D. Luís teve várias amantes descaradas, que andavam atrás do seu dinheiro. Amigo  da   boémia  e  muito  mulherengo,  olhava  intencionalmente  para  as  damas  nas  corridas  de  cavalos,  nas  touradas  e  teatros.  Sob  o  pseudónimo  de  Dr. Tavares,   escapulia-se  de  noite  na  companhia  do  Dr.  Magalhães  Coutinho,  médico  do  paço  e seu secretário  particular,  para  se  encontrar  com  as  amantes.  Dessas  aventuras  amorosas,  destaca-se  a  que  manteve  com  Rosa  Damasceno,  célebre actriz da época.  Com  base  na  interpretação  do seu  testamento,  é  de  crer  que  o  rei  tenha  tido  também  uma  relação   com  uma  mulher  de  nome  Marina  Mora,  e  que  um tal Pedro  Luiz  Antonio  Pretti  fosse  o  fruto  desses  amores;  se  assim  não  fosse,  estranho  seria  o  facto  do  rei  português  lhes  deixar  a  terça  parte  da  sua  fortuna,  o  que  constituía,  sem  dúvida,  uma  pesada  quantia  que  não  seria  seguramente  legada  senão  a  pessoas  muito  íntimas  do  rei,  que  inexplicavelmente   não   contempla   naquele   documento,   nem   o  pai,   o   rei   D.   Fernando,  nem  sua   esposa, Maria Pia de Sabóia.
Esta  tinha  conhecimento  das  aventuras  amorosas  do  marido, mas  condescendia,  denominando-as  com  benevolência  "divertimentos  de  fóra  de  portas".  No  entanto,  há  alusões  ao  facto  do  rei  D.  Luís  levar  ao paço  da  Ajuda,  pela  calada  da  noite,  pelo  menos  a   actriz   Rosa   Damasceno.  Perante  a   situação,  certa vez a  rainha terá  tapado  com  um  lenço  de  rendas  o  buraco  da  fechadura  do  aposento  onde  a  amante  do  rei  era  recebida.
Também D. Carlos usufruiu do sexo feminino. Quando ia para Cascais de férias, era frequente vê-lo na Boca do Inferno, onde amíude ficava à conversa com as donzelas e as damas. Das suas aventuras, conhecem-se casos com a condessa de Paraty, a viúva de César Viana de Lima e a condessa da Guarda. O caso mais conhecido e ao mesmo tempo misterioso terá sido o que terá tido com uma tal Maria Amélia Laradó e Murcia, com quem teve uma filha, nascida a 13 de Março de 1907 (Maria Pia) baptizada em Madrid, no Hotel Paris, com o seu nome registado como progenitor. 
D. Manuel, como filho de D. Carlos, não podia também deixar de ter as suas aventuras. Em 1909, durante uma visita oficial, conheceu em Paris no teatro Capucines a actriz e bailarina Gaby Deslys com quem teve uma relação duradoura, que foi pública, tendo-a trazido a Sintra e Lisboa em Março de 1910, e ficando mesmo alojada no Palácio das Necessidades.A oferta de um colar de pérolas de 70.000 dólares foi mesmo reportada pela assanhada imprensa da época, incluindo a americana. A rainha mãe, D. Amélia, não gostava nada desta relação e tinha medo que D. Manuel tivesse intenções de ter uma vida amorosa tão intensa como a do pai. Depois de deposto, em 1910, continuaram a ver-se em Londres, mas D. Manuel acaba por casar em 1913 com Augusta Victória de Hohenzollern- Sigmaringen, e Gaby continuou a espalhar glamour e a ter casos amorosos, acabando por morrer prematuramente com um tumor na garganta, em 1920, aos 38 anos.
 Gaby Deslys, a amante de D. Manuel II

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