Hoje é dia
de S. Martinho, ocasião para falar da extinta e histórica freguesia de S.
Martinho. A extinção da freguesia, por agregação com Santa Maria e S. Miguel e
S. Pedro de Penaferrim, centralizando a sede da nova União das Freguesias de
Sintra em Santa Maria e S. Miguel, constituiu um acto impensado e atentatório
da vontade dos seus fregueses, que, no mínimo, deveriam merecer a consideração
de uma justificação adequada, decorrente de estudos sérios e participados que
levassem a essa conclusão, e que fosse objecto de auscultação da população,
pela pronúncia favorável dos seus órgãos próprios ou pela convocação de um
referendo local. Deveria ser assim, nas democracias. Nesta não. Até porque não
foi dada a oportunidade de exercer o contraditório, por audiência aos
interessados, apenas tendo havido pronúncia das assembleias de freguesia pela
não extinção ou agregação em abstracto.
S.Martinho,
da Vila a Janas e de Galamares a Nafarros, construiu uma identidade ao longo de
décadas em torno das suas festas, símbolos, colectividades e património. A ela
se dedicaram autarcas como Noel Cunha, Álvaro Ramires, João Pedro Miranda,
Adriano Filipe ou Fernando Pereira, nela se situam várias das instituições
emblemáticas de Sintra. Com os anos, foi das poucas freguesias que viu a
população crescer, ampliou e modernizou instalações e serviços e dinamizou a
acção social, pelo que o mínimo exigível seria o reconhecimento do trabalho
feito por autarcas de várias cores mas com uma só camisola. Com a agregação,
que muitos contestaram mas hoje já esqueceram, não foi S.Martinho quem mais
perdeu, foi Sintra, o poder local e a democracia. Não por medo do
"outro", dos actuais dirigentes, das freguesias vizinhas ou da perda
de identidade, mas, sobretudo, por a voz do seu povo ter sido abastardada e
tratada como vã e inútil. Quem subestima o povo tarde ou cedo lhe ficará às
mãos (ou aos votos...).A saga continua, e por vezes a História repete-se, quem
sabe.
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