A crise económica que se faz sentir não se reflecte só nas carteiras ou na segurança dos empregos, afecta também valores essenciais para a democracia como a pluralidade de opiniões e a diminuição de espaços de informação e debate das ideias. São menos livros que se editam, menos jornais que se publicam e compram, com isso diminuindo os espaços para o debate e afirmação de ideias e o plural escrutínio dos decisores e das decisões, ocasionando um verdadeiro défice democrático, filtrado pela opinião dominante e dominadora dos que conseguirem escapar. A crise económica, tolhendo a imprensa e a liberdade de opinião também mata e desvaloriza a qualidade da democracia.
A ditadura da Verba, eterna inimiga do Verbo reflecte-se em menor espaço para o debate ou afirmação de ideias ou tendências, para uma imprensa local anémica e esbracejando para sobreviver, e com isso afectando a qualidade das decisões, por falta de espírito crítico e atento da comunicação social local e da sociedade civil. Quantos jornais regionais e locais sobreviverão no final desta crise? Estará a opinião publicada reduzida à blogosfera, novo espaço de liberdade mas igualmente, por não escrutinada, arriscado espaço de libertinagem, quando usado por motivos pouco éticos?
Vivem-se dias de chumbo, e se pode parecer consolador o discurso vencido da vida de que as crises são oportunidades, corre-se igualmente o risco de ver toda uma geração que pensa e tem ideias e as quer exprimir ir ao fundo agrilhoada num bloco de cimento gizado pelas troikas do nosso descontentamento.
Quantos jornais locais, gratuitos ou pagos sobreviverão no final desta crise? E editoras? E rádios? E a liberdade de opinião e divulgação que não se mede no PIB das estatísticas mas pesa no ranking das liberdades, enriquecendo as sociedades e tornando-as por essa via mais abertas? A anomia e a sociedade dos indiferentes espreitam perigosamente, afogando a Sociedade Aberta pela qual tanto se pugnou nos últimos decénios, quando o céu era o limite.
Quantos jornais locais, gratuitos ou pagos sobreviverão no final desta crise? E editoras? E rádios? E a liberdade de opinião e divulgação que não se mede no PIB das estatísticas mas pesa no ranking das liberdades, enriquecendo as sociedades e tornando-as por essa via mais abertas? A anomia e a sociedade dos indiferentes espreitam perigosamente, afogando a Sociedade Aberta pela qual tanto se pugnou nos últimos decénios, quando o céu era o limite.
É difícil denunciar o poder quando se depende do anúncio institucional para pagar a despesa, denunciar o patrão abusador quando é precisa a publicidade do seu stand, dizer mal do restaurante quando este paga uma página de anúncios, e sobretudo, manter um quadro de colaboradores quando uma imprensa dinâmica, de investigação e ao serviço da comunidade precisa de carros, gasolina, vencimentos, impressoras, rotativas, criativos. Ou então, ceder á informação tablóide e mercenária, fútil e bajuladora, promotora de vaidades ou interesses inconfessáveis. A Liberdade, tolhida pelo livro de cheques, já conheceu melhores dias.
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