Não, a Troika não é uma dançarina de Leste dum qualquer night-club de Lisboa, nem é já o gerontocrático Politburo que dirigiu a União Soviética no tempo de Brejnev. Esta troika com que diariamente nos atazanam os ouvidos, são só uns senhores a quem pedimos dinheiro emprestado e que misericordiosos o fazem à taxa amiga de 5,7%, deixando instruções sobre como gastar o dinheiro, isto na crença de que sempre que o fizeram noutros lados resultou e os países melhoraram.
Sejamos claros: o FMI é uma instituição vocacionada para as crises de pagamentos, um regulador criado após Bretton Woods e seu resquício de má fama, tido como o Godzilla dos desgovernados. Só que se Godzilla assustava e dominava, também destruía tudo à sua passagem. Já os nossos “amigos” da EU apenas "ajudam" por obrigação, com medo do contágio. No fundo, a coisa é tão simples quanto isto: nós empresta-mo-vos dinheiro, em tranches, e vocês fazem esta dieta, não para serem um país melhor e voltar a crescer mas para ver se ao menos sacamos o necessário para nos pagarem de volta. Submissos, os nossos políticos, reúnem com eles meia hora duas vezes, a “negociar” profundamente o draft que já traziam alinhavado (se tivessem negociado sabiam o conteúdo antes de ser distribuído...) e agitam o papão de só eles estarem em condições de cumprir, candidatos a capatazes, pois se não cumprirmos, a troika má vem e castiga. Os defensores do povo disputam assim o papel de melhor aliado da troika, a quem, dos que não cumprirem, os outros irão lampeiros fazer queixa, ocupantes Junots e Beresfords do século XXI. No Brasil de Belém, um D. João VI de Boliqueime e sua Carlota Joaquina observam sem intervir, que não podem, claudique o país mas respeite-se a Constituição.
A tal troika pensou na fuga de capitais, no branqueamento ilícito ou nas off-shores sorvedoras? Não, que se pode afugentar os potenciais investidores. Assim como assim, o povo já está habituado, no cinto português há mais furos que cinto para apertar. Os municípios querem discutir o seu futuro com critérios de respeito pelas populações e tendo em vista reduzir assimetrias? Não, juntem todos ao molho para reduzir as despesas, Évora com Setúbal, Faro com Almodôvar. Os funcionários são parasitas, há que desparasitar, esquece a boa da troika também ela ser uma troika de simples funcionários, que os chefes nem se deram ao trabalho de cá vir assinar, deixando a tarefa a meros chefes de serviços, que durante três semanas puseram um país em sentido e os políticos da praça de língua de fora. Se é certo que é preciso o dinheiro e há que pagar, um pouco mais de dignidade seria de esperar dum país com novecentos anos, onde os fundadores já muitas voltas devem ter dado no caixão. Almada Negreiros dizia que Portugal era um país óptimo, só que tinha um problema: o pior de Portugal eram os portugueses. Sem alinhar com os novos Vencidos da Vida nem com as acampadas generosas mas utópicas, tenhamos um pouco de decência, e encaremos os problemas a sério e com competência. Ao invés de acenar com miséria que aí vem em sucessivas e fartas jantaradas de campanha e pindéricas arruadas anunciando a chegada do circo à cidade, façam menos ruído e não brinquem à política. Façam-na. A sério.
A tal troika pensou na fuga de capitais, no branqueamento ilícito ou nas off-shores sorvedoras? Não, que se pode afugentar os potenciais investidores. Assim como assim, o povo já está habituado, no cinto português há mais furos que cinto para apertar. Os municípios querem discutir o seu futuro com critérios de respeito pelas populações e tendo em vista reduzir assimetrias? Não, juntem todos ao molho para reduzir as despesas, Évora com Setúbal, Faro com Almodôvar. Os funcionários são parasitas, há que desparasitar, esquece a boa da troika também ela ser uma troika de simples funcionários, que os chefes nem se deram ao trabalho de cá vir assinar, deixando a tarefa a meros chefes de serviços, que durante três semanas puseram um país em sentido e os políticos da praça de língua de fora. Se é certo que é preciso o dinheiro e há que pagar, um pouco mais de dignidade seria de esperar dum país com novecentos anos, onde os fundadores já muitas voltas devem ter dado no caixão. Almada Negreiros dizia que Portugal era um país óptimo, só que tinha um problema: o pior de Portugal eram os portugueses. Sem alinhar com os novos Vencidos da Vida nem com as acampadas generosas mas utópicas, tenhamos um pouco de decência, e encaremos os problemas a sério e com competência. Ao invés de acenar com miséria que aí vem em sucessivas e fartas jantaradas de campanha e pindéricas arruadas anunciando a chegada do circo à cidade, façam menos ruído e não brinquem à política. Façam-na. A sério.
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