O 25 de Novembro
foi mais um evento na disruptiva história do PREC que a 25 de Abril de 1974
devolveu a liberdade ao povo português, desencadeando uma série de fenómenos
enquadrados por falta de vivência democrática durante 48 anos e por Portugal,
num quadro de Guerra Fria, se ter tornado palco para experimentalismos
ideológicos, mais ou menos utópicos, que hoje, pousada a poeira, se viu terem sido
explosivos, e poderiam ter feito resvalar o processo democrático ainda em fase
de consolidação.
Para quem
viveu o período, porém, a triunfarem os intuitos de ambas as partes político-militares
em confronto, tanto poderíamos ter-nos tornado num regime populista de
esquerda, caudilhista e terceiro-mundista, como um regime onde a esquerda teria
sido eliminada, com retorno a situações de 24 de Abril. Prevaleceu o bom senso
de Melo Antunes, de Costa Gomes, de Mário Soares, e também, não é de mais realçá-lo,
de Ramalho Eanes, Otelo e Álvaro Cunhal, que, sabendo ler a conjuntura, puseram freio aos
militares mais impulsivos, evitando o triunfo uma extrema direita vingativa.
Sem o bom
senso de todos, o regime iniciado em 25 de Abril poderia ter soçobrado ali,
espicaçado que foi pela maioria silenciosa spinolista em 28 de Setembro de 1974
e pelos raids aéreos contra o RALIS em 11 de Março de 1975. Contudo, em paz e pluralismo
conseguimos chegar a 2 de Abril de 1976 e à promulgação duma Constituição
democrática, a eleições legislativas e presidenciais livres e à normalização
democrática.
O 25 de Novembro foi o analgésico duma catarse de dezoito meses de explosão descontrolada, mas não resultou, felizmente, no resultado que alguns militares pretendiam, e que passava por eliminação dos partidos de esquerda e imposição duma visão segmentada do país e do regime.
O 25 de Novembro foi o analgésico duma catarse de dezoito meses de explosão descontrolada, mas não resultou, felizmente, no resultado que alguns militares pretendiam, e que passava por eliminação dos partidos de esquerda e imposição duma visão segmentada do país e do regime.
Lembro bem
esses dias, das manifestações dos SUV e do sequestro de Pinheiro de Azevedo e
da Constituinte, do recolher obrigatório em Lisboa e da cisão politico–militar
entre moderados e radicais. Mais que uma fação, triunfou a razão e o bom senso,
e acima de tudo a democracia, que não sendo um sistema perfeito, é pelo menos o
menos mau de todos.
Quem hoje
escava num passado que não viveu, erguendo supostas bandeiras, sabe que o 25 de
Novembro serviu para reiterar o 25 de Abril, e não para o enterrar ou desvirtuar. E a
História é o que é, por muitas voltas que se pretenda dar para a maquilhar ou
deturpar.
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