Ser adepto dum clube desportivo e da
organização local do apoio a esse clubismo é igualmente uma realidade
desafiadora, sobretudo se em comparação com a do associativismo cultural e
cívico, como tem sido a minha de há muitos anos.
Como é por muitos sabido, sou
sportinguista de há muitos anos, e desde o ano passado integro o grupo fundador
e órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal em Sintra. Sociologicamente, é
uma realidade distinta, porquanto a emoção suplanta a razão muitas vezes e a
noção de pertença, mais que por matrizes culturais ou ideológicas se faz de
imediato pela simples exibição de um cachecol, uma bandeira ou um cântico.
Foi na designada mesa K1 do bar
Saloon, em Sintra, que um grupo de amigos começou a juntar-se para ver jogar o
Sporting, e aí, semana após semana, as devoções tornaram-se amizades e um
impulso fundador apossou-se dum punhado de sintrenses que não mais parou até
que um espaço foi adquirido, se lançou mãos à obra, para dar à luz do
dia a nova casa do Leão.
O lema do Sporting é Esforço,
Dedicação, Devoção e Glória.
Esforço bem patente na singeleza e
abnegação dos voluntários que em pouco mais de 2 meses denodadamente realizaram
a obra, com destaque para os contributos de Daniel Silva, Nuno Silva, João
Aguiar, Rui Feixeira, o André e a Patrícia, o João Ribeiro e a Bárbara, o
Bernardo, o José Nascimento, o David Cabral, o Luís da Rosa, o Jorge, e muitos que se têm vindo a juntar, sendo os associados para lá da centena, em pouco tempo.
Dedicação expressa em horas de trabalho,
sofrimento e entrega por parte de uns “doidos da cabeça” que "não quiseram
ficar em casa”, e assim deram horas da sua vida para honrar as cores e o legado
de Travassos, Joaquim Agostinho, Damas, Yazalde, Moniz Pereira, Figo ou Carlos
Lopes, ícones do Sporting e de Portugal.
Devoção nos cânticos, na fé, na
crença e na paixão inexplicável que um estranho sentimento de pertença a todos
convoca, despertando amizades improváveis e solidariedades sem contrapartida
num imenso altar de verde e branco.
Glória por um passado honroso, um
presente com planeamento e um futuro promissor, com condições financeiras, de
infraestruras e talentos que garantem um Sporting moderno, pujante, vencedor e
sempre na luta.
Com a fundação do Núcleo de Sintra,
um grupo de adeptos dispõe-se a levar mais longe e mais alto o espírito e garra
do nosso clube, para em conjunto gritar as vitórias, de braço dar ânimo nas
derrotas, do sofrimento fazendo força e da unidade fazendo um trunfo, uma arma
e um desígnio. Há contudo que mobilizar para a distribuição de tarefas,
articular melhor a realidade dos núcleos com a máquina de Alvalade, articular
normas para a venda de bilhetes e merchandising, ponderar a realidade que são
os sócios dos núcleos que não são simultaneamente sócios do SCP, e sobretudo,
tornar uma realidade diária o diálogo do clube com os quase 300 mini estádios
de Alvalade que de norte a sul do país quando não podem acompanhar o clube nas
suas diversas modalidades, sofrem e cantam, derramam cerveja e bifanas, roem as
unhas e entreolham-se com orgulho e raça, abraçando-se no fim sempre que a
vitória nos sorri ou cumplicemente dando força e alento quando o resultado é
menos bom.
Um traço de união envolve todos estes
tipos de associativismo: a vontade de construir Comunidade, fazer pontes,
entrelaçar objectivos e dessa disruptiva aventura tribal fazer um desígnio que
serve para a vida colectiva e para a nossa maneira de com paixão nos
envolvermos.
Este fim de semana decorreu em Viseu o
Congresso dos núcleos do Sporting, afirmação de vitalidade e demonstração de
como este é um clube nacional e intergeracional, de homens bons e fibra
vencedora. E Sintra marcou presença, e deixou ideias, sinal de que o núcleo de Sintra veio para afirmar esta realidade em Sintra, mas para ser diferente, generoso, criativo e com vontade de inscrever massa crítica e empenho. Com a equipa que temos,outra coisa não poderia ser...
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