É hoje generalizado o uso das redes sociais, seja por figuras públicas, marcas, políticos ou o mais anónimo dos utilizadores. Estar ligado na rede é fazer prova de vida, voyeurismo, combate à solidão, descarga de ódios e emoções ou tão só repetição de informações. Paradoxo dos paradoxos, estar na rede, se é um estado avançado da comunicação, é ao mesmo tempo traduzido por cada vez menos se falar com o vizinho do lado, o amigo ou o colega e se estar de olhos pregados no ecrã, seja do computador, tablet ou smartphone a “cuscar” a vida dos outros, denegrir, ou somente a dizer um aflito “estou aqui” para atenuar a solidão. Estranho mundo novo onde se grita no silêncio do dedilhar, como se premindo esse gatilho virtual os outros soubessem da nossa existência. Assim é hoje em muitos domínios: dantes, punham-se anúncios no jornal quando falecia um parente, agora coloca-se na rede e recolhem-se os emojis e smileys correspondentes, as ementas dos restaurantes estão online, a vida de cada um é pública e publicada, desde o prato do almoço ao gato brincalhão, a bravata contra o clube rival ou a busca de encontros amorosos.
O mundo como
o conhecemos hoje é feito dessa nova realidade que é a democratização do acesso
à informação, mas também a possibilidade de perversão totalitária que a sua
manipulação pode originar, reproduzindo mentiras como se de verdades se trate,
inventando factos e acicatando rivalidades. Veja-se como realidades
completamente díspares como a propaganda do Daesh ou a eleição de Trump
beneficiaram dessa ferramenta letal, que doutrina os novos fanatismos na época
da dita pós-verdade.
Numa
conferência recente, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook lançou algumas
previsões relativas ao futuro das redes sociais nos próximos dez anos. As
principais tendências, na sua perspectiva são que para lá do crescimento
exponencial dos utilizadores, será mais provável que o envio de mensagens se
faça via fotos e SMS e que os antigos web interfaces percam a viabilidade, uma
comunicação avançada e sem distrações. Os meios alternativos de envio de
mensagens, também estão em evidente expansão. Por exemplo, a Whatsapp já
ultrapassou as SMS em número de mensagens enviadas. O Snapchat, mecanismo de
comunicação através de fotografias momentâneas, também cresceu exponencialmente
tendo agora cerca de 100 milhões de utilizadores.
Na
perspectiva de Zuckenberg, nos próximos 10 a 15 anos, haverá uma nova
plataforma, ainda mais natural e ainda mais entranhada nas nossas vidas que os
telemóveis, algo que possamos vestir ou usar que será tão natural como usar
óculos e que nos fornecerá um contexto do que se está a passar no mundo, da
realidade em redor. Seremos então meros chips controlados por quem dominar as
redes, em teias onde conviverão de modo predador as novas aranhas e as
minúsculas moscas, à mercê do totalitarismo tecnológico que nos orientará desde
a escolha política até ao abastecimento do frigorífico. Do Admirável Mundo Novo
a caminho do Perturbante Mundo Novo…
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