Fazer pontes, não muros, eis a diferença genética entre quem deseja uma democracia que seja cada vez mais inclusiva e participada e os que visam segregar, acicatar contra o Outro, dividir e abrir brechas.
Na próxima sexta-feira, um
Doutor Strangelove maléfico aterrará em Washington prometendo desenterrar os
medos e apelar ao pior da natureza humana: o racismo, a xenofobia, o poder do
dinheiro, o desprezo pelo semelhante, apregoando um mundo visto da tribuna imperial e
ameaçando com leões contra os novos mártires, sejam eles mexicanos,
utentes sem seguro de saúde, mulheres ou minorias étnicas. Godzilla aterra na Casa Branca, porventura futuro bordel de prostitutas caras, falcões belicistas e
magnatas da finança, governando-se em vez de governar.
Como chegámos
até aqui? Pavlov explica. Dê-se um osso ao cão- seja a miragem do emprego, da segurança
ou da supremacia duns perante os outros- e, obediente ,este salivará. Assim foi
com Hitler, e com a recuperação da Alemanha humilhada em Versalhes e Weimar, ou
com muitos líderes populistas que falam o que os outros querem ouvir, apelando ao
mais negro da natureza humana. Porque os muros, mais que proteger, isolam, e se não
deixam entrar, também não deixam ver para fora. Impor um cordão sanitário e uma
quarentena sobranceira faz tábua rasa de 200 anos de racionalismo e de evolução
civilizacional, dum mundo que se quer de iguais perante a lei e perante as oportunidades,
e não de caudilhos totalitários e providenciais, por mais que as hordas ululantes
os aplaudam e sigam. Eis-nos na hora do homo
lupus.
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