quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Um ano sem Maria Almira Medina


Passa agora um ano, morreu Maria Almira Medina, a decana da vida cultural sintrense. Escritora, poeta, caricaturista, filha do fundador do Jornal de Sintra, António Medina Júnior, durante muitos anos dominou o panorama local como batalhadora pelas causas dos artistas e da escrita. Ainda jovem, cantou na primeira edição do Baile das Camélias, em 1941, na Sociedade União Sintrense, e em 1954 recebeu o 1º Prémio Nacional de Caricatura.
Conheci-a em 2006, e em 2007 participou no III Encontro de História de Sintra, organizado pela Alagamares, com uma apaixonada intervenção evocativa duma figura esquecida de Sintra, o Carvalho da Pena, comunicação impressiva pela forma como nos guiou pela memória dum passado, que foi seu e nosso também.

Associada da Alagamares desde quase a sua fundação, a Menina Girassol, nome de um dos seus livros mais aclamados, connosco participou desde 2006 na campanha cívica pelo restauro do Chalé da Condessa, e dedicado ao qual escreveu um inspirado poema, lido em 2008 perante umas dezenas de activistas e frente ao então abandonado e esventrado Chalé da Condessa d’Edla, campanha felizmente levada a bom porto, apesar de já na altura passar dos oitenta. Recordo a sua figura pequena, mas firme, passando a corrente que impedia o acesso ao local e que prontamente passámos, apesar de proibido, com um juiz de Direito a encabeçar os “insurrectos”
Maria Almira é um exemplo para as novas gerações e a Alagamares teve ocasião de lhe prestar uma singela homenagem durante uma das suas oficinas de teatro orientadas por Rui Mário, grande figura do teatro em Sintra, e durante a qual textos seus foram representados dramaturgicamente perante uma Maria Almira emocionada.

A memória é uma rosa aberta, escreveu ela um dia. Para perpetuar essa rosa, e em nome da memória, por que não criar um prémio literário com o nome de Maria Almira Medina?


 

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