Tirando D. Pedro V, de quem não se conhecem casos, e
que terá morrido virgem, bem como sua esposa, Estefânea, os nossos últimos reis
eram particularmente atraídos pelo sexo oposto.
De D. Fernando, que terá tido vários casos ( com
uma corista francesa do desaparecido Teatro D. Fernando, Pauline Chevalier, uma costureirinha francesa do Chiado, Charlotte Hanriot, além
de Elise Hensler, com quem depois casou morganaticamente e fez condessa), até D.
Manuel II, vários são os casos de que a petit histoire nos deixou
registo.
D. Luís I, após o nascimento do infante D. Afonso,
teve as suas aventuras. D. Luís teve várias amantes descaradas, que andavam
atrás do seu dinheiro. Amigo da boémia e
muito mulherengo, olhava intencionalmente para
as damas nas corridas de cavalos, nas
touradas e teatros. Sob o pseudónimo
de Dr. Tavares, escapulia-se de noite
na companhia do Dr. Magalhães Coutinho,
médico do paço e seu secretário particular,
para se encontrar com as amantes.
Dessas aventuras amorosas, destaca-se a que
manteve com Rosa Damasceno, célebre actriz da
época. Com base na interpretação do seu testamento, é de
crer que o rei tenha tido também
uma relação com uma mulher de
nome Marina Mora, e que um tal Pedro Luiz
Antonio Pretti fosse o fruto desses amores;
se assim não fosse, estranho seria o
facto do rei português lhes deixar a
terça parte da sua fortuna, o que
constituía, sem dúvida, uma pesada quantia
que não seria seguramente legada senão
a pessoas muito íntimas do rei, que
inexplicavelmente não contempla
naquele documento, nem o
pai, o rei D. Fernando,
nem sua esposa, Maria Pia de Sabóia.
Esta
tinha conhecimento das aventuras amorosas
do marido, mas condescendia, denominando-as
com benevolência "divertimentos de fóra
de portas". No entanto,
há alusões ao facto do rei D.
Luís levar ao paço da Ajuda, pela
calada da noite, pelo menos a actriz
Rosa Damasceno. Perante a situação,
certa vez a rainha terá tapado com um lenço
de rendas o buraco da fechadura do
aposento onde a amante do rei era
recebida.
Também D. Carlos usufruiu do sexo feminino. Quando ia
para Cascais de férias, era frequente vê-lo na Boca do Inferno, onde amíude ficava à
conversa com as donzelas e as damas. Das suas aventuras, conhecem-se casos com a condessa
de Paraty, a viúva de César Viana de Lima e a condessa da Guarda. O caso mais
conhecido e ao mesmo tempo misterioso terá sido o que terá tido com uma tal Maria Amélia Laradó e Murcia, com quem teve uma filha,
nascida a 13 de Março de 1907 (Maria Pia) baptizada em Madrid, no Hotel Paris,
com o seu nome registado como progenitor.
D. Manuel, como filho de D. Carlos, não podia também deixar
de ter as suas aventuras. Em 1909, durante uma visita oficial, conheceu em Paris no teatro Capucines a actriz e bailarina Gaby Deslys com quem teve uma relação duradoura, que foi
pública, tendo-a trazido a Sintra e Lisboa em Março de 1910, e ficando mesmo alojada no
Palácio das Necessidades.A oferta de um colar de pérolas de 70.000 dólares foi mesmo reportada pela assanhada imprensa da época, incluindo a americana. A rainha mãe, D. Amélia, não gostava nada desta relação e tinha medo
que D. Manuel tivesse intenções de ter uma vida amorosa tão intensa como a do
pai. Depois de deposto, em 1910, continuaram a ver-se em Londres, mas D. Manuel
acaba por casar em 1913 com Augusta Victória de Hohenzollern- Sigmaringen, e Gaby continuou a espalhar glamour e a ter casos amorosos, acabando por morrer prematuramente com um tumor na garganta, em 1920, aos 38 anos.
Gaby Deslys, a amante de D. Manuel II
Gaby Deslys, a amante de D. Manuel II
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